✿ drunk ✿

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[n/a]: obrigada por lerem minha história. amo muito vocês x

(...)

É sexta-feira e eu estou em uma boate, mas eu não estou enxergando as coisas com muita clareza; acredito que já bebi mais ou menos cinco doses de vodca, o que talvez explique toda a minha alteração. Há duas moças sentadas em meu colo e elas estão se esfregando em minhas pernas de um modo que chega a ser nojento, mas eu as empurro no mesmo momento em que meu relógio apita, indicando-me que já são duas horas da manhã e que está hora de voltar para casa. Foi quase impossível escutar o apito por conta da barulheira presente no lugar onde me encontro, mas eu consegui por pura sorte e agora estou cambaleando para fora deste lugar malcheiroso e demasiadamente movimentado.

Me encosto em um muro e olho para os lados, pegando meu celular logo em seguida para conseguir discar o número que nunca fugirá de minha mente, por mais que eu tenha bebido um pouquinho. Devo provavelmente estar atrapalhando o sono de Zayn e de Niall ou até mesmo a foda deles, mas a verdade é que eu não me importo em nenhuma destas duas situações; era eu quem deveria estar no lugar daquele loiro maldito, de qualquer forma. Enquanto espero meu amigo atender, estreito os olhos para ver se algum táxi já está por vir e quase caio para trás ao levar a mão à testa na tentativa de proteger meus olhos dos faróis dos carros.

"Que diabos, Styles! São duas horas da manhã." Zayn resmunga antes mesmo de eu falar alguma coisa e eu rio arrastado. "Você está bêbado, não é, seu animal?"

"As coisas têm sido assim desde que você me deixou." Digo e não recebo resposta por alguns segundos. Vejo um carro amarelo aos fundos da avenida e estico meu braço para o lado quando ele se aproxima, no que o veículo diminui a velocidade aos poucos.

"Você fala como se eu não te amasse mais." Zayn retruca e eu sorrio novamente, mesmo sabendo que ele não irá me ver. "Enfim, você vai arranjar alguém um dia."

"Eu não quero ninguém, porra. Eu só quero meu melhor amigo de volta." Digo, entrando no táxi que para em minha frente.

"Vá para casa, Haz. Você está mal." Ele diz e eu posso notar o sono e o cansaço em sua voz.

"Promete que vai me colocar para dormir?" Pergunto, arrancando algumas notas do meu bolso para entregar para o taxista.

"Prometo." Responde, mas parte de mim sabe que ele não vai cumprir sua promessa. Escuto uma voz fina do outro lado da linha chamar por Zayn e encerro a chamada, pois não quero que o meu melhor amigo divida sua atenção entre um adolescente vagabundo e eu. Ou eu tenho tudo ou eu não tenho nada.

"Qual é o seu destino, meu senhor?" O taxista, um velho magrelo e com a barba por fazer, questiona. Esforço-me para recordar o nome do condomínio onde moro, mas não consigo o fazê-lo agora

"Apenas... me leve para o condomínio mais foda da cidade. É um nome francês, eu acho." Digo e ele dá de ombros, bebericando o café do copo plástico em suas mãos antes de dar partida no carro e seguir o caminho. Torço para que ele saiba de qual edifício estou falando, caso o contrário ficarei muito aborrecido.

Sinto meu estômago revirar ao longo do caminho e tenho ânsias, provavelmente por conta do meu consumo excessivo de vodca esta noite. Visto o quão mal pareço, o taxista me entrega um saco de papel, mas eu recuso, pois não vou passar pela humilhação de vomitar na frente de um estranho. Em exatos dez minutos, chego ao meu condomínio e entrego o dinheiro para o homem, sendo que ele me deseja uma boa madrugada - mal sabe ele, coitado, de que isso só vai se realizar caso eu abra a porta do meu apartamento e encontre Zayn em meu sofá.

Enquanto pego o elevador, sentindo o mundo girar ao meu redor, tenho certeza de que apertei o botão errado, mas pouco me importo com isso; eu só quero o meu melhor amigo. Me sinto tão sozinho em uma noite de sexta-feira, enquanto ele está lá, dormindo com um loiro falso que possui um nome estranho. Começo a sentir raiva e aperto todos os botões do ascensor com força, mas, por algum milagre, as portas se abrem instantes depois mesmo com toda a minha brutalidade.

"Zayn!" Grito, cambaleando pelo corredor. Chamo seu nome o mais alto que consigo umas três vezes enquanto ando pelo corredor, que parece não ter fim. Será que aquele taxista desgraçado me deixou no prédio certo?

Antes que eu possa fazer qualquer coisa, mãos seguram meu pulso e eu suspiro de alívio.

"Jesus, você parece mal. Vou te levar para casa, vamos." Ele diz e posso notar que sua voz soa um tanto receosa. Sou guiado até o interior do elevador novamente e então passo a acariciar seu cabelo, pois estou muito feliz de saber que ele cumpriu sua promessa. Quando as portas do último andar se abrem, ele me guia até a porta do meu apartamento e eu o entrego a chave.

Sem soltar meu pulso em momento algum, ele me leva até o quarto e eu me deito, sentindo o cheiro gostoso de lavanda em meus lençóis. É bom estar em casa. Ele apaga as luzes e fecha as cortinas, mas ainda assim posso ver seus olhos na escuridão do quarto. Percebo que estes brilham de um modo que nunca vi antes, o que faz eu me perguntar se Zayn andou chorando.

"Preciso ir." Sussurra e é a minha vez de segurar em sua mão.

"Passe a noite aqui, por favor, Zee." Peço, fazendo carinho em sua mão, que parece estar... menor? Posso estar bêbado, mas é notável que algo está muito errado com o meu melhor amigo.

"Só alguns minutinhos, está bem?" Ele diz e eu assinto, no que ele me cobre com o edredom que está sobre a cama. "Sabe, senhor, as noites foram feitas especialmente para dizermos coisas que não podem ser ditas no dia seguinte." Fala baixinho e eu suspiro, não entendendo muito bem onde ele quer chegar com isso.

"E o que você tem a me dizer, uh?" Pergunto e o escuto respirar fundo.

"Que eu não vim buscar leite no apartamento do senhor por acaso." Diz e eu arqueio a sobrancelha. Céus, Zayn está estranho demais hoje. "Boa noite, s-senhor Styles." Murmura e deixa o quarto, encostando a porta.

Adormeço, pois não estou em boas condições para pensar agora.

honey pie ✿ l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora