3 - Patrice

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Naquela manhã, tudo parecia estranho. Ricky acordou com a cabeça extremamente pesada, depois que Cody quase o esmurrara. A claridade por entre as janelas sem cortinas o deixava atordoado e com sua visão ofuscada. Ele olhou para as paredes, mas estavam como sempre estiveram, madeiras limpas com algumas casas de aranha penduradas.

– Cara, você morreu e ressuscitou? – Perguntou Cody. – Eu quase tive que jogar você dentro d'água! Estou te chamando há muito tempo, Ricky. Você dormiu a que horas, mano?

Ele não se lembrava de que horas dormira, de fato, mas respondeu instintivamente.

– Acabei demorando um pouco, desculpe. Fiz você perder alguma coisa? Acho que já está tarde. Partiremos em quanto tempo?

– Acho que em 30 minutos. O café da manhã já saiu do refeitório, Claire separou uma refeição para você, agradeça a ela. O trem já está na estação e, teoricamente, já devíamos estar levando nossas malas para lá. Porém, ignore, apenas se apronte o mais rápido possível, cara. Você perdeu o horário!

– Certo. – Confirmou Ricky.

Cody saiu do dormitório pouco tempo depois. Imediatamente, Richard examinou as paredes, atrás dos desenhos da noite passada, mas nada conseguiu achar. Não havia vestígio nenhum, não havia nenhuma espécie de formato transparente, nem tinta que brilha no escuro ou adesivo. As paredes permaneciam intactas. Aquilo o deixava mais aflito sobre o que havia acontecido, talvez fosse uma armação de Diego, mas o que ele teria contra Ricky para fazer isso? Ou fosse apenas pela comicidade do medo, talvez? Era algo que ele não podia saber sem perguntar para o provável autor daquelas peripécias.

Richard, rapidamente, tomou um banho e vestiu-se. Tinha que sair do Acampamento em breve e já devia estar na estação de trem com sua mala, pronto para ir embora. Ele saiu do dormitório puxando a mala de rodinhas e uma pesada mochila com alguns utensílios dentro, além de roupas sujas. O Acampamento já estava bastante vazio, a maioria dos participantes já se encontravam no ponto de ir embora. Claire, Li e Sidney o esperavam próximo a uma árvore central, que ficava de frente para o refeitório.

– Achei que havia morrido, Ricky! – Gritou Claire enraivecida, antes mesmo que ele chegasse perto deles.

Ele simplesmente ficou cabisbaixo como um gesto de lamentação, não podia se desculpar em nada.

– Fiquei seriamente preocupada. Ontem você estava estranho e hoje não aparece. Você sabe o que eu pensei? Podia, pelo menos, se preocupar um pouco comigo, eu me preocupo com você demais. Deveria pedir desculpas, quase tive um infarto por causa de você! Estou chateada, Ricky. – Reclamou Claire, suas sobrancelhas estavam arqueadas e seus olhos lacrimejantes, além de sua voz falhar por emoção.

Quando ele se aproximou mais, ela o abraço com força, como se nunca mais quisesse soltar. O que Claire sentia por Richard era além de uma amizade simples, era quase uma relação de profunda dependência um pelo o outro, o que levava ela a ter preocupações sérias sobre o estado do amigo.

– Lamento, não foi por querer. Simplesmente, perdi a hora... – Mentiu. – E dormi demais. Cody disse que você guardou comida para mim, estou com muita fome. Afinal, onde está ele?

– Cody atrasou o tempo dele por sua culpa, está arrumando as coisas dele para poder partir. Acho que ele não conseguirá ir no mesmo trem que nós, os mais atrasados partem no último, iremos no penúltimo. O Capitão Fred já está nos enchendo o saco há muito tempo para irmos logo, mas insistimos em esperar por você. – Contou Li.

Claire retirou de dentro da bolsa um pacote e deu para Ricky, que logo tratou de desembrulhar e achar dentro algumas rosquinhas, sanduíches pequenos e um pedaço de bolo. O rapaz comeu vorazmente, quase nem respirava, a fome estava o matando por dentro e ele estava a matando por fora.

A Saga Scion - O Diamante NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora