Verde, azul, verde e azul.
Como as sépalas que cobrem a belíssima flor, assim era o verde que cobria o azul. Uma coroa segurava a outra. Era verde e azul, verde e azul. Verde tomava por fora e segurava o que havia por dentro, azul. Em determinados momentos, o verde e azul se beijavam e uniam-se, confundiam-se em seus pontos belos e coloridos.
A circunferência. Dourada. Ouro. Brilhava como um ouro polido, brilhante e belo. Das imaginações tantas, a circunferência dourada brilhava em meio ao verde e ao azul. Verde e azul, azul dentro do verde, ambos rodeados da circunferência dourada e áurica.
Como diâmetro horizontal, braços. Dois braços dourados e bem delineados, desenhados com aptidão, anatômicos. Reais como reais, anatômicos como médicos, perfeitamente alinhados, porque são projetados para isso.
De repente, os braços moveram-se. Formando novos braços. Braços acima, braços abaixo, dois raios e dois braços. Anatômicos, mostravam a evolução do homem e o que ele realmente é. Dourado e áurico, belo e sublimemente profundo.
Das oníricas artes, o pensamento se doma por não ser domável a si próprio. E encontra-se perdido no próprio desfrute de sua mente. Dentro da áurica roda, pernas nascem anatomicamente anatômicas. Eram pernas, duas, dois raios, perfeitamente alinhadas, muito bem idealizadas e tomavam-se pela perfeição do infinito. Aqueles que contemplam a beleza do corpo, acham o porquê de tudo. Contempla-se assim a Criação e a Vida, o Homem em função do Criador.
Das pernas, novas pernas, acima e abaixo. Projetadas, não reais, assim como os braços foram projetados e não realizados. A anatomia agora se unia ao corpo, tórax e abdômen, força e ação, respirar e pulsar, digestão e propulsão. Sangue e fezes. Fezes e sangue. Do ar marítimo ao ar do torpor que contamina o homem e o destrói. Só faltava o mais belo e preciso parafuso do perfeito corpo anatomicamente anatômico.
O racional. Racionalmente racional por razão do racionável racionado. Razões que se perdem em meio de uma só razão, porque não há razão tão racional como a Verdadeira Razão. A cabeça encaixou-se sobre o corpo e o corpo tomou a cabeça, não porque um tinha a função do outro, mas porque sem cabeça um corpo não é anatômico e com cabeça um corpo é um ser, dotado de Verdade e Ação, Razão e Propulsão, além de uma máquina inteiramente morta por si própria, porque não há vida sem racionalmente saber-se que há realmente.
Vitruviano era o homem. Polarizado em sua perfeita loucura de ser perfeito anatomicamente e racionalmente perdido em sua tão racional forma de pensar e ser, agir e completar a Verdade do mundo.
– Richard Black... Richard Black... Richard Black...
Chamava uma voz ao fundo, tomada por um tom misterioso. Parecia com a voz que o chamara no lago, isso o deixava desconcertado por não saber o que estava acontecendo, será que estava ficando louco? Ele tinha completo domínio e entendimento racional sobre o sonho.
– Richard Black, quem é você?
Ele passava as mãos por seus cabelos negros e coçava seus olhos cinzas. Sentado no chão verde e azul, que tinha uma aparência similar à de uma galáxia, várias estrelas e uma massa diluída no universo. Pressionava seu tórax contra suas pernas, passando seus braços pelas frentes delas, que estavam com os joelhos flexionados, e as puxando para próximo de si. Era como se fosse um feto dentro da barriga da mãe, embora aquele não fosse um lugar tão seguro como este.
– Eu... não sou ninguém, saia daqui! – Gritou ele rapidamente, sem nem mesmo retirar a cabeça de entre as pernas.
– Você precisa saber, Richard Black. Você não é quem pensa ser, você precisa ser corrompido pela Verdade e a Verdade te libertará! Richard Black, a hora chega e a Verdade se abrirá, quer você queira, quer você não queira. – Disse a voz convincentemente, seu discurso era encantador.
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A Saga Scion - O Diamante Negro
Fantasía"A Verdade vos libertará!" Quando coisas estranhas começam a acontecer na vida de Richard, nada mais faz sentido e tudo se perde em uma tremenda farsa diante de seus olhos. Ele descobre que sempre viveu em uma mentira e está finalmente desperto de u...