A Saga Scion - O Diamante Negro

7 - Gemas

Cedo do dia, as primeiras linhas de luz ultrapassaram os buracos das cortinas e se revelaram aos olhos de Richard. No início, elas não incomodavam, mas com o entardecer e com o erguimento do Sol, elas ficaram mais fortes e incisivas, levando o rapaz a despertar.

Quando se levantou, Dem não estava mais em sua cama, o quarto permanecia silencioso e agradável. Ele ficou em pé e dirigiu-se ao banheiro, onde havia uma escova de dentes, shampoo e um sabonete esperando por ele, além de uma toalha, acompanhada de um bilhete de Demétrius.

"Arrume-se, deixei estas coisas para você. Quando terminar, desça para a sala que conversamos ontem. Estaremos tomando café lá, só seja rápido, temos que ir o mais cedo possível para a Corte. Atenciosamente, seu amigo Demétrius! "

Richard tomou banho e pegou uma roupa que Demétrius também havia deixado em cima da cômoda. Ele a vestiu e olhou-se no espelho, contemplando a beleza estranha das vestes. Dem havia sido generoso, pois não havia pegado algo muito forte, mas, simplesmente, uma vestimenta mais suave para Ricky. Era um blazer negro, acompanhado por uma blusa de botões branca por debaixo, uma gravata de laço vermelho-escuro, uma calça negra e sapatos sociais com uma fivela grande dourada. Era um paletó comum para os dias, mas, ao olhar bem, havia uma estampa de vários timões cinza-escuro bordados. Scions e seus gostos, pensou. Ao terminar de vestir-se, ele desceu pelas escadas e se dirigiu à sala.

A sala continuava do mesmo jeito do dia anterior, mas com menos pessoas. Restava apenas Dem, sentado na ponta dela, lendo um jornal minuciosamente, com os cotovelos repousando em cima da mesa; e do outro lado, Tina, catando feijões com duas bacias enormes. A criada era muito pequenina, tinha menos que a metade da altura de Richard, suas mãos eram delicadas e tinha um rosto sofrido. Seus cabelos eram curtos e castanho-claro acompanhado de olhos de mesma cor. Ela vestia um vestido de botões verde-escuro, com um avental de plástico por cima e, cobrindo os cabelos, um lenço amarrado.

– Bom dia! – Cumprimentou Richard aos dois.

– Até que enfim, Bela Adormecida! – Dem perdeu a atenção no jornal e levantou o olhar para Richard. – Sente-se. Tina trará o seu desjejum. Espero que goste de torradas, patê de frango e ovos. Mais cedo tinha quiches de amora, mas você não apareceu. Estava uma delícia.

Tina deixou os feijões em cima da mesa e foi até a cozinha, que ficava além de uma pequena porta no canto da sala. Ela entrou por um algum momento.

– É, perdi a hora. Desculpe se atrasei os seus planos.

Dem sorriu.

– Quem me dera que Freya fosse tão ciente de seus atrasos como você!

Tina trouxe com muito cuidado uma bandeja com vários pratos. Um com pães, outro com um pequeno montinho de patê, outro com uma quiche de amora, outro com ovos, além de um recipiente com manteiga e um copo com leite.

– Vejam só, ainda sobrou uma quiche?

– Sim, guardei para o Sr. Richard. – Respondeu Tina com sua voz, fraca e doce.

Demétrius fez uma cara de espanto e ainda bateu no ombro de Ricky com um pequeno tapa.

– Vejam só! Tina gostou bastante de você, Sr. Richard. Creio que alguém aqui vai poder comer o que quiser!

– Pare com essas insinuações, Sr. Demétrius. – Pediu a criada. – Estou apenas fazendo meu trabalho. A Sra. Giana pediu para que eu guardasse.

Richard olhou sorridente para Tina, que ficou desconcertada, voltando ao seu serviço por cima dos caroços de feijão.

– De qualquer forma, obrigado por tudo, Tina. – Ela apenas respondeu com um balançar de cabeça, era tímida demais. – Demétrius, acha que – disse, virando-se para Dem – ela conseguirá apoio popular?