6 - Scions

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A sensação do teletransporte era horrível, mas fazia que Richard sentisse em seu corpo uma vitalidade imensurável, como se ele nunca tivesse chegado ao ápice do seu bem-estar corporal. Aquilo o fazia achar que tinha alguns efeitos placebo na mente e, talvez, o que estava vivendo servisse como um para os seus sentidos. Demétrius o levou até uma rua deserta e um pouco escuro. Havia apenas um poste de luz bem sobre a cabeça deles e piscava de vez em quando. No fim da rua, havia outro, onde alguns cachorros brigavam e grunhiam.

Ele leu a placa do estabelecimento diante deles: O Corsário. Parecia um lugar sem graça, quase falido e com uma frequência lastimável, mas Ricky preferiu não questionar nada com o novo amigo misterioso. Ele não sabia nem o que dizer, sua vida estava tão desregulada que nada do que achasse fazia realmente algum sentido ou tinha alguma importância, pois tudo iria mudar radicalmente mais uma vez mesmo. Ele preferia manter sua mente limpa de qualquer conclusão ou pensamento, tudo estava mudando muito rápido.

– O que sentiu? Foi bem para a primeira vez em teletransporte. – Disse Demétrius, enquanto soltava um sorriso plástico.

– É. Senti meu corpo revigorado. É normal também? – Perguntou Ricky inocentemente.

Demétrius o encarou por breves segundos antes de proferir alguma palavra. Parecia que tinha dúvida sobre o que responder, o que o forçou a pensar bastante antes de dar qualquer conclusão precipitada ao iniciado.

– Acontece. Já ouvi relatos de alguns membros falando sobre essa revigorada que sentem no início de seu Abraço. Suas células estavam famintas por energia da Égide, é altamente normal. É como se tivessem funcionando em seu estado mínimo até ontem e, agora, finalmente puderam tomar o ritmo normal. Entende?

Ricky acenou com a cabeça, confirmando que havia entendido.

A porta do Corsário abriu e dela saiu um casal estranho, eles se beijavam e se batiam ao mesmo tempo com tapas e murros. Demétrius empurrou Ricky pelas costas, forçando-o a entrar no local.

Era um bar sem sal. Com várias mesas de madeira e pesadas cadeiras de mesmo material, com alguns trogloditas embebedados. Garçonetes seminuas andando com bandejas cheias de canecas e garrafas de bebidas. Na lateral, havia um largo balcão com várias prateleiras lotadas de garrafas de vários tipos de bebidas alcóolicas. No fundo do salão, havia algumas mesas verdes com homens jogando cartas, além de sinucas. Por detrás das sinucas, havia uma escada que levava ao piso superior.

Demétrius sussurrou no ouvido de Ricky discretamente e depois saiu costurando entre as mesas e cumprimentando com olhares e balançares de cabeça àqueles que se encontravam no recinto:

– Apenas me siga! Só acene com a cabeça e sorria, não olhe para lugar algum!

Os homens eram muito mal-encarados e se comportavam como porcos. Bebiam canecas cheias e gigantescas de alguma bebida que aparentemente se parecia com cerveja ou vinho. Todos se curvavam para olhar a dupla de rapazes, o que deixava Ricky desconfortável. Ricky fez o que Demétrius havia pedido, apenas acenava com a cabeça para as mesmas pessoas que o companheiro acenava. Não ousava olhar para o lado, apenas seguia, tensamente, os passos do scion mais experiente.

Em uma das últimas mesas do mar de mesas, estava um homem barbudo e careca. Ele usava jaqueta de couro, tatuagens expostas e uma argola no nariz, tinha cheiro de cerveja e seu bafo fedia a chorume. Era tão grande que seus dedos eram da grossura de linguiças e seus braços pareciam barris. Ao ver Ricky, ele se levantou rapidamente interceptando-o. Richard esbarrou nele e se separou de Demétrius, que prosseguiu caminho sem se dar conta de que o amigo havia ficado para trás, impedido de passar. O homem soltou um longo suspiro de raiva que intimidou profundamente as bases desequilibradas e inseguras de Ricky.

A Saga Scion - O Diamante NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora