Visita inesperada

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Robson (Pai da May)

Hoje eu vim à casa da minha filha vê-la e desejar a ela um feliz aniversário, eu sei que não sou exatamente o melhor pai do mundo e também que nunca fui muito presente na vida dela, mas eu sinceramente estou tentando melhorar quanto a isso, eu já fiz minha filha e ex-mulher sofrerem de mais por minha causa, eu estou mudando porque não quero partir desse mundo sem me redimir com minha filha, ao menos. Eu a amo, apesar de não demonstrar isso.

Eu sei que sempre deixei o dinheiro ser minha prioridade acima de toda e qualquer coisa, mas, devido alguns acontecimentos, eu ando priorizando outras coisas, como minha família. Hoje, por ser aniversário da minha menina, seria o início.

Assim que cheguei a frente à casa, meu motorista abre a porta para mim. Eu desci e pedi para ele me esperar, passei pelo jardim e cheguei a porta. Apertei a campainha e fui atendido pela dona Socorro. Eu devo muito a essa mulher.

- Oi, senhor Robson, quanto tempo! - Me cumprimentou Socorro. - Como o senhor está? Veio falar com dona Elizabeth? - Perguntou.

- Oi, dona Socorro. Estou muito bem sim, realmente faz um tempo que não venho aqui. E não, vim ver minha pequena que já não é mais tão pequena assim - Respondi com um sorriso. - Onde ela está? - Perguntei a procurando.

- A May está com a mãe dela na sala de jantar, tomando café. - Explicou. - Me acompanhe, por favor. - Pediu.

Eu acompanhei dona Sosô até a sala de jantar, assim que cheguei lá vi a cena mais linda de todas: Minha filha estava radiando de alegria junto com sua mãe, nunca vi minha filha tão feliz... Como pude perder tantos momentos como esses na vida dela? Estou me sentindo um merda, um nada. Quando ela me vê suas feições mudam totalmente, ela parece assustada ou até mesmo triste quando me vê.

- Oi, minha filha. - A cumprimentei com um sorriso, o qual ela não retribuiu.

- Olá, senhor Robson, como o senhor está? - Disse, sem sorrir.

Eu odeio quando ela me chama desse jeito, desde que fui embora ela nunca mais me chamou de pai. Eu entendo seus motivos, fiz muito mal a minha filha.

- May! Fale direito com seu pai! - Advertiu Elizabeth, ela sempre tentou fazer a May entender os motivos pelo qual nos separamos, mascarando ao máximo as coisas, mas sei que May não é mais criança.

- Mas eu não falei nada de mais, apenas estou cumprimentando esse senhor. - Suas palavras saíram como ácido, enquanto falava olhando diretamente em meus olhos - Bom, vou deixar vocês a sós e porque tenho plena certeza de que ele veio falar com você, mãe. Estou indo esperar as meninas na sala. - Disse, indo para a sala sem olhar para trás.

Antes que ela saísse, me posicionei em sua frente, interditando sua passagem. Ela me encarou com a sobrancelha arqueada.

- Não, não vim falar com sua mãe. - Disse, me explicando. - Vim falar com você, filha.

- Primeiro, eu não tenho nada para falar com você. Segundo, me dê licença, e terceiro, você não tem mais o direito de me chamar de filha. - Disse com total acidez nas palavras. Eu sei que ela tem total razão e também sabia que não ia ser nada fácil conversar com ela.

- Filha, por favor! - Pediu Elizabeth. - Deixe seu pai falar com você ou ao menos o escute. Depois você vai esperar suas amigas. - Elizabeth diz, tentando interceder e parece que conseguiu, pois May voltou para o seu lugar na mesa e olhou para mim.

- Está bem, vou ouvir o que ele tem a falar. Você tem trinta minutos. - Me advertiu, impaciente.

- Obrigado, filha. - Agradeci sorrindo, mas May continuou séria. - Prometo que serei rápido, sei que hoje é seu aniversário e você deve ter planos.

- Você lembrou que tem uma filha e que ela faz aniversário, meus parabéns! - Me parabenizou ironicamente. - Quem foi que te lembrou? Claro, porque tenho certeza que sozinho não foi. Por que não mandou sua secretária comprar um daqueles presentes caros e um cartão com uma frase sem graça e mandar para mim? - Perguntou cada vez mais irônica e impaciente. - Assim você não teria que se dar o trabalho de vir aqui. Como todas as outras vezes. - Ela falou com um sorriso irônico.

- Por favor, deixe seu pai falar, e tente entender o lado dele. Você não deve tomar partido das coisas sem antes saber o que realmente aconteceu. E muito menos tomar minha dores, meus problemas com seu pai são nossos, não têm nada a ver com você. - Elizabeth diz tentando interceder mais uma vez. - Eu vou dar licença para vocês dois poderem conversar a sós.

- Não, Elizabeth. Fique. O que eu tenho para falar é para as duas. - Elizabeth apenas assentiu e se sentou em seu lugar.

- Eu sei que fiz muita coisa errada com vocês... Com a nossa família. Mas eu quero consertar o que fiz de errado, apesar de tudo eu amo vocês. Eu sei que nem tudo vai voltar a ser como era antes, mas eu quero tentar. Claro que se você, Elizabeth, me aceitar de volta. Eu juro que eu vou mudar, eu estou tentando ao máximo! - Disse um pouco sentimental e então me virei para May, que continuava sem expressão alguma. - Você, minha filha. Eu quero me aproximar de você, claro, se você deixar - As duas estão me olhando atônitas depois do que eu acabei de falar.

- Você não acha que está um pouco tarde demais para querer consertar as coisas ou se aproximar de mim? - Respondeu irritada. - Ter uma família perfeita, igual aquelas dos comerciais de margarina? - Dizia irritada.

Eu sei que ela tem todo o direito de reclamar, mas bem que ela podia me ajudar! Porra, eu estou tentando mudar! Caramba, já estou a ponto de perder a paciência, outra coisa que tenho que aprender a controlar.

- Eu não estou dizendo que quero uma família perfeita, apenas quero me aproximar de vocês e tentar consertar meus erros e, para isso, eu acho que nunca é tarde demais. E, minha filha, por favor! Tenta entender meu lado e facilitar as coisas, vamos recuperar o tempo perdido.

- E você acha que é fácil assim eu esquecer tudo o que você fez? - Começou a dizer aumentando o tom de voz. - Mas não é! E quer saber? Eu já cansei de ficar ouvindo esse discurso chinfrim, pega ele e enfia no seu cu! - Ela gritou e se levantou, saindo da sala de jantar.

Eu fiquei atônico devido ao que eu acabei de ouvir, olhei para Elizabeth que estava de cabeça baixa, apoiando-a nas mãos com os cotovelos em cima da mesa. Eu sabia que não ia ser fácil, mas nunca imaginei que ela reagiria assim.

- Dê um tempo para ela digerir isso tudo, ela está confusa e chateada com você, mas daqui a pouco isso passa. - Disse levantando a cabeça e suspirando. - May não é tão rancorosa assim, ela já esperou tempo demais para ouvir essas palavras de você, até eu mesma esperei tempo demais. O que te fez mudar de ideia?

Eu sabia que ela perguntaria isso, Elizabeth me conhece melhor do que ninguém, como pude ser tão burro a ponto de deixar uma mulher dessas escapar? Meu Deus...

- Certas... - Dei uma pausa tentando encontrar a palavra correta. -... Circunstâncias me levaram a perceber que eu estou vivendo uma vida de merda. E isso me fez refletir sobre algumas das merdas que eu fiz no passado, por isso esse mudança "radical". - Expliquei me sentando em uma cadeira.

Meu Aniversário de 18 Anos (retirado)Onde histórias criam vida. Descubra agora