Capítulo Três

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Eu passo o dia no automático. Trabalho incansavelmente para bloquear a confusão de sentimentos que estou no momento. Eu não posso deixar que eu volte a ser a Alice de antes. Eu venci tudo que passei. Sou uma sobrevivente e continuarei sendo.

Como sempre Natalie invade minha sala sem bater ou pedir licença. Eu já não ligo mais. É até engraçado todo o drama que ela sempre faz. Ela se larga na cadeira e dispara.

_Olha, eu não ia te contar, mas eu sou sua melhor amiga e tenho obrigação de dizer.

Paro de digitar e olho pra ela esperando por uma explicação.

_Sou toda ouvidos.

_Então, se você realmente está a fim do Rafael eu acho melhor você agir rápido.

Agora ela tem toda a minha atenção.

_O que aconteceu? Como você mesma diz: "está me matando de curiosidade."

Ela suspira e rola os olhos em deboche a minha imitação.

_Ok, eu vou contar mesmo depois de você debochar descaradamente de mim. Eu fui pegar um café, já que pedi umas trezentas vezes para a Mari e ela me ignorou totalmente. Chegando na cozinha, eu quase caí pra trás com a cena que eu vi.

Ela para de falar e espera por uma reação minha. Eu faço um movimento com as mãos para que ela continue. Ela continua me olhando, mas nada diz. Eu suspiro.

_Você vai me fazer implorar pela resposta?

Ela ri antes de dizer.

_Talvez um pouco...

Faço cara feia e ela finalmente continua.

_Ok, sem torturas. Voltando a história antes que você mate. Eu vi a Mari igual uma sanguessuga pra cima do pobre Rafael. Mais um pouco e ela teria enfiado a língua na garganta e sem pudor nenhum.

Toda a fúria que eu tinha tentado apaziguar volta como um vulcão. Levanto tão rápido que derrubo alguns papéis.

_Só me diz uma coisa. Eles ainda estão na cozinha?

Natalie está tensa quando balança a cabeça afirmativamente. Saio quase correndo em direção da cozinha, mas quando chego lá Mari está sozinha. Ótimo!

_Mariana!!

Dou bastante ênfase ao nome dessa vadiazinha para que ela tenha medo de mim. Ela leva um susto e derruba a bandeja que estava segurando.

_Credo Alice! Você quase me matou de susto.

Dou um sorriso maléfico e designado para estes momentos.

_Talvez essa fosse a minha intenção. Ouça bem porque eu não vou repetir, se eu souber que você anda se engraçando pra cima do Rafael, eu vou te botar daqui pra fora. Você sabe que posso fazer isso.

Ela pisca várias vezes e vejo que está tremendo. Eu sei, estou agindo como uma cadela, mas preciso defender o que é meu. Outra vez estou tomando Rafael como meu. Fico esperando sua resposta que não vem.

_Estamos entendidas?

Ela está suando quando responde com um sussurro.

_Sim, estamos.

Eu sorrio mais ainda.

_Ótimo!

Digo isso e saio para o acerto de contas com um nerdizinho paquerador.

Um Nerd pra chamar de MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora