Capítulo 02

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     Corri o mais rápido que pude.   Corri sem olhar para onde estava indo.
     Ainda estava correndo desesperadamente quando me bati com alguém e caí sentada no chão. Eu ainda estava zonza quando o desconhecido pegou a minha mão e me levantou.
- Você está bem? - disse ele.
     Ele era loiro e tinha olhos azuis eletrizantes.
- Sim, estou bem... me desculpe.
- Não prescisa se desculpar! Eu estava destraido! - falou passando a mão nos cabelos.
Ele olhou pra mim e para as minhas bolsas e perguntou:
- Está... atrasada pra algum lugar?
- Não... bem... eu...
- Está fugindo. Ah, super normal! É sua primeira vez? - disse sorrindo.
- Você diz como se ja tivesse feito isso! - eu disse retribuindo o sorriso.
- Claro que eu ja fiz!
- Ah... meu nome é Anne Write! O seu é...
- Peter! Peter Grace.
- Prazer! - eu disse estendendo minha mão.
- O prazer é todo meu senhorita! - ele disse apertando a minha mão.
- Então... tenho que ir...
- Para onde? - ele disse sorrindo.
- Não sei. - digo colocando a mão no rosto.
- Se quiser pode almoçar comigo! Eu ia adorar ter companhia!
- Certo senhor Peter! - digo sorrindo.
- Certo senhorita Anne! - ele diz me conduzindo para um restaurante proximo.

                          ★

- Então... sua história. - disse ele após de dar um gole em seu suco.
- Minha história... ok. Vivi a vida inteira em Nova York. Vivia em um orfanato e aos 3 anos fui adotada por uma mulher...
- Nome?
- Amélia. Ela sofria muito. O filho dela tinha sido morto pelo proprio pai.
- Trágico.
- Então, aparentemente ela prescisava de alguém para cuidar e amar, e esse alguem fui eu. Um ano depois disso. Ela se casou com um homem chamado Carlos, ele tinha um filho mais velho que eu, Matew, tinha 7 anos, enquanto eu nessa época tinha 5 anos. Viviamos super bem. Até que um dia, quando eu tinha uns 11 anos, um palhaço começou a me aterrorizar...
- espera... palhaço?
- Sim. Um palhaço com a maquiagem borrada e com maldade no rosto.
- Ai não.
- O que houve?
- Nada... continue a contar.
- Ta... eu contei o que eu tinha visto para a minha mãe e ela sempre pensou que isso era coisa de criança e que eu estava apenas tendo um pesadelo. E isso se repetiu varias vezes... ontem mesmo eu o vi. E minha mãe pretendia me colocar em um hospicio e por isso eu fugi.
- prescisamos sair daqui.
- O que?
- Ele deve estar por perto. Deve ter te seguido.
- Do que você ta falando?
- Do palhaço. Parece que você não é a unica maluca aqui!
- Oi?
- Eu também o vejo, e se você o viu ontem, ele não deve estar muito longe daqui.
Ele se levantou e me puxou pela mão.
- Mas...
- Fugiremos juntos. Vem.

Peter Chamou um taxi.
- Vamos ir embora daqui! - ele disse.
- Não sei se eu devo acreditar em você.
- Você tem que acreditar. Não posso provar pra você que eu não sou um sequestrador ou algo parecido, você tem que confiar em mim. - ele falou olhando pra mim.
- Certo. Eu confio.
Vi um sorriso aparecer no canto da sua boca.
- Vamos. - ele disse me puxando para dentro do taxi.

E partimos.

                         ★

Eu estava lendo um livro pelo celular, Peter olhava através da janela do taxi, sempre atento.
- E sua mãe? - ele perguntou e me deixou confusa, eu ja havia falado com ele sobre a minha mãe.
- Eu ja falei dela pra você, Amélia, ela me ado...
- Eu sei, eu sei, mas eu quero dizer... a sua mãe biológica. - ele fala me interropendo.
- Eu... não sei muitas coisas sobre ela. So sei que ela ficou grávida de mim durante a adolescência e que o nome dela é Teresa.
- Teresa Write?
- Não, esse é o sobrenome do meu pai! Não sei o sobrenome dela.
- Certo...
- E você? Qual é a sua história?
- A minha história? - ele perguntou levantando uma das sobrancelhas.
- Sim. De onde você vem? Seus pais? Irmãos?
- Cresci em um orfanato.
- Nunca foi adotado?
- Sim, fui, muitas vezes. Mas eu sempre fugia.
- Por que?
- Eu via o palhaço. Todos me achavam louco. As familias me encontravam... e me devolviam pro orfanato.
- Mas... e seus pais biologicos?
- Não gosto de falar sobre meu passado.
- Mas...
- Não. - ele fala olhando pra mim com um olhar severo. - Eu... minha vida foi muito difícil... não gosto de tocar nesses assuntos.
- Desculpa! - falo abaixando a cabeça.
- Tudo bem. - ele fala pegando na minha mão. - você devia dormir um pouco!
- Certo.
Me ajeito no banco e durmo.

                          ★

Não devia ter sido tão duro com Anne, mas ela me fez lembrar do meu passado, meu triste e trágico passado. Me lembrei de minha mãe. Será que ela ainda lembrava de mim?
Eu lembrava de minha mãe. Seu sorriso era como uma brisa de verão, seus olhos claros e brilhantes e seus cabelos dourados. Ela era a melhor pessoa do mundo. Não me lembrava de seu nome, mas me lembrava o apelido carinhoso que meu pai lhe dera: Lu.
Além de lembrar de minha mãe, lembrava também do meu pai. Severo, duro, arrogante, mal e muito possessivo. Ele havia desaparecido e nunca mais voltado. Desde o dia que ele sumiu coisas horriveis começaram a acontecer. Eu era so uma criança, 5 anos, acho, não me lembro bem.
- Peter... - disse Anne esfregando os olhos. - Ja chegamos?
- Ainda não. Devemos chegar em breve.
- Peter... qual a sua idade?
- Que tipo de pergunta é essa?
- Deve ser de maior.
- Sim, eu sou, tenho 18.
- Tenho 16.
- Mas porque, exatamente você me perguntou isso?
- Não sei, acho que isso me faria saber alguma coisa sobre você.
Sorri pra ela e ela retribuiu com outro.
Ela era pálida, cabelos longos e negros, olhos castanhos profundos.
Era bonita.
- Quando eu tinha 5 anos... meu pai foi embora de casa, coisas... estranhas e assustadoras, começaram a acontecer. - falei olhando nos seus olhos.
- Decidiu me contar?
- Sim.
- Que bom. - disse sorrindo. - e sua mãe?
- Espera... ainda não chegamos nessa parte. Eu tinha uma irmã. Ela tinha 6 anos. Uma noite... ouvi um barulho vindo do quarto de minha irmã, e um grito agudo dela e não ouvi mais nada. Fui até o quarto da minha irmã...
- e...
- Não sei se devo te contar. Mas... basicamente... essa foi a primeira vez que eu vi o palhaço.
- E sua mãe?
- Estavamos indo embora. Eu me perdi dela na rodoviária.
- Qual é o nome dela?
- Não lembro muito bem, so lembro do seu apelido, Lu.
- E o seu pai?
- Não gostava dele. Ele... maltratava a minha mãe, batia em mim e na minha irmã.
- Ok! - disse olhando pra mim sorrindo.
- Você é...
- OLHA CHEGAMOS! - ela grita apontando pra janela.
Realmente haviamos chegado. Estavamos no centro da cidade de Nova York... ja era 11:45h e não haviamos comido nada desde as 9h.
- Você quer comer alguma coisa?
- Sim... mas dessa vez por minha conta!
- Claro que não! - falo sorrindo. - um cavalheiro de verdade nunca permite que a garota pague nos encontros!
Ela me olha com uma mistura de surpresa e admiração, e so então percebi o que eu havia falado... encontro.
- Como? - ela fala com um sorriso nos labios.
- An... nada. Vamos.
Ela ri discretamente.
Certo... talvez eu esteja apaixonado... por uma garota que eu conheci a tão pouco tempo... mas isso é impossivel.
"Nada é impossivel", costumava dizer minha mãe.

                         ★

Peter me levou ao McDonald's e comprou um McLanche Feliz.
Nossa tarde não poderia estar sendo melhor.
Estavamos comendo e conversando que nem percebemos quem estava nos observando de longe.
- Peter... o-olha para trás.
- O que? - fala se virando. - ... O Palhaço. Precisamos sair daqui...
- Não, se sairmos... ele vai nos seguir... aqui estamos mais seguros.
- Ele está olhando pra nós ainda?
Olhei novamente... ele havia sumido.
- Ele sumiu.
- Como sempre... sumindo... - ele diz cutucando seu sanduíche.
- Onde vamos passar a noite?
- Em um hotel óbvio!
- E o Palhaço?
- certo... um hotel que dê um revólver de cortesia.
Ele fala se levantando.
- Vamos? - me pergunta estendendo a mão.
- Vamos. - digo dando a mão para ele.





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