Eu via Peter fazendo circulos no quarto enquanto segurava o telefone. O cabelo dourado dele estava bagunçado, de forma que parecia que ele havia tido um ótima noite de sono. Não era essa a realidade. Ele e eu haviamos passado a noite inteira acordados, conversando sobre a vida.
Ele me contara que quando estava no orfanato e ele dizia ver o Palhaço ninguém acreditava, todos achavam que ele era louco. Ele me contou também que uma vez os pais adotivos o levaram para um piscicologo e ele foi diagnosticado com Coulrofobia, que segundo ele é o medo de palhaço. Ele disse que ficou humilhado e zangado. E foi essa a primeira vez que fugiu. Com 7 anos. Uma criança perdida em Nova York. Até ser encontrado e levado para outro orfanato. A partir daí nunca mais falou com ninguém sobre o palhaço.
- Alô? Polícia?... bem, ouve um assassinato. - ele ouviu o policial falar por um tempo e respondeu. - sim, sei quem foi.Peter deu o endereço do hotel e desligou o celular.
- Estão a caminho. - falou.
- Não vão recuperar nossa mãe.
- Sua mãe... e não, não vão... mas vão prender o Palhaço. - ele falou.
- Por que você continua com isso?
- O que? Vingança?
- Não querer aceitar que ela era sua mãe. - falo o encarando.
- Por que... eu vivi em orfanatos a minha vida inteira.
- Eu sei disso e sei que só foi assim por que você fugiu. Agora, me dê um motivo aceitável.
- Não posso me apaixonar pela a minha irmã. - ele falou e eu congelei.
Ele se senta na poltrona que fica de frente para o jardim.
- O que? - pergunto.
- Você ouviu... agora vai me dizer que não é um bom motivo?
- Oh Pitt...
- Pitt? Vai me chamar disso também? - ele fala me interrompendo.
- Apelido carinhoso!
- Nome de cachorro.- Anne!! Anne!! - ouço alguém gritar.
Um ruivo correndo... Matew? Mas... como?
- Anne... - ele entra no hotel e me abraça forte. - Ah, minha irmã!
- Matew!! - começo a chorar.
- Oi... sinto muito pela sua mãe. - Grace fala.
- Grace... você também veio! - abraço ela.
- Matew!! - Peter dá um abraço em Matew, mesmo sem terem intimidade, pareciam amigos de infancia.
- O meu pai nos deixou sair! - Grace fala pulando.
- Isso é otimo!! - Peter fala dando um abraço nela também.
- An... Peter, posso conversar com você em particular?
- Claro... podemos. Venha, vamos pro quarto onde eu estou dormindo. Você pode dormir comigo!
- Claro!- Por que tanto segredo? - pergunto.
- Também não sei. - Grace responde. - pelo que sei... Matew e meu pai tiveram uma conversa antes de sairmos. Ouvi meu pai falando o nome de Peter e nada mais.
- Estranho...
- Ah, eu quero levar flores para a sua mãe. Podemos ir?- Claro... mas não sem mim! - meu pai fala ao entrar no salão do hotel.
- Senhor Carlos? É uma honra poder lhe conhecer pessoalmente... Matew me falou muito bem de você!
- Espera... Matew está aqui?
- Sim, está conversando com Peter!
- Preciso ver ele!
- Pai não... vamos levar flores para a mamãe e depois você fala com ele... o assunto com o Peter deve ser importante. - falo.
- Certo... vamos.★
- Não pode ser...
- É a verdade Peter. - falo.
- Espera... quer dizer que Grace...
- Sim... sua irmã que morreu. Na verdade o nome dela é Rachel, Rachel Grace, mas o Palhaço deve ter convencido ela de usar Grace como nome.
- Calma... meu cérebro vai explodir!
- Calma cara.
- O Palhaço... ele é meu pai?
- Não sei. Com sorte ele pode ter mentido para Grace.
- Rachel.
- Desculpe... Rachel. - corrijo.
- Preciso falar com ela. - ele fala indo em direção à porta.
- Calma Peter... você vai assusta-la e... espera, o que as meninas e... o meu pai, estão fazendo? Olhe! - falo apontando pela janela.
- Não... elas não podem ficar sozinhas... não podem se proteger! - ele vai em direção a porta novamente.
- Mas meu pai está com elas...
- Sim... e ele está entrando em uma depressao por causa da morte da minha mãe... ele não é uma boa defesa... vamos... rápido!
Saímos correndo em direção á floresta.★
Depois de muito correr, chegamos no local e fomos surpreendidos...
As meninas estavam amarradas á uma árvore. Onde estaria Carlos?
- Peter! - Anne gritou ao me ver.
- Anne!! O que aconteceu? - falo correndo até ela.
- Não sei. Nos acertaram na cabeça... Grace ainda está desmaida.
- Percebi isso! - falo desamarrando-a. - pronto. Vamos desamarrar ela.
Matew procurava por seu pai, quando terminamos de desamarrar Grace ele voltou.
- Não o achei. - ele falou indo ver Grace.
- Vai ficar tudo bem, cara! - falo.- Eu não falaria isso com tanta certeza se fosse você! - O Palhaço fala saindo de trás de um arbusto.
- O que você fez com ele? - Matew perguntou.
- Matew? Onde estou? - Grace pergunta acordando. - Ai... minha cabeça... espera, pai?
- Olá querida!
- Pai... o que você fez dessa vez? Por que não pode nos deixar em paz? Você matou uma pessoa... você destruiu uma familia! - ela fala com os olhos marejando.
- Correção, querida: três pessoas. - ele fala e dá um sorriso macabro.
Matew desmorona. Ele ja havia perdido muita gente importante. Sua mãe, sua madrasta... agora seu pai?
- Pai... não... - disse Grace olhando para o Palhaço.
- Ah... só mais uma coisa, queridinha... não me chame mais de Pai. - ele fala sorrindo.
- O que? - ela pergunta.
- Aguentei essa farça por anos. Agora... é a hora dos meus sobrinhos fofos... descobrirem a verdade.
- Sobrinhos? - Grace pergunta.
- Fofos? - eu pergunto.
- Sim... - ele responde sorrindo.
- Do que você está falando? - Anne pergunta.
- Pretende destruir a vida de mais pessoas? - Matew pergunta.
- Garoto insolente, não devia ter contado nada do que lhe disse á Peter.
- O que vai fazer agora? Me matar? Eu... - ele fala deixando lágrimas descerem por seu rosto. - eu ja estou morto.
- Não, menino... só irei contar corretamente.
- O que? - Matew pergunta.
- Sobre o que vocês estão falando? - Grace pergunta.
- Calma Grace... é complicado. - falo.
- Ah, Pitt... as coisas que você sabe... bem... elas não são completamente verdade.
- Espera... Pitt? Peter? A unica pessoa que você ja chamou de Pitt... era o meu irmão... - Grace falou olhando para mim.
- Grace... você é minha irmã! - falo sorrindo pra ela.
- Mas... pensei que estivesse morto. - Grace falou.
- Mas não estou... e... acho que Rachel combina mais com você!
- Ah, Pitt... - ela me abraçou forte.
- Oh... comovente! Reencontro de irmãos... eu poderia até chorar... mas... pensando bem... não vou. - O Palhaço falou.
- Então... você é o meu pai? - Pergunto.
- Não, que nojo! Vocês são meus sobrinhos. - ele fala nos olhando com nojo.
- Sobrinhos? - Rachel pergunta.
- Sim... vou contar minha longa história... - ele fala olhando para a mão. - Bem... eu tinha um irmão mais velho... Robert. Eramos super unidos e amigos. Até que Lucia entrou em nossas vidas... nos apaixonamos por ela, nós dois. Mas... ela escolheu Robert... uma baboseira sobre romantismo e tal. Eu nunca superei. Queria vingança. Quando ela ficou grávida de Rachel... a raiva aumentou. E depois veio Peter... e aumentou mais ainda. O casamento deles ia bem... até que eu tive a brilhante ideia de trocar de lugar com Robert quando ele ia pro trabalho. Eu brigava com Lúcia fingindo ser Robert... tive uma ideia melhor ainda... que tal matar meu irmão... e tomar seu lugar? Foi o que eu fiz... matei-o com um tiro no coração. Seu maldito casamento ja não estava tão bom quanto antes. Ela pediu divórcio e eu aceitei... até por que... era esse o plano, mostrar que ela tinha feito uma escolha ruim. Mas pouco tempo depois, fui falar com ela, como eu mesmo, e ela me dispensou. Falou que eu não era bom, que eu tinha algo mal dentro de mim. Então decidi tirar aquilo que ela mais amava depois do marido... seus filhos... mas não consegui pegar os dois, então peguei só Rachel. Ai vocês perguntam: porque se vestir de Palhaço?... Robert havia dito a mim que seu precioso Pitt era coulrofobico... e é claro... me aproveitei disso. - ele falava, e nós boquiabertos. - enfim... é isso... ah, matei Carlos. Porque? Queria destruir mais um casamento dela. Mais uma familia! E matei ela... por que queria mostrar que eu estava em um nivel maior que ela... que eu não ia mais me rebaixar ao seu nível... claro, eh falei tudo para ela... tudo o que eu havia feito... e é isso crianças... fim!
Vi um revólver no chão... estava carregado... peguei.
- Você... vai morrer como o meu pai. - falei.
- Oh... meu irmão se orgulharia... só não esqueça meu nome: Charles.
Não queria mas o ouvir.
- Peter... não... você é melhor que isso!
- Morra. - falo ao atirar no seu coração.
Ele cai morto no chão. Só aí me dou conta de que eu o matei.
- Peter... - Rachel falou.
- Eu tive que fazer isso... - falo
- Calma... vamos para o hotel arrumar nossas coisas e vamos embora... melhor enterrarmos ele... - Anne fala.
- Certo...Enterramos ele. Voltamos para o hotel e arrumamos nossas malas.
Fomos embora.
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O Palhaço
Mystery / ThrillerAnne levava uma vida normal, até ver Ele. O Palhaço. Sua mãe pensava que ela estava louca e queria coloca-la em um hospício. Anne decide fugir e acaba conhecendo Peter, um rapaz que dizia ser atormentado, assim como ela, por um palhaço aterrorizant...