talvez....

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Eu não sabia o que falar, então permaneci calada, esperando o Calum se manifestar, o clima estranho começava a aumentar me deixando desconfortável como se eu estivesse sendo julgada debaixo do seus olhares inexpressivos.

- Me desculpe. – Essas foram às primeiras palavras que saíram de sua boca e me vi com uma enorme vontade de rir, mas a situação o clima era tão tenso que somente consegui o encarar esperando mais alguma coisa.

- Eu espero que você saiba que "desculpa" não concerta muita coisa. – Ele passou a mão pelo rosto exasperado como se tivesse passado uma conversa em sua mente repetidamente, mas nada estava saindo do jeito que ele esperava. – Você sabe o pior de tudo Calum?

Entendi seu silencio como uma forma de reposta para eu continuar.

- Eu me apaixonei por você. – E tudo que eu não queria que acontecesse estava acontecendo, minha magoa e rancor de mim mesa e dele sobressaindo minha razão, eu ri seca o encarando e olhando para a almofada em meu colo sorrindo triste. – Louco, né? Isso é um daqueles clichês de filme, a garota acha que não vai se apaixonar pelo babaca que todas querem, ela se acha tão diferente que nunca se permiti pensar que ela não é tão diferente assim, o fruto proibido é sempre mais interessante Eva é prova disso, então ela se apaixona e acha que os jeitos galinhas e babacas vão sumir porque ela pode mudar ele, mas ela nunca esteve tão errada assim em toda sua vida, não podemos mudar ninguém, só a nós mesmos. Então ela quebra a cara e o coração, e por causa de uma mentira tudo que foi real se torna uma mentira igualmente.

Seus olhos tinham tantas coisas misturadas e os meus, lágrimas presas.

- Porque você fez aquilo? – Perguntei tentando evitar chorar. – Se você não queria mais nada, era só dizer, seria muito menos doloroso, então eu não consigo entender, parece que seu único plano era me machucar.

- Eu nunca quis te machucar. – Ele disse agora parecendo irritado por eu ter achado tal coisa, os músculos de seus braços se contraíram fazendo as veias em seu antebraço criarem vida.

- Então me responde, Calum! – Falei exasperada, aborrecida e magoada.

Então toda sua feição mudou drasticamente, junto do seu jeito de agir, e eu esperei o pior que não estava longe, sentindo aquele sentimento de morte dentro de mim crescer. Seus olhos inexpressivos e escuros só aumentavam a morte.

- Porque talvez tudo que as pessoas falam sobre mim seja realmente verdade, eu acho que sou um escroto sem coração, devo ter um buraco tão negro quanto os confins da terra, EU NÃO SOU BOM, eu não sou bom o bastante pra você Jasmine, somos dois polos totalmente opostos onde à lei da física cometeu um erro, talvez não nos atraímos no final, eu sinto muito por você ter se apaixonado, eu sinto muito por ter jogado aquela bola, sinto muito por termos nos aproximado, deveríamos ter continuado nos odiando.

Cada palavra doía, uma dor que eu não sabia explicar muito menos como faze-la diminuir, talvez eu estivesse morrendo e não sabia. Eu via como ele tentava segurar todas as lágrimas, algumas escapando e escorrendo pelo seu rosto, era doloroso para os dois, mas ele se mantinha mais forte que eu. Ele limpou o rosto e respirou fundo olhando para o teto. Era como se todas as palavras tivessem desaparecido de minha mente e eu não soubesse falar.

- Não fale essas coisas, você não é assim Calum.

Ele riu pelo nariz, uma risada curta e seca, e me olhou com os olhos vermelhos.

- Não, talvez eu seja.

Balancei a cabeça negando o que ele falava, mas não adiantaria nada pelo seu olhar determinado preso ai rosto, me levantei e me aproximei dele, mas ele se afastou tão rápido, como se tivesse se queimado.

- O que foi que nós tínhamos, acabou, é melhor para os dois.

E sem olhar uma segunda vez ele saiu pela porta. Eu não sabia como reagir, era como todas as emoções que eu tinha, que eu pensava que ia ter se isso chegasse a acontecer, sumissem, e fiquei parada no meio da sala de estar com a tv ligada na introdução de Shadowhunters e o pote de pipoca na mesa, a noção de tempo passou despercebida e só reparei que chorava quando senti lagrimas atingirem meu pé descalço e então eu me sentei no chão e chorei livremente, sentindo toda a dor.

Tudo é um borrão quando choramos, ainda mais de dor seja física ou psicológica, ela tem o mesmo efeito, se não pior, eu literalmente não tinha ideia de como as coisas iam ser dali para frente, não conseguia nem imaginar, me deixei chorar e depois eu resolveria tudo, então acabei dormindo no chão mesmo, até meus pais chegarem em casa e me levarem para meu quarto.

Depois de um longo banho, eu me sentia melhor e menos morta, talvez não era para ser e eu tinha que entender isso, ia demora um tempo. Decedi que no dia seguinte iria falar com as garotas sobre tudo isso, se eu tivesse contado a elas talvez nada disse tivesse acontecido e eu não teria um coração partido para remendar.

Jerk with puppy eyes - calum hoodOnde histórias criam vida. Descubra agora