Os DEZ porquês ..

capítulo 2

Ela estava sorrindo, o dito sorriso de Alanna. Pausei imediatamente o vídeo e depois de recuperado do espanto, análisei a imagem a minha frente, Alanna estáva como de costume, seus cabelos negros presos em um coque, uma bermuda e uma camiseta, ela estava sentada em uma cadeira de madeira no que me pareceu ser o porão, e eu sabia que o brilho de seus olhos por mais tranquilos que pareçam, transpareciam um conflito interno.

Sem mais delongas, novamente dei play. Logo pude ouvir sua voz.

-Bom, eu não sei se você lembra-se de mim, rs- ela diz com um sorriso amigável- eu sou a tampinha que te dá, ou melhor "dava" cola em matemática e física.

Ela ri balançando a cabeça, um riso triste e voltou a falar.

- Eu ainda estava indecisa se gravava ou nao, eu tinha medo de críticas mas ae eu pensei, eu não vou estar aqui pra ouvi-las .
Se você, Peter Mateus Lund está vendo isso é porq eu morri. Nessas fitas que voce tem agora, estam os motivos, os dez motivos pelo qual me matei,
Vou deixar claro q fica a seu critério oque fazer com os dvds, apenas pesso que antes de fazer qualquer coisa, os assista em ordem. Por favor.

Ela dá um longo suspiro e prossegue.

- Como primeiro motivo, não o motivo X, mais é um deles . Como primeiro motivo, deve-se as falsas amizades que tive ao longo da vida, e as mais recentes que sempre me colocavam para baixo, que almejavam de mim mais do que eu tinha .
Sabe à Sabrina, aquela garota, acho que era sua amiga. que conversava comigo no início do ano, pois é, ela me detonou para o único garoto de quem eu realmente gostei, eu a perdoei e essa semana ela quebrou uma pulseira, minha pulseira, ah unica coisa que eu tinha do meu pai.

Seus olhos já cercados por lágrimas.

- Eu não lembro quando foi a última vez que o vi, mais meu pai sempre me fazia sorrir, eu lembro de quando corriamos pela pracinha, quando ele me empurrava no balanço ou quando simplesmente contava-me histórias, ele era criativo! Nenhum conto se repetia.

Ela olhava para baixo .

Pude ouvir quando meus avós chegaram, mais nem liguei e voltei a assistir.

- Ele morreu em um tiroteio a 6 anos mais ou menos, minha mãe queimou todas as coisa dele, apenas me restou a pulseira ... ou ao menos restava, era um pedacinho dele que eu guardava comigo, aquele objeto o tornava mais presente na minha vida . As vezes me pergunto se tudo poderia ser diferente se ele estivesse aqui, mais, Eu nunca vou saber .

Ela levanta aos soluços, faz gestos negativos, vem em direção a câmera e a desliga .

Eu nem me dei conta que eu já chorava, chorava alto. De algum modo eu a entendia, quem diria que eu Peter, o garoto mais babaca da escola, choraria como uma criança de colo ao ver um simples cd.

Não jantei nem levantei da cama aquela noite, eu queria apenas dormir, queria que o aperto no coração afrouxa-se. Quando o sono me tomou, eu desejei que não o tivesse, minha mente era habitada por pesadelos e memórias, tudo direcionado a ela.