capitulo onze

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(02:30)

Calum

Nenhum de nós se atreve a romper o silêncio que eu provoquei, Luke está à minha frente, ambos estamos vermelhos de ter gritado um com o outro, sento-me na cama do loiro e olho para ele.

-Desculpa.-digo, a minha voz parece bater nas paredes e voltar para mim, como um estalo bem forte, não estou habituado a pedir desculpa, não é algo que goste de fazer, acho que herdei isso do meu pai.

-Porquê?-os seus olhos cor do céu penetram os meus, e por uns segundos sinto pena dele.

-Eu nem sei, eu só...eu tenho uma vida complicada, e não quero que discordes, eu sei admitir que tenho, até o meu terapeuta concorda.-rio-me amargamente - e tem sido dificil sabes? Lidar com estes sentimentos todos, processar tudo o que se tem passado e aceitar a morte da minha irmã, é tudo tão confuso e a maior parte das vezes eu nem sei o que sinto, e eu não te quero arrastar para esta confusão que sou eu, que são os meus sentimentos, porque foda-se luke tu mereces melhor, muito melhor. Eu não quero que tu estejas sempre preocupado comigo, com os meus problemas, e eu sei que eles fazem parte de mim e que gostar de algúem também significa gostar das suas partes menos boas, mas eu acho que tu mereces gostar de algúem que não tem partes menos boas, porque tu mereces algúem puro, algúem limpo percebes? Algúem sem traumas e tristesas que não te faça ter medo do que elu poderá fazer.- digo, o loiro senta-se ao meu lado e agarra a minha mão, não a agarra com muita força mas sei que é a maneira dele de me dar um abraço.

-Calum, ningúem é "limpo" isso é um conceito inventado, e honestamente, uma teoria de merda. Todos temos trauma e merdas com as quais temos que lidar, umas mais facéis outras mais complicadas, mas é isso que faz a experiencia humana tão bonita, porque estamos todos no mesmo barco, temos todos vidas e problemas, e não existe nenhuma regra que te force a a passar por tudo isto sozinho. Eu também tenho problemas, também tenho terapia, temos os dois problemas, e no meio de ambas as nossas confusões encontrámos amor.- o rapaz diz, sorrio com as suas palavras e dou-lhe um pequeno encontrão.

-Agora estás só a ser piroso.-rio-me, o rapaz revira os olhos encosta-se a mim.

-Não, eu só acho que tens que parar de achar que és um fardo só por seres humano.-o rapaz diz, sinto algumas lágrimas a cair dos meus olhos e sorrio-lhe, porque eu sei que ele tem razão, mas por vezes é preciso que algúem nos lembre que ser humano e ter sentimentos é normal, e não faz de nós monstros.

-Espera, tu fazes terapia? Não sabia.-digo, o rapaz sorri e anui.

-Tu sabes que eu sofri bullying, isso deixa marcas numa criança, ainda tenho problemas na maneira como me vejo e coisas assim, mas estou a trabalhar nisso, normalmente não falo sobre isso porque honestamente não gosto muito, mas não me importo que tu saibas.-o rapaz sorri, sorrio-lhe de volta e puxo-o para que ele se deite ao meu lado.

-Eu acho que está na hora de irmos os dois dormir.- digo, o rapaz anui e tapamo-nos com o cobertor que defenitivamente não é grande o suficiente para nós os dois, mas não me importo, deito a cabeça na almofada e rápidamente adormeço.

Heaven - 1ª temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora