capitulo dois

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(15:00 )

-Elliot


Entro em casa, tudo está como antes, as paredes estão estragadas, o ar condicionado partido, bocados de comida no chão, garrafas de cerveja partidas, chão molhado. Respiro fundo e subo para o meu quarto, pouso a mochila na minha cama e ligo o rádio. Desço as escadas agarro nos detergentes e vou para a sala de estar. Apanho os cacos das garrafas partidas, apanho a comida do chão, aspiro o chão e passo uma esfregona. Arrumo tudo e suspiro. Volto para o meu quarto e deito-me na cama.
Agarro no meu caderno e relei-o a música que escrevi hoje.


-Another day of painted walls and football on the TV, no one sees me.- cantarolei, tentando ao máximo não fazer barulho.


-Pouco barulho!- reviro os olhos e ponho a música mais alta.


-Vai-te foder!-grito, estou farto de ter que obdecer ao ingrato do meu pai. ele nunca fez nada por mim então porque é que eu sinto que lhe devo seja o que for? Não lhe devo nada.


-Olha que apanhas cabrão!- returque, rio-me baixo e tiro o casaco que tinha vestido.


-Experimenta.-digo, demoro um bocado para perceber o que tinha dito alto e quando dou por mim o meu pai já está à minha frente, ele está todo desanranjado e tresanda a alcoól. Sinto o meu coração a bater mais depressa e um ataque de panico está prestes a começar.

-Diz-me essa merda na cara, vá, valentão, onde está a coragem? - goza. O homem sorri-me, ele gosta de me ver com medo, e eu não sei porquê. 

-Desculpa, falei sem pensar. - sussurro, odeio isto, ter que me rebaixar para minha segurança, um pai não deveria sentir-se orgulhoso de fazer o próprio filho ter medo, mas ele sente.

-És um merdas.-o homem cospe, sinto o seu punho a bater na minha cara e a força leva-me ao chão, sinto sangue a sair da minha boca, os meus olhos ficam molhados, a carpete do meu quarto ganha mais uma mancha, que infelizmente iria demorar a sair. Deixo-me ficar deitado no chão e espero o meu pai sair do meu quarto, levanto-me e sento-me na minha cama. Levo as mãos à cabeça e deixo-me chorar em silencio. Como é que eu me tornei nesta merda? Medo de falar,  não confio em ninguém, não falo com ninguém. Eu não sei quem sou.  Agarro na minha mochila e retiro a embalagem de antidepressivos que o meu terapeuta me deu, observo-a atentamente, 24 comprimidos, 24.  Retiro a tampa da pequena embalagem e olho para o seu interior. Ponho 3 compridos na minha mão, é suposto só tomar um e não misturar com alcóol, mas o que ninguém sabe, ninguém estraga certo?

-Elliot!- ouvi a minha mãe a chamar-me. Guardo os comprimidos na embalagem e a mesma no bolso do meu casaco, desço as escadas e vejo a minha mãe no holl de entrada.

-Tens uma consulta hoje, eu levo-te está bem?-anuo e sigo-a até ao carro.
Entro no carro, ponho o cinto de segurança e encosto a cabeça ao banco, fecho os olhos e espero o carro começar a trabalhar.


Heaven - 1ª temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora