capitulo dezanove

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Calum

Acordo com a luz do exterior a bater na minha cara, lentamente abro os olhos e tento habituar-me à claridade que estava no meu quarto, levanto-me da cama e observo a foto que tenho com Luke que se encontrava na minha mesinha de cabeceira, apesar de odiar tirar fotos, o Luke conseguia sempre convencer-me a tirar umas quantas com ele, talvez porque eu estava completamente apanhado, e ainda estou. Dirijo-me ao meu armário e tiro o meu fato preto, visto-o cuidadosamente, e penteio o cabelo com as mãos, desde que perdi o Luke deixei de me importar com o meu aspecto, ele era a única pessoa que eu queria agradar, mas agora ele não está cá. Vou até à casa de banho e deparo-me com outra foto nossa, dou um leve sorriso e lavo os dentes, vou até ao meu quarto guardo o telemóvel no bolso. Desço as escadas e vou até à cozinha.

-Bom dia Calum.- a minha mãe saúda-me com um sorriso no rosto e retribuo, agarro numa maçã e dou-lhe uma trinca.

-Levas-me à capela?- pergunto e a mulher acena.

Acabo de comer a maçã e abro a porta de casa sendo seguido pela minha mãe, entro no carro e ela leva-me até à capela, dou-lhe um beijo na bochecha e despeço-me dela.  Entro no enorme edifício e observo o corpo de Luke, a sua pele pálida parece agora um cubo de gelo, os seus olhos encontram-se fechados e não existe nenhum tipo de prova que atrás das suas pálpebras se encontram duas esferas azuis, mais claras que o céu e mais profundas que o oceano, os seus lábios rosados tornaram-se agora brancos e quase que se fundem com a sua pele, o seu cabelo está penteado mas parece que perdeu o seu brilho, a sua cor natural. Inclino-me e beijo os lábios gélidos de Luke, e por um segundo sinto que este corresponde ao beijo, mas sei que ele não o faz, que é apenas a minha cabeça ou o meu coração. A missa começa e várias pessoas falam, decido então combater a minha ansiedade e falar em frente a toda a gente.

- Conhecia o Luke há bastante tempo, desde que éramos pequenos, ainda me lembro como ele vinha com um enorme sorriso para escola, lembro-me que ele tinha uma lancheira do batman e lembro-me que todos os dias ele comia pão com atum porque adorava o sabor do atum pela manhã, lembro-me que ele gostava de me escrever nos braços porque queria que eu me lembrasse dele sempre. Lembro-me como ele me dava a mão quando íamos à feira popular andar nas atracções mais perigosas, lembro-me como ele contava as piores piadas mas eu ria-me porque ele era o meu melhor amigo e eu gostava de o fazer sentir bem. Lembro-me de como ele me olhava, com uma certa paixão e também um pequeno medo, lembro-me como os seus olhos brilharam quando ele cantou em frente à escola e todos lhe bateram palmas, lembro-me como ele me beijou cada cicatriz, não só física como emocional, lembro-me como ele me sorria todas as manhãs, porque sabia que eu ia estar triste. Lembro-me como ele me comprava sempre comida quando eu não almoçava. Lembro-me como ele me olhou com carinho quando fui parar ao hospital por me ter tentado suicidar, lembro-me da primeira vez que ele disse que me amava e de como o meu coração batia depressa, lembro-me do nosso primeiro beijo de como me senti, de como ele me fazia sentir , lembro-me de como ele me pedia todas as noites para não acabar com a minha vida, porque ele não seria capaz de viver sem mim, também me lembro de pensar que ele não precisava assim tanto de mim e lembro-me de ele me dizer que eu era tudo para ele. Eu lembro-me de tudo, porque eu o amo e isso eu nunca vou ser capaz de mudar. Luke, onde quer que estejas, seja para onde fores, quero que saibas, que te vou amar, independentemente do numero de relações que possa ter daqui em diante. Tu foste o meu primeiro amor, e de ti nunca me vou esquecer. Amo-te Luke.

Heaven - 1ª temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora