Capitulo catorze

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-Calum

Acordo com a doce voz da minha mãe, dou-lhe um leve sorriso e olho pela janela. É aqui a merda da clínica onde me sinto um bicho. Desaperto o cinto de segurança e deposito um leve beijo na bochecha da minha mãe, abro a porta do carro e sinto a minha pele a arrepiar devido à brisa que se faz sentir. Caminho de forma calma até à enorme porta branca e abro a mesma, ignoro todos os olhares e abro a porta da sala do Doutor Irwin.

-Calum! Como estás?-pergunta, sento-me na cadeira à sua frente e dou um longo suspiro. Olho nos seus olhos e penso na minha resposta, se eu mentir ele vai saber.

-Uma merda.-respondo, os seus olhos verdes param nos meus e sinto-me desconfortável.

-Eu sei que pensas que eu não me preocupo e que só finjo mas eu preocupo-me muito contigo.- fecho os olhos e sento uma lágrima a cair, cerro os meus punhos e pouso a cabeça na secretária.

-Dr. Irwin..

-Chama-me Ashton.-interrompe.

-Ashton, eu tentei-me matar à uns dias atrás.-disse, o silencio preencheu a sala, levanto a cabeça e vejo que ele ainda me observa com cuidado.

-Porquê?- mais lágrimas caem do meu rosto e olho para os seus olhos.

-Porque sou uma merda.- mais lágrimas caem e sinto que estou à beira de um ataque de pânico.

-Calum tem calma, olha para mim.-Ashton pede, realizo o seu pedido e ele faz leves caricias no meu cabelo o que me acalma.

-Estás melhor?-pergunta ao fim de um tempo a ajudar-me.

Se calhar ele preocupa-se mesmo.

-Obrigada.-as palavras parecem causar um efeito positivo no homem à minha frente sendo que este me sorri.

Suspiro e observo o meu relógio de pulso, tenho que ir embora o Luke deve estar à minha espera, levanto-me da cadeira em frente à secretaria de Ashton e sorrio.

-Muito obrigada, mas agora tenho mesmo que ir embora, tenho um amigo à espera.-digo, o homem sorri e encara-me.

-Ele é especial para ti não é?-anuo com um sorriso distante e saio do seu consultório. Caminho até ao parque de estacionamento e vejo a minha mãe a sorrir-me. Dou uma leve corrida até ao se carro e entro no mesmo.

-Leva-me à escola.-peço ela olha-me confusa, apenas sorrio e observo a paisagem. Rapidamente chegamos à escola, saio do carro e corro até ao portão onde vejo algo que me parte o coração, o Luke a beijar o Michel, depois de tudo o que ele me disse ele faz isto?
Os dois rapazes viraram a sua atenção para mim e Luke olha-me assustado, ele apressa-se a levantar-se do colo do rapaz de cabelos coloridos e aproxima-se de mim.

-Calum, eu , sabes...- as suas palavras saem como pequenos murmurios incompreensíveis.

-Não, escusas de te explicar, não estamos juntos, somos apenas amigos, espero que estejas feliz.- afasto-me dos dois rapazes e entro no carro da minha mãe.

-Está tudo bem querido?-as suas palavras doces acalmaram o meu coração partido, agarro na sua mão e observo-a.

-Sim, podes levar-me à clínica? Esqueci-me de dizer algo ao Dr. Irwin.- a mulher anui e liga o carro, ao longe vejo Luke a observar o carro da minha mãe.

Olho pela janela, edifícios são rapidamente transformadas em borrões, o carro pára de forma brusca e percebo que cheguei ao meu destino.

-Eu vou demorar, podes ir para casa se quiseres.- sorri para a minha progenitora.

-Está bem, tens dinheiro para o autocarro?-anuo- então vê-mo-nos ao jantar.-a mulher sorriu, abro a porta do carro e dou-lhe um aceno.

Entro na clínica e dirigi-me ao balcão de informação a mulher de cabelos ruivos olha-me desconfiada, reviro os olhos e sorrio.

-O Doutor Irwin está?-pergunto com o meu melhor sorriso.

-Sim, quer que o avise que vem?-nego.

-Posso ir lá?-a mulher anui e volta a focar-se no ecrã do computador.

Dou passos largos em direção à sala, olho em volta, as pessoas observam-me com desdem como se eu fosse lixo, como se não fosse nada nem ninguém, mas a verdade é que eu sou ninguém.

Elevo o meu braço e enconsto a minha mão à porta de madeira, o que causa um pequeno barulho, minutos depois deparo-me com uns belos olhos cor de avelã, desvio o olhar para os seus lábios curvados num sorriso.

-Passa-se algo?-entro no seu consultório sem lhe responder e sento-me no chão.

O homem ao perceber o meu desespero ocupa o lugar ao meu lado, rapidamente envolvo os meus braços no seu tronco e encosto a minha cabeça ao seu peito e deixo as malditas lágrimas consumirem-me.

Heaven - 1ª temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora