LINHAS DO DESTINO (Prêmio Wattys 2016) - Angélica & Lorenzo - Livro 1

💖 Capítulo 5

Lorenzo

— É isso aí, cara! Aqui estão os nossos nomes. Ficamos na mesma turma — Tiago comemorou, aproximando-se de mim e baixando a voz. — Olha só isso! Turma 12º M. Será que é M de merda?

Tentei controlar o riso, mas não consegui, desatando em uma gargalhada.

— Tudo indica que sim, já que estamos nela!

Ele deu uma batida camarada nas minhas costas.

— Estamos ferrados!

— Já nos acostumamos com isso, amigo.

Continuei olhando o restante da lista com os nomes de todos os outros alunos que estavam na mesma turma.

— Que merda, cara! O Pedro não ficou com a gente — comentei chateado, apontando para os nomes no papel afixado ao quadro de avisos que ficava em um dos corredores do colégio.

Contávamos ficar os três na mesma turma, por uma série de razões, mas principalmente por ser um colégio novo para mim e para o Pedro. O Tiago já estudava nele desde o início do secundário.

— Vamos ver as outras listas e encontrá-lo. Pode ser que ainda consiga pedir na secretaria uma mudança para a nossa turma.

— Temos de ver também a turma da Bianca — lembrei.

A minha prima italiana tinha vindo morar em Portugal por insistência de tia Olívia, a mulher do meu tio Aldo. Ao contrário do marido, ela era uma boa pessoa.

Bianca não ficaria na minha casa, onde eu morava sozinho desde a morte da minha mãe. Ela ia morar com a tia Teresa e o tio Afonso, os pais de Pedro, em uma casa que ficava do outro lado da minha rua. As duas casas tinham os quintais interligados, ocupando o lado inteiro do quarteirão da rua. Eram herança dos meus avós maternos.

— Tem razão, cara. Vamos a isso!

O Tiago começou a analisar todas as listas que estavam presas no quadro.

Uma curiosidade repentina me fez olhar para os outros nomes do 12º M. Era uma turma grande, com um total de trinta alunos. De certa forma aquilo era preocupante, pois significava que eu teria de lidar com um grande número de pessoas dentro do ambiente fechado da sala de aula, o que seria um problema para mim. Esperava pelo menos que fosse uma turma de gente minimamente calada e sem muitos conflitos ou eu estaria literalmente jogando merda em cima deles.

Os dois primeiros nomes da lista eram de garotas, mas o que chamou a minha atenção foi o nome da segunda.

Angélica Sant'ana.

Porra!

Recuei por um momento, sentindo um aperto estranho no peito. Sem sequer perceber, comecei a esfregar o coração com a mão para desfazer o nó repentino que se formou ali dentro.

— Lorenzo.

Será apenas uma coincidência?

Puxei o ar com força para os pulmões e expirei devagar.

Uma vez. Duas vezes. Três vezes.

Sim, só pode ser uma coincidência!

— Lorenzo?!

Tiago olhava para mim com o cenho franzido.

— Ei, cara, tudo bem? — Percebi a preocupação na voz dele. — Já chamei duas vezes.

Confirmei com um meneio de cabeça.

— Sim, está tudo bem.

Mas nada estava bem!