💖 Capítulo 7

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Lorenzo

Aquele era o dia da apresentação e estávamos eu, o Pedro e o Tiago em frente ao colégio. Apesar de todo o esforço que fizemos, não foi possível conseguir que o meu primo mudasse para a nossa turma. O único consolo que tivemos foi saber que a Bianca ficaria na mesma turma do Pedro. Ela não viria à apresentação, tendo decidido comparecer apenas no primeiro dia de aula.

Vários carros congestionavam a frente do prédio, com os pais deixando os filhos. Ultrapassamos os altos portões e seguimos pelo pátio externo arborizado que conduzia à entrada destinada aos alunos. Muitos já circulavam pelos corredores do colégio, um dos melhores no ranking de classificação para o ensino superior do país.

Notei que alguns alunos pareciam perdidos procurando as salas de aula, enquanto outros confraternizavam entre si, mostrando que eram alunos antigos já ambientados com tudo.

Seguimos em direção à sala do meu primo Pedro.

— A sala do 12º F é ao fundo deste corredor à esquerda — o Tiago indicou a ele. — Quer que pegue a sua mão e o leve até lá?

— Vai te foder, Tiago — Foi a resposta calma que ele deu.

Rimos, avançando pelo corredor. Quando entramos na sala, notei que restavam poucas cadeiras vazias. Fui para o fundo, sendo seguido de perto pelo Tiago, enquanto vários olhares nos acompanhavam. Ao longo do caminho, o meu amigo ia cumprimentando alguns colegas que já conhecia dos anos anteriores.

Mesmo havendo cadeiras vagas no meio da sala, sentei-me na última do canto esquerdo, ficando encostado à parede. Assim, não precisava me preocupar com ninguém nas minhas costas.

O Tiago se sentou ao meu lado e fiquei com o controle de tudo o que acontecia ao meu redor.

Encostei a cadeira mesmo rente à parede e empurrei com o pé a que estava à minha frente. Abri espaço suficiente para acomodar as pernas, para evitar crises de pânico e ansiedade por estar muito tempo dentro da sala de aula. Se eu não pudesse movimentar as pernas à vontade, provavelmente explodiria de alguma forma.

Uma mulher alta e loura entrou, indo para a mesa reservada ao professor. Era bonita, aparentando uns quarenta anos e estava muito elegante em suas botas de cano alto e saltos agulha.

— Esta é a professora de inglês, Lúcia Ferreira. Tudo indica que será a nossa diretora de turma desse ano — o Tiago explicou, enquanto eu observava a movimentação dela ao tirar um notebook da pasta e organizar o material sobre a mesa.

Um senhor de óculos surgiu à porta e chamou-a. Ambos saíram da sala e desapareceram no corredor.

Ótimo! Parece que tão cedo vamos ter o início da apresentação, quanto mais o fim.

Tirei o celular do bolso para me distrair. Quando ergui a cabeça, vi duas garotas entrando na sala. Como chegaram atrasadas e não havia mais cadeiras vagas à frente, vieram para o fundo.

À medida que se aproximavam cada vez mais de onde estávamos, elas iam cumprimentando os colegas. Como o espaço entre os corredores de cadeiras era estreito, elas seguiam em fila. A garota da frente era morena, com seios grandes e curvas salientes que a faziam parecer baixinha. Andava com confiança e abria caminho para a outra atrás dela, que era um pouco mais alta e estava parcialmente escondida.

— Santo Deus! Devíamos ter chegado mais cedo — a morena reclamou para a amiga. — Só tem cadeiras vagas no fundo da sala.

Ouvi uma risadinha rouca, seguida por uma voz suave com um sotaque diferente.

— É só hoje. Na segunda teremos de volta os nossos lugares na frente.

Baixei o olhar para o celular quando a morena se sentou à frente do Tiago. A outra garota se sentou suavemente à minha frente, usando um perfume conhecido que me envolveu.

Anaïs Anaïs de Cacharel.

Ergui os olhos e vi uma cascata de cabelos louros que se derramavam pelo encosto da cadeira, cujos fios possuíam as pontas quase brancas de tão claros. Eu tinha certeza de que eles tocariam a minha mesa se eu não tivesse empurrado a cadeira dela para a frente.

Recuei o mais que pude e estiquei as pernas para controlar a súbita vontade de tocar neles. Enfiei as mãos nos bolsos do casaco, observando em silêncio quando ela se sentou de lado para falar qualquer coisa à amiga.

Pele alva, algumas sardas, olhos claros e um corpo esguio e tão delicado que parecia poder se quebrar. Aparentava ter uns dezesseis anos, mas eu sabia que devia ter por volta dos dezoito para estar no 12º ano.

Santo Inferno de Hades! Ela tinha o rosto de um anjo!

"Você vai saber que ela é o seu anjo quando a encontrar."

Inspirei fundo quando me lembrei das palavras da minha mãe, sem querer acreditar naquilo.

Talvez sentindo a intensidade do meu olhar, a garota girou levemente a cabeça para trás e me encarou pela primeira vez.

Um segundo. Dois segundos. Três segundos.

Acho que nem respiramos. Pareceu o tempo exato para uma seringa injetar uma droga viciante nas minhas veias e causar dependência imediata.

Ela quebrou a conexão ao baixar a vista para as minhas mãos dentro dos bolsos. Quando ergueu novamente o olhar foi em direção ao Tiago. Cumprimentou-o em reconhecimento com um silencioso gesto de cabeça, voltou a olhar intensamente para mim e depois se virou para a frente, ajeitando-se na cadeira.

Mas que merda! Quem raios é ela? 

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LINHAS DO DESTINO (Prêmio Wattys 2016) - Angélica & Lorenzo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora