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Capítulo 9 - Ninth insomnia

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Capítulo 9 - Ninth insomnia.

27 de Dezembro de 1996, Inglaterra, Casa de Kristy

Caminho alegremente pelo passeio que me dará acesso á casa do meu amigo novo e sorrio com o nervosismo instalado em mim. Todo este nervosismo é estranho, não é como se estivesse apaixonada mas como se estivesse com algum medo de que algo corra mal.

Como será ele? Pergunto-me mentalmente várias vezes imaginando o rapaz que vi em meras fotos desfocadas e sem qualquer qualidade de imagem.

Chego á morada que me foi dada e olho o número "38" indicando o prédio certo, sorrio e toco na campainha do segundo esquerdo como ele me havia dito. Em poucos segundos a porta é aberta e eu subo os degraus das escadas num ápice, chegando ao andar, vejo a porta aberta e um senhor louro de quarenta e poucos anos á porta.

Sorri para o senhor e encarei o seu rosto por meros segundos.

— O Paul está? — Perguntei timidamente.

— Sim, entra.— Ele falou.

Entrei no apartamento pequeno e bem decorado e algumas memórias foram aparecendo na minha mente. Aquela não era a primeira vez que eu estava naquela casa, era?

Ouço o trinco da porta e o medo começa a percorrer o meu corpo inteiro, na mesma velocidade que todas as imagens dolorosas e horríveis começam a passar pela minha mente.

As suas mãos na minha pele, a sua boca imunda na minha.

—Não, por favor não. — Gritei quando sento duas mãos fortes segurarem o meu corpo com firmeza.

—Não, eu prometo que não conto a ninguém. — Gritei em súplica para que ele me largasse.

— Por favor, não. — Voltei a gritar e o meu corpo levantou-se rapidamente na cama.

Olhei ao meu redor e estava no meu quarto. Com o corpo do Harry sobre o meu que me olhava horrorizado.

Foi só um pesadelo. Um pesadelo sobre o verdadeiro horror passado.

09 de Setembro de 2001, Inglaterra.

Todos os dias por mais de dois anos seguidos eu tive esse pesadelo, o mesmo pesadelo que eu vivi por algumas horas. Harry sempre esteve lá para me ajudar, mas ele não está mais agora para me ajudar a superar as insônias ridículas que me fazem manter-me acordada por longos nove dias.

Todas as noites são iguais, o teto nunca me pareceu tão especial e bonito , tal como a lua nunca me pareceu tão fascinante.

Eu vejo-o sempre que adormeço, mas nunca mais dormi.

Então, o mesmo velho sentimento de vazio apoderou-se do meu coração, eu o amei muito e acabei por mergulhar fundo demais, a queda foi dura e o embate no fundo mortal.

"A verdade é que se tu me deixares eu irei partir-me em milhões de pedaços sem vida" —
Eu falei num numa tarde de verão.

E cá estou eu, desfeita em milhões de pedaços enquanto tu te foste e me deixas-te aqui sozinha.

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