You got me looking, so crazy, my baby/ I'm not myself, litely I'm foolish, I don't do this/ I've been playing myself, baby I don't care/ Baby your love's got the besto of me
Há um poema que diz: "A gente gosta mesmo é do estrago/ a gente quer um amor que nos faça revirar os olhos/ a gente quer um amor que vire nossa vida do avesso/ quem foi que disse que o avesso é o lado errado?"
Vitor sempre foi certo. Sempre. Menino quieto, dedicado, boas notas e ficava em casa toda sexta-feira.
Eu, por outro lado, vivia em outro mundo. Era extrovertida, escandalosa. Era presença confirmada em qualquer lugar, desde a recuperação de matemática até as festas do final de semana.
O problema sempre foi essa diferença.
Inutilmente, ao longo dos anos, tentava voltar ao início e falar com ele. Nunca consegui. Tinha medo, insegurança.
Após o episódio da cafeteria, ambos nos despedimos e tomamos nossos caminhos. Para longe um do outro, inevitável.
Estava ainda um pouco bêbada, mas o estado dela não se devia ao fato do álcool. Era ele.
Caminhando de volta para casa, pensando nele.
Abrindo a porta do apartamento, ele.
Tomando banho, ele.
Ele. Ele. Ele.
Vitor.
- Estou parecendo uma adolescente, ridícula! – exasperou-se, enquanto penteava os cabelos, pensando no que ele estaria fazendo.
Estava, não só com a cabeça, mas com o corpo todo nas nuvens.
Até que a campainha tocou.
- Já vou!
Saiu correndo em direção a porta, parando rapidamente em frente ao espelho para checar a aparência.
Abriu-a.
E se deparou com a última pessoa que esperava (ou queria), ver.
Seu vizinho.
- Ah – falou, desapontada – Oi, Bernardo.
- Oi, linda – disse ele, passando pela porta e dando um beijo no pescoço dela.
Ela já sabia o que vinha a seguir, mas não conseguiria evitar.
Deixou ele entrar e fechou a porta atrás de si.
Ele se acomodava no sofá, em meio a bagunça, sem se importar. Tirou do bolso um bolo de dinheiro, uns 800 reais, que estavam presos por uma borrachinha amarela e comum.
Enquanto isso, algo dentro dela desmoronava aos poucos.
Ela, então, andou até a cozinha, pegando uma garrafa de vinho, o favorito dele. Colocou as taças na mesa de centro da sala e entregou a ele o saca-rolhas. Ele a olhou, sorrindo, pegou o objeto mas não abriu a garrafa.
- O que foi? – perguntou ela, tremendo.
- Trouxe outra coisa que você gosta.
Colocando a mão no bolso do jeans escuros e rasgados, tirou de lá um pacotinho cheio de pó branco.
- Cocaína – disse ela, aproximando-se inconscientemente.
- Sim, chica, vamos fazer uma pequena festinha hoje, só eu e você.
Ela sentou-se ao lado dele, pensativa.
- Muito bem, quero o meu dinheiro agora, por garantia.
- Tudo bem – disse ele, entregando o maço de notas – Mas precisamos de umas, você sabe.
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Helianto
Romance"E meus discos velhos, meus livros e meus escritos já não são companhia para minha alma inquieta. Procurei-te em outras musicas, outros textos, outros rabiscos e é claro que encontrei. Você sempre está lá. Assim como eu ainda continuo aqui, cantando...