Magnetismo

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It's the same old situation/ That you can have with any guy/ But go on put your arms around me/ It's gonna be different tonight

Eram apenas movimentos repetidos. Tiques, sem taques. Uma espécie de TOC. Hoje, balançando a perna com-pul-si-va-men-te. Ontem, bloqueando e desbloqueando o telefone, obsessão. Eram ansiedades, excessos acumulados dentro do peito, prestes a explodir. Nervosismo. Era isso, eu estava nervoso.

Como já disse, nunca estive com garota alguma. Romance não é o meu forte, nem meu fraco, nem nada. Romance era nulo antes dela, durante ela e após ela, eu creio que também será.

De qualquer forma, eu suava, tremia, tiquetaqueava mais que relógio de parede.

Hoje.

Pôr-do-sol.

Quartas intenções.

Céus, como aquilo havia soado ridículo e, ao mesmo tempo, tão sincero.

Levanto-me, impaciente com o sol que não se põe, e vou até a cozinha preparar um chá. Coisa de velho, penso.

A chaleira ferve, em segundos. Ou o que parecem ser segundos. Coloco o saquinho de chá dentro da velha caneca amarela, derramando a água quente por cima, fazendo o vapor aconchegante e adocicado subir. Segundos.

Terceiros, quartos.

Minha mão treme um pouco, ao pegar a xicara na mão, até guia-la a boca. Tento contar até 10, fazer alguns exercícios de respiração que vi numa aula de yoga, me concentrar no vapor que entra pelas minhas narinas ao aproximar a xicara lascada da boca seca, tremula e ansiosa.

Tentativas em vão.

Olho para o relógio. São 16:40, finalmente.

Finalmente?

Começo a me arrumar, tremulo. Não tenho nada descente para vestir, merda! Eu achava que isso eram problemas femininos...

Visto, então, uma camisa preta básica, uma calça jeans escura e tênis All Star azul marinho. Absolutamente normal. Passo um pouco de perfume, apesar de ser alérgico, e logo começo a espirrar.

São 17:05.

Resolvo ligar para ela novamente.

Pego o telefone, disco o número.

E chama. Chama. Chama, de novo.

Sinto a palma da minha mão molhada de suor, contra o telefone.

Ela atende:

- Oi?

- Ah, oi. É o Vitor.

Ela ri. Meu Deus, o que eu faço? Ela deve estar me achando ridículo...

- Oi, Sr. Quartas Intenções.

- Oi.

- Então, tudo pronto para o nosso encontro?

- Eu estou pronto, liguei para saber de você...

- Também estou, só não sei se estou com a roupa certa. – ela diz, rindo de novo.

- Vem aqui em casa, aí a gente descobre. Qualquer coisa, eu posso trocar de roupa ainda.

- Okay, só me dá seu endereço.

- Okay.

Após dar a ela o endereço do apartamento, ele sorriu consigo mesmo. Não havia sido tão ruim. Ela era realmente legal.

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