Capítulo 5 - Feitos de mentiras

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Grace Smith P.O.V

Sentada no telhado em frente à janela do meu quarto, eu observava meu pai entrar em seu carro as três horas da manhã e partir para mais um de seus cansativos trabalhos de assassino de aluguel. Desta vez eu não sabia ao certo para quem ele estava trabalhando, durante quatro dias ele e minha mãe me ignoraram e eu, por mais que tentasse, não sabia como me aproximar e me desculpar por tudo que falei, por mais que fosse um desabafo verdadeiro da minha parte.

O vento fraco, que indicava que iria chover, não me impedia de estar ali fora. Era o único lugar que eu desejava estar nesse momento, mesmo se houvesse chuva.

- Não deveria ficar do lado de fora da casa nesse horário. - Olhei para meu lado esquerdo, vendo minha mãe se sentar ao meu lado e acenar com a mão para o carro do marido que estava se afastando.

- Gosto de ficar aqui, às vezes. - Respondi colocando um dos fones de ouvido do celular novo que havia comprado um dia depois de ter perdido o meu. Coloquei uma música baixa, podendo escutar o que minha mãe falava, mas ela ficou em silêncio. - Você não tem alguns trabalhos na Austrália está semana?

- Quando descobri que estava grávida, sabia que haveria momentos em que eu teria meu trabalho se tornar algo fútil e teria que, não importando a situação que fosse, te tornar a coisa mais importante. - Um sorriso simples surgiu no canto do seu rosto e ela me olhou de lado. - Não vai ser agora que te deixarei de lado, Grace. Só te mantemos aqui porque, quem te sequestrou quando mais nova, ainda está por aí e se descobrir onde estamos...

- Eu fui privada de ir a uma escola, de conversar com muitas pessoas e continuo sendo privada de conhecer pessoas novas. Como quer que eu me sinta? Eu cresci, meus pensamentos evoluíram da mesma forma junto comigo. Eu fui percebendo a grande diferença que existia a mim e outras garotas da mesma idade. Eu me senti estranha por ter pais assassinos que me ensinam tudo, mas me privam de todos.

- Nós te entendemos, querida, mas pense... você ainda nos tem por perto para lhe defender.

Fiquei em silêncio, desviando a atenção para meus pés e arrumando meu cabelo para o lado. Eu sabia que ela estava se referindo ao fato dela não ter pais para mostrar a ela o que era certo e errado, nem ter ninguém para protege-la já que era órfã.

- Conte-me o que houve com você para voltar machucada para casa. - Ela pediu após alguns minutos em silêncio.

- Apenas estava no lugar errado, no momento errado.

- Estava sozinha?

- Não, havia um garoto. Justin. - Respondi e pude ouvir uma risada fraca, me fazendo encarar minha mãe que parecia ver graça em algo. - Não é o que está pensando, bem pelo contrário.

- Ele era gostoso? - Ela perguntou sem rodeio mudando seu olhar para malicioso, me fazendo rir.

- Mãe! Eu não fiz nada com ele, nem ao menos conversamos.

Desde o dia em que contei para minha mãe do meu, mais patético e nojento, namoro com um amigo de Crystal, ela achava que todo e qualquer garoto que se aproximava tinha algum envolvimento comigo. Meu pai sabia, mas fazia pouco caso do fato.

- Mesmo que não tenha feito nada, você pode achar alguém bonito apenas por vê-lo.

- Não reparei nele. A única coisa que consigo lembrar é do jeito que ele me olhava quando me ajudava.

- Ajudava em que?

- Houve uma festa nas docas e apesar de ter ido com Crystal, eu não queria ficar muito perto dela e de alguns de seus amigos. Muito menos ser atirada para cima de um deles como um pedaço de carne é jogado para um leão. Então fui caminhar entre os contêineres, quando notei alguém estava me puxando e colocando a mão sobre minha boca para que ficasse em silêncio.

A Filha Dos SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora