Capítulo 13 - Alguém Especial

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Já se passavam das nove horas quando eu acordei; a noite não foi uma das mais confortáveis, além de ter Grace deitada em mim o tempo todo, o movimento dos vagões não me fazia bem e eu acabei ficando enjoado demais para conseguir dormir mais tempo.

Ajeitei Grace no banco de couro vermelho e a deixei dormindo, indo até outro vagão buscar comida para nós dois, mas ao voltar tive dó e preguiça de acordar a garota, então me sentei na poltrona de frente a ela e comecei a comer, observando-a. Com o movimento do trem, o rosto de Grace acabou sendo esmagado contra o vidro, fazendo-a despertar de seus sonhos assustada e provavelmente dolorida.

Eu tentei não rir, mas a feição dela ao acordar foi ainda mais engraçado, então não consegui conter o riso.

- Do que está rindo, idiota? - Ela passou a mão no lateral do rosto fazendo um beicinho e eu sorri, mordendo um pedaço de um dos biscoitos que peguei para comer.

- Só foi engraçado ver você batendo a cara no vidro.

- Idiota.

- Acordou de mau humor, baby? - Questionei a ela que pegou uma garrafa de suco de laranja e a abriu, bebendo um pouco e passou as costas da sua mão na boca.

- Acordei, e a culpa é sua. Não deveria estar aqui.

- Não? Se não fosse por mim você estaria indo para sua nova casa agora. - Não consegui evitar ser ríspido ao responde-la, porém respirei fundo e diminui o tom de voz ao voltar a falar. - Eu não te segui para te atormentar, acho que preciso pensar e só... pensei que você seria uma boa companhia.

- Agora somos dois indo para lugar nenhum.

- Estamos indo em direção a uma cidade onde meu pai tinha uma casa. Podemos ficar lá, se quiser.

- Mas seus amigos...

- Eles não conhecem, se quer sabem da casa.

Me levantei e me sentei ao lado dela, olhando a simples cidade aparecendo conforme o trem avançava. As lembranças do passado passaram em minha mente, as brincadeiras e sorrisos, e eu não consegui me manter sério.

- Por que está sorrindo?

- Lembranças.

Vi um sorriso começar a se formar no canto dos lábios levemente avermelhados da garota, mas ela virou o rosto e repousou a mão no vidro.

- Quanto tempo vamos poder ficar aqui?

- Algumas semanas até seus pais te encontrarem.

O silêncio então voltou a fazer companhia a nós dois; Grace e eu trocamos apenas olhares pela última meia hora de viagem. Quando os trilhos do trem começaram a parar, ela pareceu curiosa sobre o que encontraria lá fora.

Peguei a mochila de Grace e a coloquei nas costas, andando entre os vagões até finalmente colocar meus pés fora daquele trem enjoativo.

- Para onde vamos agora?

Grace juntou as mãos em frente ao corpo, um pouco desconfortável ou ainda tentando assimilar que havia fugido. Olhei em minha volta e sai caminhando para o lado de fora daquele lugar.

Estive ali a tanto tempo que talvez não me lembrasse mais quais os caminhos deveria seguir.

A garota morena me seguia, sua feição parecia cansada e a minha não estaria diferente, mas não demoraríamos tanto para chegar a casa. Caminhei com Grace ao meu lado por alguns minutos, até chegarmos a uma rua pouco movimentada.

- Vai demorar muito?

- Não. - Tirei meu celular e os fones do meu bolso e entreguei a ela. - Sente-se em algum lugar e me espere voltar.

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⏰ Última atualização: Oct 11, 2016 ⏰

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A Filha Dos SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora