Parado de frente a duas lapides, usando uma daquelas roupas formais que normalmente se usam em enterros; o ambiente dominado por uma sensação de pesar me deixava nauseado, ainda mais quando todos me olhavam, esperando que eu dissesse algo depois de dias, mas eu ainda preferia manter meu silêncio.
Meu pai e minha mãe, enterrados lado a lado. Agora tudo eu temo é esquecer do rosto dele, como esqueci o dela assim que os anos após sua morte se passaram.
Estava pensativo demais e acabei não percebendo quando Grace parou ao meu lado, percebi apenas quando mais ao longe, Jane gritou o nome da filha e ela disse que já estava indo. Mas ela não foi, permaneceu ao meu lado por um longo tempo.
Eu queria que ela me deixasse sozinho, mas ao mesmo tempo queria que a sua teimosia permanecesse e que ela falasse diretamente comigo, porque conheço meus limites e esse era um deles. Eu vi pessoas da equipe morrendo para salvar a mim, e até aprender que era necessário a morte de alguns para que o topo, o poder fosse alcançado.
- O quão longe o topo para a glória fica? - Perguntei, quebrando o silêncio. Grace me olhou sem entender e eu sorri fraco, voltando a olhar os túmulos. - Quando eu ainda era novo nessa vida e estava aprendendo a lidar com as mortes, meu pai me disse que mortes eram necessárias quando se quer chegar ao topo.
- Longe o suficiente para as pessoas que a cobiçam não verem o seu final. E você e sua equipe estão altas o suficiente para poderem cometer suicídio.
- Talvez seja o que deva acontecer agora... a minha morte. Assim estarão todos livres de um incômodo e finalmente terão o dinheiro e o poder que almejam.
Esperava uma resposta de Grace com mais um pouco do seu sarcasmo, mas bem pensadas. No entanto, ela não me respondeu.
Voltei a olhar para o lado e a vi andando entre os túmulos. Coloquei as mãos em meus bolsos e observei o vento levar mechas do cabelo moreno da garota.
- Você vai ser como eles... vai virar as costas e ir embora. - Minhas palavras foram o suficiente para faze-la parar e olhar para mim.
- Até quando vai insistir que todos em sua volta são falsos, ou não se importam? Nem todos mentem. Eu não!
- Você não entende.
- É, eu não entendo como você se sente diante dessa situação, mas você precisa lembrar de que tem um amigo que precisa de você... ou se esqueceu do Park? - A olhei sério, e neguei com a cabeça. - Você está criando sua própria solidão, Justin. Lembre-se de que nem tudo aqui é o que parece. - Ela se virou para continuar caminhando, mas me olhou novamente, tirando alguns fios de cabelo que voavam em seu rosto. - E para sua informação: Sim, eu vou ir embora! Meus pais conseguiram um lugar, aparentemente mais seguro.
Grace voltou a caminhar e eu a acompanhei até uma parte do caminho, parando ao perceber o olhar de John Smith; apoiado a porta do carro, ele me olhava como se estivesse fazendo algo errado. Sua filha me olhou mais uma vez antes de entrar no veículo, ele fez o mesmo e por fim me vi completamente sozinho.
Fui até meu carro e mesmo que em pensamentos eu me odiava por estar indo para casa, eu até preferia estar lá; desde que não houvesse incômodos.
E foi o que aconteceu.
Entrei na mansão e sobre os olhares de todos ali presente, caminhei até meu escritório, onde passei longas horas trancado, apenas observando a paisagem que conseguia ver pela vidraça da janela.
Já era madrugada quando me levantei pensando em ir dormir em um lugar mais confortável para minhas costas, minha cama com certeza era melhor que aquela poltrona. Me aproximei da janela para fecha-la, porém, uma movimentação suspeita me fez parar.
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A Filha Dos Smith
FanfictionQuem não se lembra de John e Jane, ou Sr. e Sra. Smith? Em um momento, eles eram o casal aparentemente incrível e em seguida eles descobriram que todos os momentos juntos não passavam de mentiras. Eles passaram por cima dos problemas e depois de al...