E foi então que no meio daquela escuridão uma luz brilhava, aquela luz foi aumentando, até que se tornou uma moça, de cabelos negros e lisos, seus olhos eram castanhos porém muito chamativos, ela usava dois brincos de argola douradas grandes, e muitas pulseiras, ela estava com um corpete preto com detalhes pratas e uma saia vinho, ela carregava um cajado, e na ponta do cajado havia um crânio de bode, Dama da Noite sorriu e a comprimentou
- Dona Tatá Mulambo, sabia que a senhora estava aqui!
Então ela gargalhou e disse
- Agradecida por ainda se lembrar de mim!
- Como não iria me lembrar, Dona moça ia muito no cabaré de Padilha não é amiga? Perguntou Dama da Noite se direcionado a Maria Padilha
- Sim dona moça, ia mesmo! Bebia muito e se divertia! Confirmou Padilha
- Fico feliz por lembrarem de mim, achei que ninguém mais lembrava e que eu estava sem ninguém! Disse Tatá Mulambo
- Mas oras, deixa de ser besta! Como assim sem ninguém? Dona moça é uma mestra, jamais ficará desacompanhada, não é atoa que carrega o "tatá" na frente do nome! Disse Dama da Noite
Então ela era mais uma mestra? Assim como seu Tatá Caveira? Acho que sim! Na verdade tenho toda certeza ja que Dama da Noite disse aquilo, e então ela continuou
- Sei disso dona Dama, falei para ver as respostas, e me surpreendi com ela, pensei que apenas iria falar para mim procurar um copo de cachaça que cura!
- Deixe de ser besta Tata Mulambo, tu é uma bruxa de tanta sabedoria, uma mulher de respeito, e muito temida pelas pessoas, sozinha? Jamais! Disse Dama da Noite
Então ela era uma bruxa, foi então que olhei no olhos dela e ela olhou nos meus, aquele olhar estava mechendo comigo e foi então que eu tive uma visão, vi uma casa no meio da floresta, era bem grande porem muito sombria e estranha, minha visão foi jogada lá para dentro, e então vi caldeirão, animais mortos, seres estranhos, facas, que visão horrivel, e então balancei a cabeça para que aquela visão passasse, quando levantei a cabeça Tatá Mulambo disse
- Gostou do que viu? o senhor é bem curioso né?
- Sim um pouco, mas como soube da minha curiosidade? Perguntei assustado
- Seu moço ela é uma bruxa, feiticeira, ela lê mentes, é um espírito muito forte! Disse Dama da Noite
Tatá Mulambo sorriu, e Maria Padilha perguntou
- Dona moça, onde andas aquele homem que sempre te acompanhava?
- Ele? Quer o ver? perguntou Tatá Mulambo
- Sim, faz bons ventos que eu não o vejo, gostaria de visitá-lo! Respondeu Maria Padilha
- Vamos então? Perguntou Tatá Mulambo
- Vamos sim! Respondeu Maria Padilha
Dama da Noite concordou em ir também, e então fomos! Quem seria esse homem agora?
Caminhavamos na estrada quando entramos em um pequeno caminho, era bem lamaçento, chegamos a uma casa, de barro com telhado de palha, ela era pequena, Tatá Mulambo, entrou e pediu para que acompanhássemos ela em silêncio.
Entramos, estava tudo escuro, apenas com a luz de uma vela, e então ela começou a dizer
- Tem visita para você, venha recebê-los.
Depois de falar isso, ela se sentou em uma poltrona, e então o silêncio tomou conta daquela ambiente, foi ai que, um barulho estranho ocorreu, um rosnado, parecia um cachorro, porem se arrastava, parecia um barulho de perna de cavalo, acho que era mais um daqueles bichos, e foi então que uma vela se acendeu do nada, e la estava o rosto de um bode, o peito de um homem e as pernas de bode também, Padilha sorriu e disse
- Seu Belzebu, que bom revê-lo!
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Histórias de um Cabaré (Um conto de Pombo Giras)
EspiritualAquelas mulheres, ah, como eram lindas! eu amava vê-las todas as noites..