A tal visita

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Então me levantei daquela esteira, eu estava sem camisa e com uma calça branca de pano fino dobrada na altura do joelho, rapidamente me virei para ela e perguntei

- Minhas roupas? Onde estão minhas roupas? Onde esta meu casaco? Minha calça? meu sapato?

Padilha respondeu.

- Seu moço a partir de hoje, essas serão suas roupas, apenas esta calça!

Eu sabia que não adiantava discutir com nenhuma delas, afinal falaria com o nada, pois tudo o que eu queria elas contrariavam!

Bom, saímos daquela cabana e voltamos para estrada, caminhamos por um tempinho quando de longe avistei uma cidade, ela era escura e vazia, mas me recordava daquele lugar, mas não sabia dizer o que era realmente!

Chegamos em frente ao cemitério daquela cidade, Padilha foi na frente e saudou um homem que estava com um chapéu de veludo preto sentado em um banco, com apenas a luz de uma vela, ele estava apenas de calça, que por sinal também estava dobrada na altura do joelho! Padilha de longe fez um sinal com a mão me chamando, então fui, cheguei mais perto aquele homem levantou o rosto, que agonia me deu, o rosto dela era osso só! Padilha se virou e me apresentou para ele

- Seu Tatá Caveira, esse é um homem em aprendizado, ele quer conhecer onde seu corpo descansa!

Dei boa noite, e aquele homem respondeu com um ar muito bem humorado

- Ah, você ainda vai ter muito que aprender!

E então aquele homem gritou

- Seu João venha cá!

Apareceu um homem com aparência velha e muito magro, estava quase em osso, e por sinal estava muito bêbado, ele sorriu e falou

- To aqui cabra!

- Seu João Caveira, leve eles até meu camarada e peça para que ele amostre onde descansa o corpo dele! Disse seu Tatá Caveira

Padilha agradeceu e entrou comigo, Mulambo e Dama ficaram la fora, perguntei para ela

- Maria, porque elas ficaram la fora e você entrou?

Então ela respondeu

- Dama não gosta de entra muito em lugares assim, entra quando necessário, ela gosta de fervos e festas, e Mulambo deve ter ficado por que quis, pois ela vai aonde quer e quando quer! Eu entrei pois não quero que vá só!

Agradeci a ela pela companhia, e novamente fiz uma pergunta

- Maria minha flor me explique um negócio, porque existe tantos "Caveiras", e Tatá, e João, me explique.

- Seu moço, seu Tatá Caveira manda em todos eles, ele é como se fosse um mestre, nada pode ser feito sem antes consulta-lo, Tatá vem de origem Angolana, que significa Papai, e caveira por ser do jeito que é, ele foi em seu tempo de vida um mestre! entende? Ela respondeu

- Entendi.

Agora sim estava quase tudo explicado, então seguimos aquele caminho dentro daquele cemitério, seu João Caveira ia na frente caindo pros lados, até que nos aproximamos de muitas campas e então ele gritou

- O seu Sete, saia dai "homi" tem gente pra ajudar aqui!

Do outro lado das campas, saiu um homem com uma roupa toda preta e um rosto de um homem bem velho, sua barba parecia muito suja e suas mãos também, e então seu João Caveira disse

- Que bom seu 7 Campas que saiu tão rápido, agora amostre para esse homem onde o corpo dele descansa!

Seu João caveira se despediu e foi embora, seu 7 Campas mal falava, ele andou, andou, até que chegou em uma campa, ele a abriu e apontou, e ali estava meu corpo! Que cena horrível não queria mais ve-la, pedi para que ele fechasse aquilo, e então novamente me veio aquelas visões horríveis, e então vi como eu morri.

Histórias de um Cabaré (Um conto de Pombo Giras)Onde histórias criam vida. Descubra agora