Confusões de uma Nerd [DEGUSTAÇÃO]

c a p í t u l o 3

Acordo ofegante e com meus batimentos cardíacos acelerados. As imagens referentes ao pesadelo que tive com a minha irmã me parecem tão claras como a realidade. Assim como anos atrás, Emily descarregava suas humilhações em cima de mim. Dizendo repetidas vezes porque Bryan havia me trocado por ela.

Fecho meus olhos com força, na tentativa de afastar a lembrança dolorosa do acidente que culminou no fim do meu noivado. Precisando de um esforço enorme para evitar que as lágrimas venham à tona.

Apenas não compreendo por que diabos eu sonhei com isso agora? Mais de três anos se passaram desde então!

Mesmo destruída com a maneira com que Bryan e eu rompemos na época, as infinitas sessões de psicoterapia me ajudaram a colocar uma pedra sobre o assunto. A partir de então, consegui abandonar meu emprego, sair da casa dos meus pais e mudar de cidade. Direcionei toda a minha frustração para a área acadêmica e dediquei minhas horas livres ao melhor trabalho voluntário que eu poderia encontrar, com o intuito de preencher o vazio do meu coração.

O pensamento me traz de volta ao presente, fazendo-me perceber que já tem algum tempo desde a última vez em que estive na Casa de Abrigo Evans. Sendo o único lugar no mundo com o poder de me acalmar quando a tristeza me abate, decido aproveitar a tarde de sábado para colocar minha visita em dia.

Espreguiço-me na cama, observando que a claridade oriunda da janela me parece muito forte, como se o Sol já estivesse bem alto. Olho para o relógio sobre o criado-mudo e exclamo um palavrão, levantando num sobressalto.

— Merda! Qual o meu problema? Por que eu não posso agir e viver como uma pessoa normal? — grito em voz alta levantando as mãos para cima, imaginando mil e uma formas de Melinda Carrasca me comer viva.

Supondo que a reunião com os patrocinadores esteja prestes a começar, estou certa de que meu atraso será um prato cheio para minha chefe acreditar que minha irresponsabilidade se estendeu durante todo o período em que a mesma esteve ausente.

Como se as modificações que realizei sem o seu consentimento já não me preocupassem o suficiente!

Corro para o banheiro e faço minha higiene em tempo recorde. Uso o antisséptico bucal, confiando em sua habilidade de causar um milagre na minha boca, matando os germes e deixando meu hálito fresco.

Coloco a primeira roupa que avisto pela frente e saio com minhas sapatilhas velhas na mão, pulando de um pé para o outro para poder calçá-las, enquanto solto um suspiro desanimado.

Eu realmente poderia me acostumar a usar saltos, como fiz durante as últimas duas semanas. No entanto, uma vez que o Capeta Loiro está de volta, certamente eu voltarei a correr infinitas vezes por dia até a cafeteria da esquina. Logo, não será uma boa ideia tentar me equilibrar em cima de saltos tão altos, enquanto evito derramar o café e chegar com ele quentinho até a mesa de Melinda, ao mesmo tempo.