O ato gentil

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   - Lidewij? Lidewij, acorde! Nós temos um evento hoje, lembra?

   Ah sim, lembro! A peça em homenagem aos 300 anos da cidade. Nossa presença é obrigatória e todos estarão lá. Quando digo todos, quero dizer os nobres. Não era permitido a entrada de plebeus em eventos assim, ao menos que fossem convidados pelos da alta sociedade ou que participassem da organização. Eu não acho isso certo as leis do nosso país e tenho certeza de que minha mãe também achava isso. Eu não consigo entender porquê meu pai escolheu ser assim. Mas como eu sou apenas a princesa, tenho que aceitar até que a coroa seja passada para mim e ao meu futuro marido.

   - Querida? Lidewij? - meu pai batia na porta - Vamos atrasar.

   - Estou acordada! Daqui à pouco estou descendo.

   Me levantei rapidamente após olhar o relógio. Ele tinha razão, eu estava atrasada. Não estava com tempo para escolher então peguei a mais simples para eventos importantes - um lindo vestido lilás e preto, com renda e estampas (vestido da multimídia) - Desci rapidamente e consegui ouvir minha madrasta tentando delicadamente convencer meu pai de que seria melhor não esperarem por mim.

   - Cheguei! Demorei muito papai?

   - Não, querida. Afinal, está deslumbrante.

   - Obrigada!

   - Então... Vamos? - minha madrasta sorriu incomodadamente.

   Eu entrei em uma Humber junto à minhas irmãs e papai dirigiu-se a um Riley preto com minha madrasta.
   A apresentação estava muito bem ensaiada, mas estava desesperada para chegar no palácio.

   Enfim, a apresentação acabou. Meu pai estava cumprimentando o Sr. Alberth na saída. Foi quando vi uma cena desagradável: como sempre, havia muitas pessoas querendo ver a família real por ali. Mas me chamou atenção uma menininha no colo de um dos guardas. Ela estava chorando, segurando uma folha de papel na mão e na cabeça uma coroa de papelão. Eu logo me aproximei.

   - O que está acontecendo? - perguntei para o guarda que segurava a criança.

   - Não sabemos quem é a mãe desta criança alteza.

   - Posso conversar com ela um pouquinho?

   - Será difícil, ela não quer para de chorar.

   - Coloque-a no chão - ordenei.

   Ele a colocou calmamente e assim que ela pisou no chão correu em minha direção e me abraçou com um sorriso no rosto.

   - Cadê seus pais pequena? - perguntei ao me ajoelha perto dela e acariciar seu rostinho.

   - Eu não tenho mãe - respondeu tristinha - e nem pai.

   - Você está sozinha?

   - Eu vim com a minha irmã, mas eu não sei onde ela está.

   - Você vai conseguir encontrá-la, tudo bem?

   Ela fez que sim com a cabeça, depois estendeu o papel para mim e disse:

   - Você pode escrever aqui que eu te conheci, por favor!

   - Vou fazer melhor que isso. - tirei minha coroa da cabeça - Promete que você vai cuida-la muito bem e não vai perde-la?

   - Vai me dá sua coroa? - ela ficou corada.

   - Sim! Eu tenho muitas dessas. Pode pegar, é sua - ela segura nervosa e coloca na cabeça.

   - Obrigada!

   Sua irmã chegou bem na hora. Foi quando eu percebi que todos que ali estavam, olhavam para mim, incluindo meu pai e seus nobres amigos. No fim todos aplaudiram. Menos os nobres que pareciam não satisfeitos e minha madrasta, que com certeza iria tentar convencer meu pai de que dar presentes para os plebeus era errado.

O Segredo Do Vale Da Lua - A Lua NovaOnde histórias criam vida. Descubra agora