O presente

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Na volta para o palácio, todos acenaram para mim sorrindo e eu os contribua com o mesmo. De alguma eu tinha despertado algo dentro deles. Esperança. Sentia que a partir hoje eles me olhariam de outra forma. Não só como uma princesa que no futuro ter am que servir, mas como uma amiga não tão distante que estaria sempre a sua disposição e lhe olhariam não só como um pedaço de terra.

Quando atravessei o portão do palácio, senti uma satisfação de dever cumprido. Uma alegria sem fim. E pensar que daqui a uma semana seria meu aniversário. Fazer tudo o que eu quiser ao menos um dia. Meu pai diz que o aniversário de 18 anos de qualquer princesa é especial. O dia em que ela se torna madura e está pronta para viver grandes emoções. Mas eu só espero que a partir deste dia minha vida se torne melhor.
Eu estava passando pelo jardim do palácio, o melhor lugar que eu encontro para refletir. Estava ansiosa para encontrar o Sr Valentin e lhe contar o que houvera acontecido. Então lhe encontrei sentado em um banco perto dos lírios brancos (eram seus preferidos). Ele estava de cabeça baixa, chorando.

- Por que chora o mais dedicado biólogo deste mundo? - me aproximei.

- Estava a sua espera princesa - ele estava sério.

- A minha espera?! - sentei do seu lado e o velho senhor, por quem eu tinha um grande carinho, começou a me encarar.

- Você é uma bela jovem e, acredite neste velho homem, terá uma boa vida - ele parou de falar, arrancou um lírio e o colocou atrás da minha orelha voltando a acariciar o meu cabelo - Querida, eu estou muito doente e quero passar os meus últimos dias de vida com a minha família. Eu pedi minha demissão e amanhã estou indo embora.

- Quê? - uma lágrima caiu dos meus olhos - Não!

- Quero dizer que você é uma garota muito especial, mais do que imagina - ele tirou do bolso do seu macacão um colar que me entregou - Sua mãe mandou eu lhe entregar isto no seu aniversário de 18 anos, mas como estou indo embora... Ela também mandou eu lhe dizer para pegar um livro na estante da biblioteca. É... o livro de número 400.

- Você... disse que ia passar o resto de sua vida com seus parentes, não disse?

- Querida, eu...

- Você nunca contou sobre seus parentes. Por que?

- Porque eu achei que eles não importava para você.

- Eu perguntei várias vezes sobre eles e a única coisa que me disse foi que eles moravam longe daqui.

- E moram, é por isso que nunca fui visitá-los. Mas você tem certeza que quer discutir isso agora?

- Não! - abracei-o - Quando eu estiver triste, com quem vou desabafar? Quando eu tiver alguma dúvida, quem vou procurar?

- Você não está sozinha Lidewij. Ainda irá acontecer muitas coisas boas para você. As coisas ruins são apenas obstáculos que só servem para mostrar que é capaz de passar por eles. Mas você tem que acreditar que é capaz.

- Eu não consigo sem você.

- Claro que consegue. Tem mais uma coisa que preciso te dizer. Até hoje você fez o que te pediram, mas chegou a hora de fazer o você quer. Porque você sabe o que é melhor para você.

Não consegui prestar atenção na aula depois daquela conversa. Eu sempre fui muito dedicada aos estudos, mas neste dia eu consegui arrancar um olhar de preocupação da Sra Louise. Mas depois eu pude explicar para ela que era por causa do Sr Valentin.
No fim da aula, encontrei Verônia cursando o corredor. Ela me parou e eu não me sentia preparada para lição de moral. É sempre assim ela nunca concorda com meus atos, principalmente, quando diz respeito de sua imagem.

- Olá, entiada querida!

- Olá Verônia! Acordou disposta hoje?

- Não muito, mas você parece ter acordado.

- Acordar para mais um dia me deixa bem alegre.

- Deixe de se fazer de boazinha e fingir que se importa com os plebeus - ela foi direta - Seu teatrinho não me engana.

- Não sou igual a você Verônia. Agora me deixe ir para o meu quarto, por favor.

- Sua doçura me enoja.

- É por isso que me odeia?

- Não, não é por isso.

- Eu nunca te fiz nada, então por que me odeia tanto?

- Você nasceu. Um dia eu ainda vou ver você entregar a coroa para minha filha Vilma.

- Isso nunca vai acontecer.

Dou as costas para ela e antes de dar o primeiro passo para ir embora, ela diz:

- Ainda vou ver minha filha sendo coroada, nem que para isso você esteja morta.

Eu respirei fundo. Senti medo, mas ela não poderia fazer nada comigo.

O Segredo Do Vale Da Lua - A Lua NovaOnde histórias criam vida. Descubra agora