- SOCORRO! POR FAVOR, ALGUÉM ME AJUDE! - eu gritava desesperada, mesmo sabendo que ninguém poderia salva-lá. Muitas pessoas saíram de suas casas e foram para a rua, mas apenas uma se aproximou para ajudar realmente.- O que está acontecendo? Eu sou médica, talvez eu possa ajudar. - disse uma jovem senhora, alta e de longos cabelos negros.
- O que minha mãe tem não é curável, senhora. Ela está morrendo, porém tente aliviar o seu sofrimento. Por favor. - eu disse entre lágrimas e muitíssimo desesperada.
- Leve-me até ela mocinha. - a senhora disse. - E eu verei o que posso fazer pela sua mãe. - concordei com a cabeça.
Corri para dentro de casa e deixei Chelsea, que ainda chorava, na sala para que ela não presenciasse nada mais traumático do que já viu. A senhora e eu subimos as escadas rapidamente para chegar ao quarto da minha mãe, porém eu parei na porta, em êxtase, levei a mão à boca, e pude ver da porta que ela não tossia mais, e sequer se movia. Ela estava morta. A senhora passou por mim e entrou no quarto, eu simplesmente fiquei parada, observando. Ela procurou pulso, mas nada encontrou. Depois de poucos minutos a senhora só falou o que eu já sabia.
- Eu lamento. Ela se foi. - disse a senhora para mim. Eu nada respondi. Estava em choque, lentamente me aproximei do corpo da minha querida mãe. Variadas sensações passaram por mim no momento, um vazio, um desespero, eu queria chorar igual a uma criança e não escondi isso, deixei as lágrimas escorrerem. Meu coração estava acelerado, eu estava tendo calafrios. Realmente minha mãe não veria Chelsea e eu grandes, ela não me veria formar na escola, nunca iria conhecer o meu futuro namorado, ela nunca poderá pegar seus netos no colo. Eu nunca mais a verei sorrir, brincar com Chelsea, beijar o meu pai. Várias memórias passaram então na minha cabeça em fração de segundos. Lembrei-me de quando fizemos um piquenique e começou a chover, nós corremos de volta pra casa, encharcou toda a nossa roupa. Lembrei-me também de quando ela descobriu que estava grávida de uma nova garotinha, e eu disse que queria que a minha irmã se chamasse Chelsea, porque achava lindo o nome, e ela me atendeu. Tantas lembranças. Eu abracei o seu corpo que ainda estava quente. Beijei sua testa. E chorando disse:
- Vá em paz, mamãe. - falei com a voz tremula. Levantei-me, e a senhora e eu saímos do quarto. Fechei a porta e desci as escadas, ainda em choque. Olhei para a casa, e mais lembranças vieram à tona na minha cabeça. Meu mundo perdeu parte do brilho que tinha. A morte dela já era esperada, porém eu não tinha como me conformar com isso. Vi Chelsea levantando-se do chão e vindo à minha direção. Seu rostinho estava vermelho de tanto chorar, ela realmente entendeu o que aconteceu. Ela andou até mim esfregando os olhos e caiu em prantos novamente.
- Mamãe. - ela dizia entre muitas lágrimas. Tão pequena. Eu me ajoelhei no chão para ficar do seu tamanho e dei um abraço apertado nela, que se desmanchou em lágrimas e gritos. Eu a entendia. Eu também queria gritar, mas mantive um controle para não piorar as coisas para ela. A senhora estava próxima à gente respeitando o nosso momento. Eu abri os olhos.
- Eu lamento muito. - a senhora falou. Eu concordei com a cabeça. - Seu pai. Onde ele está? - perguntou-me.
- Ele está trabalhando. - eu respondi.
- Tem o telefone do lugar? - ela perguntou.
- Sim. Está ali sobre aquele móvel. - respondi acenando com a cabeça para o móvel. Enquanto ela ia em direção do telefone, eu disse. - Muito obrigada. - ela apenas sorriu.
Enquanto ela ligava para o meu pai e explicava toda a situação, eu peguei Chelsea nos braços e a dei um banho. Tentei acalmá-la. Meu pai trabalhava no centro da nossa cidade, Celilte, e ia demorar bem pouco para chegar. Eu queria que Chelsea estivesse tranquila, porque sabia que o meu pai não estaria, e eu já estava cansada. Coloquei Chelsea na cama, que com certeza dormiria de exausta, pois chorou muito. Troquei de roupa porque meu vestido sujou completamente de sangue, e então fiquei ao lado dela até que dormisse, e não demorou muito. Sai do meu quarto, que é no mesmo corredor onde é também o quarto da minha mãe. Olhei para a porta fechada do quarto dela, por nada, simplesmente por olhar, minha ficha ainda não tinha caído. Quando fui descer as escadas vi que meu pai chegará correndo, junto com ele o Sr. Harrison, que deve tê-lo trazido de carro. Meu pai passou por mim em lágrimas, e sem me dirigir qualquer palavra, correu para o seu quarto. Eu olhei para o Sr. Harrison, que me olhou de volta com um olhar de muita pena. Desci as escadas até o seu encontro, e o abracei. Ele era o meu amigo. Da sala eu ouvi meu pai gritar no primeiro andar, gritar alto, ele dizia um sonoro "Não." Eu abracei Harrison com mais força, e novamente me coloquei a chorar.
- Calma querida, aqui estou. - disse Harrison passando uma de suas mãos nos meus cabelos tentando me confortar. Minha vida não será a mesma, eu sinto isso. Eu chorei mais. Os gritos do meu pai estavam me deixando desesperada, tornando tudo pior. Comecei então a tremer, sou muito nervosa. Uma forte onda de adrenalina toma o meu corpo por inteiro e minhas pernas fraquejam. Nunca tinha sentido aquilo. O mundo começou a embaçar a minha volta, então tudo apagou.
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Além da Coroa (Pausado)
Roman d'amourQuem via Amberly não imaginava o segredo que ela escondia por debaixo daquele belo rosto. As feridas de um estupro não eram visíveis na carne, mas ainda estavam na alma e ela ocultava muito bem isso com um falso sorriso. Por causa de problemas...