Depois de terminadas as comemorações, tudo parecia voltar à normalidade: a câmara exercia outra vez o governo, sem nenhuma pressão externa; o próprio presidente e o vereador Freitas tornaram aos seus lugares.
"Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até nenhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara; acrescendo que os reclusos da Casa Verde, desde que ele os declarara plenamente ajuizados, sentiram-se tomados de profundo reconhecimento e férvido entusiasmo. [...] Entretanto, a câmara, que respondera ao ofício de Simão Bacamarte, com a ressalva de que oportunamente estatuiria em relação ao final do parágrafo 4º, tratou enfim de legislar sobre ele. Foi adotada, sem debate, uma postura, autorizando o alienista a agasalhar na Casa Verde as pessoas que se achassem no gozo do perfeito equilíbrio das faculdades mentais. E porque a experiência da câmara tivesse sido dolorosa, estabeleceu ela a cláusula de que a autorização era provisória, limitada a um ano, para o fim de ser experimentada a nova teoria psicológica, podendo a câmara, antes mesmo daquele prazo, mandar fechar a Casa Verde, se a isso fosse aconselhada por motivos de ordem pública."
Entretanto, reiniciaram-se as prisões, agora com pleno consentimento da Câmara. São antecedidas de minucioso estudo: em cinco meses são recolhidos à Casa Verde apenas dezoito pessoas, que revelaram perfeito equilíbrio. Entre elas: o juiz de fora, o vigário, a mulher do boticário, um servidor da Casa Verde que se demonstrou leal e eficiente. Os desequilíbrios, as incoerências e os desvios de caráter eram agora considerados pelo médico como sinais de normalidade. Faz-se uma nova classificação dos loucos, incluindo: os modestos, os tolerantes, os verídicos, os leais, os sagazes, etc.