A
Morte
É
Difícil.
Profundamente, eu desejei estar morto. Todavia, o destino nunca faz nossa vontade. Ele sempre fará exatamente o que é deplorável, o que vai nos fazer chorar, o que vai nos maxucar, o que vai nos fazer preferir a morte, só que ele não vai nos dar esse prazer, pelo menos, não tão rápido.
***
Estava vivo.
Infelizmente, eu estava vivo.
Ainda não conseguia abrir os olhos. Tudo doía.
—Ele está acordando. - uma voz feminina anunciou.
Reconheci a voz.
Margo.
Tentei dizer algo, mas minha voz saiu fraca e incompressível.
Depois comecei à sentir pontadas pelo corpo. Ignorei. Queria apenas abrir os olhos.Todo esforço parecia inútil.
Tinha um colar cervical em meu pescoço.
Havia um gosto metálico na minha boca.
Sangue.
Com a queda devia ter mordido a língua, a sensação era mais que desconfortável.
De repente, senti mãos tocarem meu braço direito.
—Vou aplicar morfina. - a voz era de Marcelo. Parecia distante.
Gradativamente meus olhos foram se abrindo. A paisagem não estava nítida, eram apenas borrões. Tinha uma movimentação mútua no cômodo. Imaginei que fosse o hospital. Senti uma agulha penetrando a pele do meu braço.
Morfina.
Permaneci imóvel.
—Ele está com inúmeras fraturas. Não houve lesões. Quebrou um braço.- disse Marcelo.
— Deveríamos levá-lo para o hospital. - sugeriu Margo.
—Está de brincadeira? Eu não posso me expor dessa forma. A imprensa não deixaria um "acidente" como esse passar batido. Levantariam hipóteses, suspeitas... - sua voz estava disvirtuada.
—Ok! Entendi. - a voz dela estava calma e distante. Depois, não consegui mais ouvir o que discutiam.
Ouvi uma forte batida na porta.
***
Apertei os olhos e fiz mais esforço para abri-los.
Estava no meu quarto, estirado na cama.
Não via ninguém.
Sutilmente, tentei olhar para meu corpo, sem sucesso. O colar cervical não me permitiu.
Com um gesto quase imperceptível, movi minhas pernas e uma corrente de dor percorreu meu corpo.
Era um bom sinal.
Sentia minhas pernas. Doloridas. Mas sentia minhas pernas.
Também sentia meu braço esquerdo, rígido. Tinha quebrado. Nem tentei movê-lo. Não sabia ao certo se estava engessado.
Devo ter passado bastante tempo inconsciente. Pelas brechas das janelas não se via mais a luz, porém, o frio da noite estava presente.
A porta se abriu.
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Uma Voz Que Precisava Ser Ouvida
Mystery / ThrillerQuando um desconhecido passa inexplicavelmente a rondar a vida do astro adolescente Benjamin Bravanno, coisas estranhas começam a perturbá-lo. Uma obra eletrizante onde o protagonista vive um drama obscuro em busca de escapatória, mesmo que isso si...