14- A Nova Casa

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O anoitecer foi tranquilo. (Isso era novo para mim). Outra empregada levou o jantar ao meu quarto, achei um pouco estranho Margo não tê-los dispensado cedo, como sempre fazia. Mas, era óbvio que isso mudaria, ela não precisava mais fingir nada para mim. E da última vez que ficou sozinha comigo, não gosto nem de lembrar do que aconteceu. E além do mais, ela deveria estar aproveitando o luxo do casarão e os últimos serviços dos empregados, já que a mudança era concreta.

Eu não tentaria fugir naquela noite, por que, pensando sensatamente, o que ela dissera sobre ninguém acreditar em mim, era verdade e eu tinha plena consciência disso. Só que eu não me daria por vencido. Eu nunca me dava por vencido. Eu não ía sentar e assistir minha vida desmoronando, e ficar de braços cruzados. E mesmo que ela não demonstrasse, Margo, sabia que tinha que fazer mais do que só me jogar de uma escada para me parar. Eu não era só um pirralho, mimado, e ela sabia disso melhor do que ninguém.

Olhei para o relógio, marcava 23:00hs. De repente, lembrei que eu nunca fui de passar o dia inteiro dentro do quarto, longe disso, lembro que ía para a casa de Joaquim e que passávamos o dia jogando vídeo-game. Mas agora, eu simplesmente não posso nem sonhar em sair de casa.
Tinha meu próprio x-box, todavia não fazia diferença, eu poderia estar na Disneylândia, duvidava que algo me devolvesse a vontade de viver. Me esquecera até como era sorrir, acho que nunca mais faria isso de novo.

Tomei um banho rápido, fui para cama. Fiquei olhando para o teto, sendo bombardeado por pensamentos malditos e o que me pareciam delírios. Depois do que pareceram anos, o sono me encontrou, meus olhos foram se estreitando...

Pisquei algumas vezes...

Então...

Apaguei.

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Você precisa acabar com isso, criança. — uma voz aguda cantarolava. Meus olhos se abriram de súbito. Não conseguia ver quem estava cantarolando pois estava muito escuro, via-se uma silhueta, mas era como se fosse uma alma negra, à alguns passos da minha cama. Apenas a luz da lua invadia uma parte do cômodo, era a única iluminação.

Quem está ? — perguntei, com a voz cheia de medo, sentei-me na cama, estava tremendo, fiquei olhando para aquela figura na escuridão, sentindo o desespero crescendo dentro de mim, com dificuldade, inspecionei. Estava no meu quarto. que estava diferente, havia manchas de...sangue pelas paredes, como se dedos tivessem passado por . Esfreguei os olhos, agora, medo era pouco para descrever o que eu estava sentindo, tremia dos pés à cabeça. Foi então que percebi duas coisas. Uma, meu braço estava sem o gesso. Duas, não era o meu quarto, era o de Marcelo...

Uma Voz Que Precisava Ser OuvidaOnde histórias criam vida. Descubra agora