Capítulo VII

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"Esconder a dor é fácil. Abra um sorriso e diga: eu estou bem. Ninguém nunca lhe perguntará se é verdade ou não."

Voltar pra casa.

Acho que todos nós temos pesadelos dos quais não adianta fugir. Eles sempre renascem, cada vez mais violentos e surpreendentemente infernais.

Já era noite quando voltei pra casa. Eu apertei o botão 'ignorar' e assim acabei me esquivando de todos na mansão. Me tranquei no quarto. Vi as horas correrem sobremaneira.

Em algum momento da madrugada, meu celular começou a apitar desenfreadamente.

Emergi de um sono pesado. Saltei da cama para alcançar o celular que havia se enfiado em algum lugar naquele quarto. Liguei a luz.

Era Gabby. Mas àquela hora?

- Alô? Gabby?

Silêncio.

- Gabby?! Pelo amor de Deus, diga alguma coisa. - engoli em seco. - ISSO NÃO TEM GRAÇA!

A voz que soou em seguida me fez estremecer de cima a baixo.

- Você vai se arrepender de ter atravessado meu caminho, Benjamin.

Senti meu corpo petrificar.

- Q-quem é você? O que fez com Gabby? - berrei.
Uma gargalhada agonizante ecoou do outro lado da linha.

- Criança tola!

- O QUE VOCÊ FEZ COM ELA? - perguntei, ainda sem entender o que estava acontecendo. - FALE, SEU DESGRAÇADO! - senti minhas mãos trêmulas. Acalme-se, Ben, pode ser apenas uma brincadeira de mau gosto, pensei. Então eu ouvi. Era a voz de Gabby ao fundo. Chorando. Ela parecia estar sentindo dor. Eu não conseguia pensar direito.

- Não a machuque, por favor. Eu faço o que você quiser. - implorei, desnorteado.

Gabby gritou.

- NÃO TOQUE NELA! Por favor... Eu faço o que você quiser. Mas... Por favor.

Houve uma pausa. Pude ouvir a respiração do desconhecido. Em seguida sua voz cortou o silêncio:

- Arrogância... - sussurrou - Não estamos negociando. Não percebe? Nada pode te salvar, Benzinho.

Podia sentir meu sangue pulsando na garganta.

- O-o que você quer?

Outra pausa.

- Simples - retrucou - QUERO ACABAR COM VOCÊ.

- Eu só peço que deixe Gabby em paz. Faça o que quiser comigo. Ela não merece...

- Benjamin, Benjamin, Benjamin... São justo as pessoas que não merecem que sempre acabam levando a pior. Você não assiste filme de suspense, não?

- Por que está fazendo isso? - guinchei - Por que me odeia tanto? Por que?!

Então a ligação foi encerrada. O tempo pareceu se arrastar. Pensei em um milhão de coisas e ao mesmo tempo não consegui pensar em nada que pudesse ajudar Gabby. Ela estava correndo perigo.

Liguei para Axel. Ninguém atendeu. E agora? Gabby estava em Boston? Eu não tinha certeza. Ela poderia estar em qualquer lugar. Droga! Estava prestes a ligar para a polícia quando Billy apareceu de repente.

- Nem pense nisso! - disse, exasperado.

- Aonde diabos você tinha se metido?! - Agora não é hora de discutir com Billy, pensei. - Gabby parece ter sido sequestrada. Sei lá. P-preciso fazer alguma coisa. Vou ligar para a polícia!

Uma Voz Que Precisava Ser OuvidaOnde histórias criam vida. Descubra agora