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Queria só relembrar que qualquer tipo de plágio é CRIME.
Se descobrir uma história demasiado semelhante à minha, será imediatamente denunciada.
*
Para além disso, eu sou portuguesa, não brasileira, por isso a linguagem que utilizo corresponde ao português de Portugal. Qualquer palavra ou expressão que não entendam, comentem, ficarei feliz por poder ajudar.

Obrigada e boa leitura.

***

Já nem me consigo lembrar de quando é que os pesadelos começaram. Acho que sempre os tive. Tentar escapar é inútil, tentar não dormir desnecessário, porque é inevitável. Todas as noites, acordo pelo menos uma vez a ofegar, suada, a tremer. Mas sou demasiado orgulhosa para admitir que tenho medo do que vejo quando estou a dormir, talvez por isso nunca tenha falado a ninguém destes monstros que me atormentam.

Sempre achei que se os tivesse de ultrapassar sozinha, ficaria mais forte e estaria preparada para qualquer desafio. Estava enganada.

***

-Todos no Transporte, vamos partir! – Gritou um dos controladores que nos ia levar para o Campo. Esperem, não sou autorizada a chamar-lhes assim. Instrutores? Animadores? Bem, vai dar ao mesmo, estão aqui para impedir que nenhum miúdo tem a brilhante ideia de fugir sozinho.

Tinha acabado de entrar no Transporte quando ouvi o aviso e apressei-me a entrar no primeiro compartimento vazio que vi.

Os compartimentos são assentos com espaço para três pessoas. Sentei-me junto à janela e acenei levemente aos meus pais, que, parte desgostosos, parte satisfeitos, se despediam de mim. A minha mãe, Meg Jettling, estava bastante mais confiante que o meu pai, que envolvia os ombros de Meg com o seu grande e robusto braço.

O Transporte ainda não partira, pelo que eu, descansando o olhar nas silhuetas dos meus pais, procurava captar atentamente a sua imagem, registando cada pormenor na minha mente, qual pintor a planear uma obra.

Sempre quis saber pintar bem. Poder dar vida à minha imaginação numa tela branca. Poder deixar a tela vazia se não estivesse inspirada. Essa sensação de poder fascinava-me. Não pelo próprio poder em si, mas pelo leque de possibilidades existentes.

Fiquei feliz por ter logo descoberto um assento vazio, dava-me tempo para pensar. Podia até tentar engendrar um plano para escapar ao Campo! Talvez se me escondesse de baixo do banco do comboio ninguém notaria que faltava um participante e eu pudesse voltar a cas...

-Vou sentar-me.

Olhei e vi uma rapariga a saltitar para junto de mim. Só a conhecia de vista, era da minha Unidade. Era baixa, muito magra, esguia. Tinha os olhos castanhos, mas o cabelo, com os seus reflexos cristalinos ruivos, dava-lhe um ar interessante, misterioso. Ao mesmo tempo, o sorriso leve no rosto quase fazia parecer que queria ser minha amiga. Estranho. Os outros compartimentos deviam estar cheios para ela escolher a minha companhia. O Transporte já iniciara o seu percurso, pelo que talvez ela tivesse sido obrigada a sentar-se.

-Como queiras. – Resmunguei.

-Uau, tanta simpatia também não. – retorquiu. O seu tom sarcástico irritou-me.

-Claro, cara estranha, faz o favor de te sentares, estava ansiosa para te conhecer! – Falei a olhar directamente para ela, no tom mais irónico que consegui. Revirei os olhos e fechei o sorriso forçado que aparecera, passando a olhar a paisagem exterior ao nosso compartimento.

-Sou a Aria.

E não falou mais. Felizmente, devo acrescentar. Antes que comecem a achar que sou mesmo má pessoa, arrogante e falsa, deixem-me fazer uma pergunta: Sabem quando os vossos pais passam a vida a ser chamados à Unidade Escolar, porque vocês são considerados "mal comportados"? Sabem quando eles tomam consciência disso e vos decidem mandar para um Campo de Treino para corrigir a vossa atitude? Conhecem a sensação de os vossos pais vos quererem trocar por qualquer rapariga com um comportamento exemplar que lhes apareça à frente?

O País sem NomeOnde histórias criam vida. Descubra agora