VI

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O céu continuava negro como breu, decorado por inúmeras estrelas. Não era possível ver a lua.

Acabara já o tempo de discussão e preparação do jogo. Estávamos todos em roda, sentados na terra.

-Pode vir primeiro o grupo de Slaven, Proscut e Calvin, têm dez minutos. -disse Chow.

-Hey, Chow! -gritei.

Ele olhou para mim. Por não ter dito nada, presumi que pudesse continuar a falar.

-Eles agora vão dizer os nomes todos. Isso é injusto, podem haver alguns que nós não saibamos e assim ficamos a saber!

Na verdade, eu não sabia quase nenhum, mas o próprio conceito do jogo não fazia sentido e parecia que ninguém tinha sido esperto o suficiente para reparar.

Mais uma vez ignorou-me. Encolhi os ombros e voltei a encostar-me na árvore imediatamente por trás de mim.

Observei cinco dos participantes do grupo a levantarem-se. Eram estes: Mary, o Lou (que, agora que me lembrava, era um dos dois rapazes que tinham ficado conscientes com a música no Transporte), um rapaz alto, musculado, de cabelo preto como breu e pele bronzeada, uma rapariga de cabelo laranja, um ruivo hipnotizante que se aproxima à cor de uma cenoura e dois participantes de Calvin, um rapaz e uma rapariga, ambos baixos, de cabelo negro, sendo a rapariga ligeiramente mais alta.

A ruiva tomou a palavra:

-Bem, decorar os nomes dos do nosso grupo, não foi difícil. Já para saber os nomes das outras Unidades tivemos bastante trabalho. De qualquer forma, porque ninguém nos indicou se é suposto saber os nomes completos ou só o primeiro nome, registámos apenas alguns apelidos.

A rapariga de Calvin prosseguiu:

-Porque também não foi exigida a fonte a partir da qual soubemos os nomes, esta permanecerá confidencial.

Não me contive. A linguagem elaborada que estavam a usar tinha um toque de ridículo que me forçou a rir.

Mais uma vez olharam todos para mim.

Mais uma vez o Chow fulminou-me com o seu olhar austero.

Mais uma vez fui completamente ignorada.

Em suma, nada de novo.

Lou pareceu confuso, mas, ao olhar para mim, sorriu de leve e tentou abafar o clima tenso que surgira.

Pigarreou, sacudiu a cabeça como que para se concentrar e iniciou a lista.

Um a um, foi dizendo, sem hesitação, o nome dos vários participantes, por ordem alfabética. A rouquidão da sua voz conferiu uma certa musicalidade à listagem.

A rapidez com que apontava para cada pessoa e imediatamente proferia um nome era alucinante.

Não sorria para ninguém.

Não deixava qualquer emoção transparecer.

Simplesmente prosseguia.

Chegou ao meu nome, contudo, e hesitou.

A sua voz tremeu de uma forma quase imperceptível ao dizer "Samantha Jettling", de modo que eu, não fosse a sua expressão momentaneamente confusa, ter-me-ia questionado se ele realmente hesitou.

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