O céu continuava negro como breu, decorado por inúmeras estrelas. Não era possível ver a lua.
Acabara já o tempo de discussão e preparação do jogo. Estávamos todos em roda, sentados na terra.
-Pode vir primeiro o grupo de Slaven, Proscut e Calvin, têm dez minutos. -disse Chow.
-Hey, Chow! -gritei.
Ele olhou para mim. Por não ter dito nada, presumi que pudesse continuar a falar.
-Eles agora vão dizer os nomes todos. Isso é injusto, podem haver alguns que nós não saibamos e assim ficamos a saber!
Na verdade, eu não sabia quase nenhum, mas o próprio conceito do jogo não fazia sentido e parecia que ninguém tinha sido esperto o suficiente para reparar.
Mais uma vez ignorou-me. Encolhi os ombros e voltei a encostar-me na árvore imediatamente por trás de mim.
Observei cinco dos participantes do grupo a levantarem-se. Eram estes: Mary, o Lou (que, agora que me lembrava, era um dos dois rapazes que tinham ficado conscientes com a música no Transporte), um rapaz alto, musculado, de cabelo preto como breu e pele bronzeada, uma rapariga de cabelo laranja, um ruivo hipnotizante que se aproxima à cor de uma cenoura e dois participantes de Calvin, um rapaz e uma rapariga, ambos baixos, de cabelo negro, sendo a rapariga ligeiramente mais alta.
A ruiva tomou a palavra:
-Bem, decorar os nomes dos do nosso grupo, não foi difícil. Já para saber os nomes das outras Unidades tivemos bastante trabalho. De qualquer forma, porque ninguém nos indicou se é suposto saber os nomes completos ou só o primeiro nome, registámos apenas alguns apelidos.
A rapariga de Calvin prosseguiu:
-Porque também não foi exigida a fonte a partir da qual soubemos os nomes, esta permanecerá confidencial.
Não me contive. A linguagem elaborada que estavam a usar tinha um toque de ridículo que me forçou a rir.
Mais uma vez olharam todos para mim.
Mais uma vez o Chow fulminou-me com o seu olhar austero.
Mais uma vez fui completamente ignorada.
Em suma, nada de novo.
Lou pareceu confuso, mas, ao olhar para mim, sorriu de leve e tentou abafar o clima tenso que surgira.
Pigarreou, sacudiu a cabeça como que para se concentrar e iniciou a lista.
Um a um, foi dizendo, sem hesitação, o nome dos vários participantes, por ordem alfabética. A rouquidão da sua voz conferiu uma certa musicalidade à listagem.
A rapidez com que apontava para cada pessoa e imediatamente proferia um nome era alucinante.
Não sorria para ninguém.
Não deixava qualquer emoção transparecer.
Simplesmente prosseguia.
Chegou ao meu nome, contudo, e hesitou.
A sua voz tremeu de uma forma quase imperceptível ao dizer "Samantha Jettling", de modo que eu, não fosse a sua expressão momentaneamente confusa, ter-me-ia questionado se ele realmente hesitou.
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O País sem Nome
Misteri / ThrillerImaginam o que seria se, de repente, fossem obrigados a ir para um campo de treino? Por iniciativa, não de um professor, não de qualquer funcionário da Unidade Escolar, mas pelos vossos próprios pais! Como reagiriam se tivessem de estar três meses c...