A mais baixa das três rebeldes foi a primeira. Levantou-se de um salto e veio ter comigo. As outras duas entreolharam-se e seguiram-na. O rapaz alto com quem a Annia estava a falar veio também. A Ev e a Aby ficaram (deviam querer saber como é que a discussão tia acabar). A Aria foi para junto de Jo. Pouco a pouco, a multidão foi tomando o seu partido. Criou-se um espaço entre os dois grupos, o de Jo ainda maior que o meu. Sim, porque ela parecia não se querer precipitar. Visivelmente, a sua confiança em mim era tanta como a de um astronauta a um saco de plástico para conservar o oxigénio.
Olhei para ela, que estava claramente desconfortável e parecia estar em luta consigo própria.
Eventualmente, encolheu os ombros, disse qualquer coisa a Aria, que pareceu surpresa, saltou da pedra e veio ter comigo.
-Foi a primeira e última vez que me fizeste engolir o orgulho.
Fiquei feliz.
Não por ela se ter juntado ao nosso grupo, não por ela se ter "submetido", mas por ter contrariado o orgulho a favor da decisão mais lógica a tomar. Falo por experiência própria, não é fácil.
Pronto, honestamente, talvez tenha ficado ligeiramente satisfeita por se ter submetido.
Por favor não pensem que estou a assumir o comando, nada disso. Só quero que isto acabe o mais rápido possível.
O grupo de Jo dissipou-se gradualmente e acabamos por começar todos a andar na direcção inicial.
Comecei a ouvir certos "Eu disse que era melhor termos lá ficado", o que, para ser sincera, me irritou bastante. Quero dizer, se soubéssemos que era inútil andar, naturalmente que não teríamos estado duas horas a caminho.
A primeira rapariga a integrar o grupo, veio ter comigo, interrompendo os meus pensamentos.
O seu cabelo era parecido com o meu. Bastante parecido mesmo, era apenas mais loiro. Os olhos eram castanhos, um tom vulgar. Era bastante mais baixa que eu, menos magra. Mas nada rechonchuda, eu é que sou anormalmente esguia.
Achei engraçado o facto de não ser fácil identificar a Unidade da rapariga (ainda nem sabia o seu nome). É raro ser-se baixo e não ter nascido em Calvin, a cidade gigante das pessoas pequenas.
Não sei se é selecção natural ou assim, mas no País, o habitante comum é bastante alto, comparado com o de Calvin.
Presumi que a rapariga viesse de Proscut, o deserto, pelas ligeiras sardas espalhadas pelo seu rosto. Não conseguia, no entanto, ter a certeza, porque o tom dos seus olhos podia acusar ter nascido em Slaven, a Unidade do mar.
-Como te chamas? -perguntei.
-Mary.
Estava intrigada com esta pequena rapariga. A sério que estava. Ela não me irritava e eu tinha curiosidade em conhecê-la. Não me era indiferente.
-Como te chamas? -olhou para mim ao perguntar.
-Sam.
-És parecida comigo, Sam. -desviou o olhar, focando-se no caminho, verde, à nossa frente.
-Desculpa?
-Acho que tu és parecida comigo. -articulou de uma forma exagerada cada palavra, num tom sarcástico. Depois riu-se, olhou para mim e sorriu. A leve irritação que se apoderara de mim desvaneceu. Ela estava só a brincar.
-Talvez me dê bem contigo, Mary. -Gostei de pensar que tinha encontrado uma provável candidata a minha amiga.
-Possivelmente. -retorquiu, indo logo ter com as duas outras "rebeldes".

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O País sem Nome
Mystery / ThrillerImaginam o que seria se, de repente, fossem obrigados a ir para um campo de treino? Por iniciativa, não de um professor, não de qualquer funcionário da Unidade Escolar, mas pelos vossos próprios pais! Como reagiriam se tivessem de estar três meses c...