Capítulo I

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Queria voltar para minha cidade.

Queria ter de volta os meus amigos e familiares por perto.

Poder presenciar o nascer do Sol às 6:00 da manhã no Rio de Janeiro é tão lindo. É como se os raios penetrassem meu corpo e invadissem minha alma, contagiando-a de força, disposição e todos os sentimentos puros existentes.

Minha mãe recebera uma nova oportunidade de emprego aqui nesse lugar horrível. Particularmente não gosto de São Paulo. O Sol aqui não tem vida, é tudo tão preto e branco. O trânsito é insuportável, fumaça pra tudo quanto é lado, fora os xingamentos, palavras grotescas e gestos totalmente sem pudor algum.

Nos mudamos faz uma semana. A casa ainda está uma bagunça. Mamãe está feliz, pra falar a verdade nunca mais a tinha visto tão feliz como atualmente, parece que todo o nosso passado torturante e assustador foi apagado. É como se as portas se abrissem novamente para nós, São Paulo lhe fizera bem até demais.

Uma semana foi mais que o suficiente para ela fazer amizades com toda a vizinhança, e conquista-los com seu lindo sorriso e carisma sem igual. Ela é a mulher mais incrível que eu conheço.

Segunda-feira iremos me matricular na escola mais perto de casa. Estou ansiosa, não posso negar, mas, acho que não vou fazer amizades tão cedo, afinal de contas nunca fui tão participativa nas aulas, muito menos entrosada com a turma.

Deito-me na minha nova cama, por cima da bagunça que ainda me resta arrumar nas gavetas e armários. Pego meus fones de ouvido e ligo em qualquer música, só quero relaxar. Fecho os olhos e me esqueço de tudo. Apenas sinto a calma reinar em mim e as lembranças me consomem.

Lembro me de Gabriel, que saudades dele, queria que ele estivesse aqui comigo, igual sempre esteve.Lembro me de Ana, Scarllet e Duda. Lembro me também das risadas no final da sala. Lembro dos meus avós que deixamos la no Rio. Lembro da vovó Dinny e suas macarronadas, que serviam de desculpa pra reunir toda a familia aos fins de semana, sempre foi divertido. Lembro também do meu avô Charlie e seus dominós, sempre ganhava dele, apesar de achar que ele que deixava, porque ele sinceramente era muito bom com isso.

Ultimamente, todos da família estavam preocupados com seu estado de saúde, devido algumas suspeitas de CA (câncer). Mas ele está bem, eu sei que está.

Lembrar deles me relaxava, e me sentia feliz, mesmo estando tão longe.

Permiti-me dormi algumas horas. Acordei com batidas na porta do quarto, era mamãe.

- Você não vem jantar, Izy? - Tirei os fones do ouvido, levantei e olhei pra ela um pouco atordoada, pois minha vista ainda estava escura.
- O que vai ter pro jantar chefa? -Eu brinco e ela sorri, fazendo habilidosamente um coque na cabeça e responde :
- Sua comida favorita!
Abro um sorriso e vou correndo pra cozinha.
- Não acredito mãe!!! Huum, que cheiro divino. Essa lasanha está com uma cara ótima. - Ainda terminando de falar, meto o garfo na mesma e como um pedaço, saboreando aquela maravilha.
- O que me diz senhorita? Sua mãe está aprovada?
- Nossa mãe, está maravilhosa! - respondi comendo outro pedaço, porque realmente estava.
- Então manda brasa, querida! - Ela falou com um sorriso de quem já imagina que não sobraria nada daquela travessa, e eu não duvido.
Comi muito, como se nunca houvesse comido nada antes em toda minha vida. Parecia que não existiria mais vida se eu parasse de comer aquela maravilha, até não restar absolutamente nada.

Quando terminei, ajudei mamãe com a louça e a todo instante ela me olhava sorrindo, achando que não poderia existir mais fome em mim, depois daquela noite.

Acordei algumas vezes durante o restante da noite, vacilantes visões, respiração controlada, breve visão de todo o quarto e então me cobria novamente até adormecer mais uma vez.

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