Capítulo II

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Acordei com o barulho do despertador as 8:00 da manhã.

Abro os olhos vagarosamente e logo em seguida às janelas do quarto. O que era escuridão tomara lugar agora, a claridade do Sol. As flores em cima da bancada dava um ar de colorido ao quarto.

Saio do quarto, desço as escadas e dou um bom dia contagiante para minha mãe. Assim que a vejo, noto que está cabisbaixa e triste, rapidamente minha expressao muda de alegria pra preocupação.

Corro o mais rápido que posso até ela, para saber o que estava acontecendo. Ela se desmanchava em lágrimas e soluços incontroláveis e vejo em suas mãos fotografias.

Fotografias. Que carregavam consigo lembranças de bons tempos, não mais existentes.

- O que você tem mãe? O que está acontecendo? - Perguntava a sacudindo e me desmanchando em lágrimas agora.
- Por que não me fala? - Aquela situação estava me matando, por que ela estava daquele jeito? Por que não me fala o que é? - Seu avô querida... - Ela falou com uma voz falha e rouca.
- O que aconteceu com o vovô Charlie? - Pergunto com mais lágrimas no rosto, por saber que o motivo era ele.
- Ele... morreu... Seu avô morreu Izy... - Ela falou finalmente levantando a cabeça e me olhando fixamente, esperando alguma reação.
- Ele não pode ter morrido mãe! - Desabei no chão aos prantos - Ele estava bem quando saímos de lá, ele me disse que estava. - Não era possível, procurei inúmeras justificativas pra justificar uma coisa que aconteceu.

Mamãe não falava absolutamente nada, apenas chorava e passava o indicador sobre a imagem do meu avô na fotografia. Agora, apenas lembranças.

Desabei em choro profundo, ele não estava mais vivo. Como seria minha vida agora? Com quem iria jogar dominó? E quem seria meu parceiro fiel nas piadas sem graças, na qual só nós entendíamos? Cadê meu avô? Preciso dele. Não pude nem me despedir dele, nem passear nas sextas, caçando frutinhas nas árvores da vizinhança rica e esnobe do bairro mais em cima.

Subi pro meu quarto e me tranquei. Eu precisava daquele momento. Eu precisava ficar só. Absorver tudo que acabei de ouvir. Chorar não é o suficiente. Precisávamos voltar por Rio, como será que deve estar a vovó Dinny? Com certeza péssima, igual a mim, a mamãe e o resto da família.

Inevitável não lembrar também dos meus outros problemas. Como a separação dos meus pais, a vinda pro Rio, a ida de Gabriel pro Canadá e por fim, às horrendas lembras do meu pai.

Vovô Charlie esteve comigo quando eu precisei, ele foi meu ombro amigo em todos os momentos, dava forças pra uma garota sensível, frágil e a mercê da vida, criasse força, se tornasse uma mulher forte e guerreira,que não desistisse.

Desci depois de alguma horas refletindo sobre tudo.

- Precisamos voltar pro Rio mãe - Falei em um tom firme à ela.
- Sim. Sua avô deve estar precisando da gente. Arrume suas coisas querida. Viajaremos a tarde, irei comprar as passagens agora. - Ela falou num tom completamente sem chão.
- A gente pode enfrentar isso juntas, mais uma vez. - Falei lhe dando um abraço apertado e aconchegante, segurando as lágrimas e tentando ser mais forte, como venho sendo.
- Vamos superar mais essa meu amor. - Ela falou fraca e com o rosto já coberto de lágrimas novamente. Com meu polegar enxuguei as mesmas e dei lhe um beijo demorado na testa.
Eu tenho que ser forte.
- Vamos sim. - olhei prós seus olhos azuis, agora tão melancólicos. - Vou subir pra arrumar minhas coisas, eles precisam da gente. - a soltei e subi as escadas em direção ao meu quarto.

Peguei a mesma mala que vim pra cá, voltaria pro lugar de onde nunca gostaria de ter saído. Joguei o que tentei arrumar nas gavetas e no armário, e o que ainda estava espalhado pelo quarto. Desci novamente e fui no quarto dela. Ela continuava lá, fitando seus olhos azuis naquela fotografia, ela com o vovô e a vovó. Me aproximei e permiti-me sentar na ponta da cama.

- Posso ver? - estendo a mão em direção a fotografia e ela me entrega dando um longo suspiro - Você parecia feliz aqui. Eles também. - Vi um sorriso desajeitado em seu rosto.
- Foi quando eu tinha dez anos. No meu aniversário. Passei a semana inteira falando que queria aniversário surpresa e então eles fizeram. Compraram um bolo enorme, com vários enfeites e chamaram meus amigos da escola e do bairro. - Ela deu uma pausa, como se estivesse relembrando daquele momento e se deliciando do mesmo, após anos. - Teve guerra de bolo... - Ela abre um sorriso de lado - ficou a maior bagunça, e foi seu avô quem começou a brincadeira. Foi o melhor aniversário que uma garotinha de dez anos poderia ter. - Outro sorriso surgiu no lugar das lágrimas.
- Imagino ! - Falei tentando imaginar a festa, realmente me pareceu bem divertida.






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