Capítulo IV

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Chegamos no aeroporto do Rio, estou animada por ter uma chance de rever minha cidade novamente, e também, meus familiares . Todavia, nada me impede de disfarçar tamanha tristeza, aliás, minhas causas de estar aqui não eram as melhores possíveis. Meu avô havia falecido. Isso foi a pior coisa que aconteceu, depois da separação dos meus pais.

Assim que saímos da sala de desembarque, avistamos a vovó nos esperando. Seus olhos estavam marejados, pouca coisa para as lágrimas percorrerem suas pele rosada.

Eu corri e a abracei. Chorei. Chorei o que me restava pra poder encarar de vez essa situação toda. Como se tudo estivesse morto, como se nada mais importasse. Eu chorei porque ele não estava ali, com uma plaquinha escrita com meu nome errado e rosas vermelhas, me esperando, como sempre acontecia quando eu fazia uma viagem. E ele nunca mais estaria. Nunca mais.

A soltei e dei oportunidade da mamãe e ela se abraçarem e fui aonde meus tios, temporariamente esquecidos, onde estavam. Os abracei e fomos todos para casa. Ao chegar em casa , arrumei minhas malas no meu quarto, e fui logo em seguida tomar uma boa ducha. Enquanto banhava, queria que juntos as águas que escorriam pelo meu corpo e desciam pelo ralo, fossem também aqueles sentimentos ruins, aquela angústia horrível. Poderia passar horas ali, como se a água me lavasse e depois daquele banho, tudo estaria bem, tudo voltaria ao normal. Sem perdas. Sem dores.
Fomos jantar, a casa estava muito silenciosa, acho que era como se fosse um sinal de respeito ao vovô, respeitar a sua ausência.

Terminamos o jantar, somente com algumas palavras trocadas e olhares melancólicos. Assim que ia subindo pro meu quarto, vovó me entrega um envelope amarelado, provavelmente escrito à algum tempo.

- De quem é vovó? - pergunto curiosa, adorava cartas, mas nunca andei recebendo muitas .
- É do seu avô querida. - Meu coração acelerou só de pensar no que teria escrito ali - Ele pediu pra mim lhe entregar quando ele partisse. - Ela pausa, como se quisesse esquecer desse acontecimento e me dá um beijo castro na tesa.
- Obrigada vovó! Eu te amo. - Falo a abraçando e logo em seguida subo com o envelope nas mãos.

Entro no meu quarto e me acomodo na cama, olho um pouco para o envelope e vejo a letra do vovô, apesar da idade, sua letra ainda era bem legível e bonita até.

Abri com todo o cuidado do mundo o envelope, não podia rasgar aquilo, era um presente do vovô pra mim, guardaria com o maior carinho.

Assim que consigo abrir o envelope sem rasgar, pego a carta e passo rapidamente os olhos, me maravilhando com a extensão e imaginado o que teria escrito ali.

" Minha querida neta,

Com certeza não estou mais com você nesse momento, eu sei que todos devem estar tristes com a minha ida inesperada, sei também que teria inúmeros jeitos de me manter presente na sua vida e na dos outros por mais tempo. Mas Izy, quero falar que eu quis assim, quis ir em um momento em que você e sua mãe não estivessem tão próximos a mim, eu esperei por isso, eu sei que você deve estar sem chão aliás, era eu quem te ajudava a levantar nessas horas.
Querida, eu sei que você é forte, sei que você vai me superar assim como todas as outras vezes, só que dessa vez, sozinha. Vai ser difícil, vai ser tortura lembrar de tudo que vivemos e ver que são apenas lembranças, porém a vida é assim mesmo minha doce Izy.
A vida já lhe prorpocionou tantos momentos ruins que eu sei que você deve se achar a pessoa mais amaldiçoada nesse mundo.
E mesmo não estando presente fisicamente, eu serei sempre seu avô , o 'fracasso' no dominó perto de você.
Me desculpe por ter tomado essa decisão, mas era necessário, eu já estava em uma situação muito complicada e não gosto de sofrer por causa de problemas que tem soluções.
Eu te amo querida, você já não é mais a garotinha sensível e frágil a mercê da vida, agora, você ja se tornou uma mulher guerreira e forte. Eu vi isso. Eu senti isso. E agora mais do que nunca, todos irão precisar de você.
Se cuida anjo.

Vovô Charlie"

Eu não sei o que tô sentindo agora. Só sei que me aliviou saber disso tudo. Eu amo meu avô e vou seguir em frente por ele. Eu sei que essa carta foi uma autorização pra mim não parar aqui. No mesmo ponto onde eu costumava pedir sua ajuda. E sim seguir em frente.








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