O subordinado

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Estávamos em frente dela, a Morte, depois de lhe contar mos o que se tinha passado, eu Elaine e Mikiu tínhamos ido falar com ela que nos encarava por logos e torturantes minutos

Ela suspirou e olhou diretamente para Elaine que a meu ver parecia nervosa- A alma do teu irmão está viva...- Um brilho nos olhos de Elaine pareceu aparecer- Mas é muito complicado tirá-lo daquele sítio.- Comecei a prestar mais atenção- Vocês sabem que cada um de nós tem um destino prévio, já traçado por nós deuses, mas os humanos sempre podem mudar o seu destino, só que esse destino que eles traçaram tem que acabar no mesmo ponto que nós escolhemos para ele terminar e quando vocês, humanos, morrem nesses termos não conseguimos trazer-vos para o abismo ou o paraíso, eles ficam num local onde eu nunca pus os pês nós deuses chamamos-lhe de "vazio" - Ela fez uma pausa provavelmente escolhendo as suas palavras- o teu irmão não devia ter morrido... só tu

Elaine não dizia nada e eu também achei que não me devia pronunciar isto não era assunto meu

-Isso não me importa, eu quero saber se há alguma possibilidade de o conseguirmos trazer desse sítio

A morte suspirou e fechou os olhos parecendo tentar lembrar-se de alguma coisa- Há uma maneira mas é muito arriscada, tanto para o teu irmão e para vocês

Elaine não pareceu tão convicta agora e Mikiu continuava calado a observar a conversa

-Nós vamos aceitar- Eu disse sendo observada pelos meus companheiros

-... Então tenho a vos dizer que é impossível traze-lo, sem deixar lá alguém- O ambiente ficou pesado, olhei pra Elaine que olhava para seus pês, acredito que ela não queira ficar lá pois tudo o que ela faz é para voltar a ficar com o irmão, não me atrevi a olhar para Mikiu por achar que ele me ia dizer para recuar

-Eu vou...- Disse sem olhar para eles

-Vais precisar disto- Disse Morte apontando para mim, em milésimos de segundo uma pequena esfera já estava nas minhas mãos- Quando encontrares o irmão dela, tu tens que toca-lo com essa esfera e logo eles voltaram para aqui instantaneamente mas têm que estar todos no mesmo local

Eu estava certa do que estava a fazer e tinha a esperança que não poderia ser para sempre, olhei para Elaina que parecia contorcer-se para ficar calada, olhei para Mikiu e senti o seu olhar preocupado

-Calma, só vou ficar lá até vocês encontrarem uma maneira de me tirarem de lá- Disse o mais calma possível, eu não estava a mentir, eu sei que Derek vai fazer os impossiv.... O que é que estou a pensar? Não posso tomar como certas as ações de outro... Não me quero desiludir...

-Yuri posso falar contigo?- Perguntou Elaine afastando-me dos meus pensamentos- A sós- Falou olhando para a Morte

-Levem-nas para a outra sala- Ordenou Morte para um dos seus criados, levaram-nos para uma sala pequena comparada á outra onde estávamos

-Obrigada!- Elana abraçou-me deixando-me estática sem saber o que fazer, Elaine nunca tinha demonstrado alegria ou gratidão foi sempre raiva e tristeza isto pegou-me de surpresa- Nunca vou poder agradecer-te!

-Até podes-Ela olho-me- Se alguma vez vires maneira de me tirar de lá algum dia, até pode ser daqui a vinte anos mas tira-me dali.

Disse um pouco mais desesperado do que queria parecer, ela assentiu e saímos dali, Morte parecia apreensiva e Mikiu não estava melhor, tudo isto por minha causa que dramáticos

-Vamos?- Perguntei atraindo a atenção de todos, Morte suspirou e olhou para mim como quem disse-se "para com esta loucura" mas eu só consegui negar com a cabeça, eu tinha medo, muito medo mas se fosse eu no lugar de Elaine também quereria alguém que me ajuda-se- Podes abrir o portal- Pedi-lhe

Nem foi preciso nenhum movimento da Morte, á minha frente agora estava o portal para o "vazio", aquilo dava-me arrepios era tudo negro mas não era algo normal era horrível como se estivesses a enfrentar os teus maiores medos

-Têm a certeza disto?- Perguntou Morte ainda receosa para nos deixar ir

-Sim- Respondi sem a olhar, entramos todos juntos num paço.- Elaine!? Mikiu?!- Gritei no meio daquela escuridão, assim que entramos deixei de sentir a presença dos dois, parecia que tinha andado quilómetros e nada, nenhum barulho, nenhum movimento. Merda, ou algo correu mal ou correu muito mal- ALGUÉM?!- Gritei mais uma vez, um assobio baixo, quase inaudível, passou pelos meus ouvidos. Parou por pouco tempo, mas depois voltou mais alto.

Parei, o assobio ia na melodia de uma música que eu não conhecia, concentrei-me o máximo possível no assobio e de onde ele podia vir andei calmamente até lá. A melodia embalava os meus pensamentos, de repente parou, abri os meus olhos rápido. Vi um rapaz mesmo num local escuro via-o perfeitamente, ele tinha cabelos loiros alaranjados espetados e olhos negros, ele encarava-me da mesma maneira como eu a ele, com espanto, ele era Crow o irmão de Elaine, assim que olhei para seu corpo vi a mesma roupa que tinha nas últimas memórias de Elaine observei melhor e vi feridas por todo seu corpo e um pouco na cara, apertei os meus punhos, ele não merecia isto.

Dobrei-me em frente dele- Vamos embora?- Perguntei invadindo os seus olhos com o meu olhar ele assentiu. Dei-lhe a mão e foi ai que relembrei a esfera que ainda trazia na minha mão "Eu ia dar a minha liberdade pela dele" Porquê? Porquê é que eu deveria abdicar da liberdade que me constou tanto a conquistar? Estes pensamentos invadiram a minha mente como um vírus, eu vou mesmo deixar tudo para ficar sem a luz do sol que tanto adoro para ser comida por esta escuridão? Dói, dói muito...

Crow puxou o meu braço, olhei-o e percebi o seu olhar de preocupação ele abriu a boca mas nenhum som saia

-Tu... Não consegues falar, não é?- Ele abriu um pouco o casaco mostrando uma ferida ainda aberta, mas que não sangrava, a passar no meio da traqueia "Vou tomar isso como um não"- Ok, temos que ir encontrar a tua irmã- Ele pareceu animar-se. Tentei concentrar-me no Mikiu, mesmo estando aqui pode haver uma possibilidade de conseguir falar com ele por telepatia

"Mikiu consegues-me ouvir?"

"Mestra?! Está bem!?"

"Sim Mikiu, encontrei o irmão de Elaine"

"Eu estou aqui com ela... Como vamos fazer para nos encontrarmo-nos?"

"Eu tenho a teoria de que estamos todos no mesmo local... Por isso vou tentar fazer algo, mantem os teus ouvidos á alerta"

Eu pensei que se eu consegui chegar até Crow ouvindo o seu assobio não vejo o porquê de eles não conseguirem.

-Crow podes assobiar mais uma vez?- Ele pareceu perguntar o porquê com o olhar- Eu acho que estamos num só local e com o teu assobio pode ser que eles te oução como eu o fiz. Eu sei que é rebuscado mas pode resultar.

Ele assentiu, suspirou e começou a assobiar aquela canção que não conhecia, mas me descontraia ele assobiava mais alto do que da última vez mas nada insuportável, abri os meus olhos e Mikiu e Elaine estavam á minha frente embalados pela linda melodia, provavelmente nem perceberam que já estavam aqui. Toquei no braço de Crow que tinha os olhos fechados, ele abri-os lentamente e assim que os seus olhos encontraram Elaine uma lágrima escorreu por sua cara e ele lançou-se nos seus braços, o que fez ela abrir os olhos bruscamente, mas assim que ela o viu abraçou-o. Mikiu abriu os olhos e viu aquela cena toda sorriu mas logo olhou para mim e ele já sabia o que iria acontecer.

-...Desculpem interromper-vos mas temos que ir, não é Elaine?- Disse lhe, ela olhou para mim e assentiu suspirando

-Crow- Elaine parou de falar e olhou para as suas marcas- ... Nós vamos trazer-te para o mundo real, ok? Tens só que ficar calmo.

Ele olhou para mim com um pouco de receio, fiz um sorriso calmo.

Aproximei-me dele em paços lentos e torturantes para mim, "Desistir de tudo" era o que passava pela minha cabeça. Não tive tempo para reagir alguém tinha-me tirado a esfera da mão, Mikiu!

Senti como se me tivesse partido, já estávamos de volta mas eu continuava a ver a cena em frente dos meus olhos, eu deixei aquilo acontecer, Mikiu ele sacrificou-se por mim, quebrar a linha entre um servidor e o subordinado é horrível uma dor inexplicável. Tudo ficou negro e a minha mente parece querer explodir.

A arma que escolhemos Where stories live. Discover now