Flashback part 2

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Não era nada como imaginei, e nem um pouco parecido aos filmes que via, não era quente nem em chamas, não era rustico, até era muito simples, mas sim muito grande.

-Deita-a aqui- Morte ordenou apontando para uma espécie de maca, mas feita de pedra cinzenta. Fiz como Morte disse, fui analisando o corpo de Cloe, estava pálida, em torno dos olhos havia grandes bolas negras e os seus ossos estavam delineados de negro com algumas veias a salientar-se no pescoço. Morte analisou-a, passou a sua mão na testa de Cloe fechando os seus olhos tentando perceber alguma coisa. Passados uns segundos suspirou- Deus retirou-lhe metade da sua alma...

-O que é que isso quer dizer?- Perguntei obviamente preocupada

-Um corpo não vive ou sequer sobrevive muito tempo com apenas meia alma... Ela vai morrer...

-Não há outra maneira? Eu faço qualquer quer coisa...

-Há uma maneira mas é muito complicada

-Eu faço- Disse sem hesitar

-Alith - Morte chamou

Uma rapariga, provavelmente da idade de Cloe, apareceu na sala, ela tinha olhos amarelos quase que florescentes e cabelos pretos, ela aproximou-se de Morte

-A única maneira de fazê-la viver é colocar outra metade de outra alma no seu corpo, mas isso é muito arriscado, para a alma da Cloe, para a nova alma que vai entrar e até o corpo dela pode não aguentar a pressão de duas almas diferentes, pôde até haver vários efeitos secundários, mas é a única hipótese que tens

-Eu faço, o que tiver que fazer, a culpa disto é minha não a posso deixar para morrer

-A culpa não é tua, Deus enganou-te

-Não estou a falar disso...- Eu disse pensando na minha mãe

-Ninguém pôde remediar a morte de alguém, nem eu, Deus provavelmente depois de retirar a alma da tua irmã iria tirar a tua e a do teu pai...- Morte disse- Yuri, sabes o que é um servidor?

-Não...

-Servidores são humanos, pessoas, normais, sem nenhum poder mágico ou sobrenatural, que tiveram uma experiencia quase-morte- Disse Morte olhando para o buraco da minha roupa de hospital-, os servidores cação as almas das pessoas da terra, quando já não têm mais vida nos seus corpos os servidores tiram as almas dos corpos e dependendo se foram boas pessoas ou más pessoas vão para o inferno ou para o céu, os servidores são a linha entre o mundo humano e o sobrenatural. Mas o servidor não faz isso sozinho, cada servidor tem um subordinado, os subordinados são pessoas que os servidores têm que escolher, o subordinado e o servidor são uma equipa, o elo que os une é apenas quebrado quando um deles morre-

-Então e os demónios e os anjos de que toda a gente fala? E Deus não devia ser bondoso? -Disse interrompendo-a

-Demónios e anjos existem sim- Morte sorrio- Demónios são pessoas que morreram e vieram parar ao inferno, o mesmo acontece com os anjos mas eles vão obviamente para o céu, há demónios que já nasceram com esses poderes mas isso apenas é possível se dois demónios tiverem um filho o mesmo se passa com os subordinados e os anjos, a morte não é o fim...

-Então e Deus? Ele não devia ser o todo bondoso?- Perguntei com receio

-...Ele já foi o todo bondoso... Ele já se preocupou com os humanos, já amou todo o tipo de criaturas que pisaram o mundo, ele até já amou demónios...

-Conta-me- Pedi baixinho

-No início do tempo- Ela fez uma pausa- havia outra Morte. Eu era apenas um demónio uma novata, Deus vinha ao inferno uma vez por semana para falarem do destino dos humanos que tinham chegado, o que sempre acabava numa enorme discussão e sempre que ele saia daqui sabíamos sempre Morte ia estar de mau humor, a Morte e Deus eram inimigos naturais, pelo menos era o que eu pensava, eu guardava os portões do inferno e sempre que Deus entrava e saia de lá ele sorria para mim, ele nunca me pareceu uma ameaça, ao contrário dos outros demónios, mas também nunca entendi o porquê de ele sorrir apenas a mim, houve um dia que Deus saiu do inferno cheio de raiva, nem parecia o mesmo, eu era muito inocente e cheguei ao pé dele e perguntei o que se passava, ele apenas sorriu para mim outra vez mas quando ele se estava quase a ir embora eu agarrei a ponta do seu casaco e sussurrei "Não baixe ao nível dela, o senhor é melhor". Se eu soubesse que Morte estava a ouvir-nos eu nunca teria dito tais palavras. Morte chamou-me e disse para eu me afastar dele, o que eu não cumpri por não ver o porquê de me ter de afastar. Depois desse dia sempre que ele ia ao inferno, depois de falar com Morte vinha sempre falar comigo, ficávamos horas a falar, até que chegou a um ponto onde nos apaixonamos, eu sabia que era erado, mas nunca pensei que tomasse as proporções que tomou. Um dia Morte chamou-me, ela disse que ia passar o seu título para mim e assim eu ficaria a nova dona do inferno ela disse-me que já era a hora dela, eu fiquei radiante com a notícia, pensei que assim seria mais fácil e teria mais tempo para falar com Deus e talvez, só talvez, eu conseguisse fazer com que demónios e anjos não se odeiem tanto, mas esse não foi o caso, no mesmo dia em que ela me deu a notícia ela deu-me o seu título, no dia seguinte Deus veio ao inferno quando ele me viu ele começou a gritar que eu não podia ter feito aquilo, eu tentei acalma-lo, mas quando lhe toquei o meu corpo foi capotado para o outro lado da sala e ai percebi o que aconteceu, a Morte não queria "demitir-se" ela queria manter-nos afastados e sabia que assim isso seria possível. Deus ficou abatido demais, nunca mais voltou ao inferno, passadas semanas, quase um mês, é que ele voltou mas ele estava diferente ele disse que ia conseguir que estivéssemos juntos, eu assustei-me o olhar dele não era normal era de um homem maluco, ele falou que se ele conseguisse ficar mais forte e fazer-me mais fraca e assim igualar-me a um demónio, ou até uma humana, eu disse-lhe que não queria, disse que tínhamos que manter o equilíbrio, mas ele não ouviu, no dia seguinte começou a tirar almas da terra e a mante-las em sua posse, quando eu o enfrentei a única resposta que ele teve foi "Eu estou a juntar-nos".- Morte explicou, eu não sabia o que dizer era chocante o que tinha acabado de ouvir- Yuri, para eu conseguir salvar a tua irmã, tu vais ter que a transformar no teu subordinado...

A arma que escolhemos Where stories live. Discover now