Caminho devagar indo para o salão dos homens.
Paro em frente à porta. Respiro fundo.
- Pode chamar o senhor Phillip? - digo ao mordomo do lado de fora.
Logo Phillip sai da sala com as mãos para trás e caminhando devagar, mas ainda com um sorriso no rosto.
- Alteza. - ele fez uma reverência.
- Gostaria que se juntasse a mim a noite para um jantar.
- Claro, com certeza. Quer dizer, hum, sim. - o sorriso dele parece ter o poder de iluminar uma sala.
Adoro o jeito dele atrapalhado mas fofo.
- Passo no seu quarto as 20:00.
- Certo. - seu sorriso aumentou com a expectativa.
Sigo para o jardim e não me permito virar para dar uma última olhada em seu sorriso.
Me encosto na parede e vejo Atari.
- O que está fazendo aqui? - pergunto.
- Não gosto do salão. Na verdade, não gosto do palácio.
- Você me lembra alguém, não lembro exatamente quem.
- Posso perguntar uma coisa?
- Já perguntou. - sorri sem mostrar os dentes e ele me olha debochado.
- Por que não me tirou daqui ainda?
- Não achou nada que valha a pena ficar?
- A comida.
- É, uma das melhores coisas daqui.
- Parece uma prisão.
- Está chamando a minha casa de prisão?
- Os muros podem dar essa impressão. - parece que sarcasmo é a nossa língua.
- Me encontre aqui amanhã à noite. Tenho que te mostrar uma coisa. Não é um encontro.
- Claro que não é.
- Não te daria essa oportunidade.-digo.
Entro antes que ele responda e sigo para o quarto do meu pai.
- Pai?
- Sim querida? - ele diz com os olhos no papel.
- Precisa de ajuda?
Ele se inclina para trás e olha pra mim.
- Tudo bem? - pergunto.
- Sim, estou bem.
- Quando podemos ir visitar a vovó? Sua mãe...
- Ela pode vir no seu aniversario.
- Mas quero ver o tio Henry.- mesmo ele não sendo da família, ainda o considero como se fosse, ele é um grande amigo do meu pai.
- Ele está na Finlândia.
- Ah... - tento não demostrar minha tristeza. - mas ainda quero ver a vovó.
O tio Henry e o papai são grandes amigos, e ele morou por um tempo perto da minha Vó para cuidar do meu avô, só por pura gentileza para o amigo que não podia se dar o luxo de largar o país para cuidar do pai. Infelizmente, meu avô faleceu, nunca chorei tanto.
- Ela é uma figura não é? - ele ri e sinto falta de ver essa expressão em seu rosto.
- Lembro que uma vez ela criticou o chef porque Henry fazia muito melhor e devíamos arrumar chefes melhores.
- A torta de maçã não é? - ele riu.
- Essa mesma.
Adoro minhas conversas com meu pai. É tão incrível como ele e minha mãe são contrários.
- Eu quero viajar. - digo.
- Por que será eu acho que já ouvi isso antes? - minha mãe entra no quarto.
- Falando nisso podemos ir no palácio de inverno visitar a tia Josie e o tio Kaden? Ou podemos ir na Finlândia mesmo! Ou para a França ver a tia Camille e o tio Ahren.
- Saudades dos primos? - mamãe pergunta.
- Mãe, tenho muitos familiares. E estou com saudades de todos eles. - digo. - eu quero viajar.
Ela sorriu, talvez lembrando de algo ou alguém.
- No seu aniversário todos virão te ver. - ela diz e abraça o papai pelas costas.
- Acho que sua mãe tem razão, você não pode viajar no início da sua seleção. - papai diz.
- Espera, isso não é para fugir da seleção é?
- Claro que não mãe!
- Kerttu, estamos todos com saudades deles, amigos ou família. - mamãe diz.
- Seu aniversário está perto querida. Vera todos em breve.
Revirei os olhos. Minha mãe tem razão, eles chegaram a um dia e já estou querendo fugir.
- Minha princesinha, eles são só garotos. - mamãe diz.
- Mãe, você deveria entender, você tinha a mesma vontade de mandar todos para a forca?
- Tinha, o tempo todo. - ela respondeu e papai olhou para ela como se lembrasse de alguma coisa.
Respirei fundo, eu tenho um encontro em menos de duas horas.
- Se me derem licença, tenho que me arrumar.
- Sim senhorita. - papai falou rindo.
Fui para o meu quarto e pedi a Cora arrumar meu banho.
Tomei um banho demorado e me arrumei com um vestido azul com mangas de renda, um pouco acima do joelho. Coloco um cinto preto e peço para Cora prender meu cabelo. Ela faz uma trança toda enrolada que fica perfeito.
- Está perfeita. - Cora falou.
- Obrigado. - sorri.
- Boa sorte.
- Vou precisar. - falei já no corredor.
Alex passou por mim sem dizer nada, sem nem olhar para mim, fiz alguma coisa errada? Achei estranho, mas estou atrasada, não posso ir atrás dele.
Segui meu caminho.
Vou até o quarto de baixo e paro na frente da porta de Phillip.
Bato na porta e espero seu mordomo atender.
- Alteza. - o mordomo dele atende.
- Eu pedi para ele ir embora, mas pelo que ele diz, eu sou uma criança e preciso de supervisão. - Phillip diz. Ele tem um dom natural de me fazer rir.
- Vamos, Phillip. - digo. - Gosta de fondue?
- Eu nunca comi.
- Nunca comeu? Precisa experimentar! Vamos...
Ele se balançou um pouco e me ofereceu o braço.
Vou guiando ele até uma sala no andar de cima.
- Então, Phillip, qual a sua história? - pergunto.
- Eu nasci em uma cidadezinha no interior de Midston. Morava com a minha mãe e meus irmãos.
- E seu pai? - o interrompo.
- Ele se mandou quando minha mãe teve o último filho, a minha irmã mais nova, a Sandy. eu sou o mais novo dos homens e com isso o mais próximo da Sandy. O mais velho é o Conor, já está casado e se mudou, depois o Renan, tem um namorada e mora na casa dela, o Corey, eu e Sandy ainda moramos com a minha mãe. Corey agora ganhou uma bolsa para ir estudar no exterior, e agora que eu estou no palácio minha mãe está só com a Sandy e ontem já recebi uma carta dela. - ele me olha e eu sorrio um pouco. - desculpe se estou te entediando com a minha história de vida.
- Nem um pouco. Continue. O que gosta de fazer?
- Com certeza poderia preparar doces o dia inteiro. Eu gosto tanto de comer os doces como de fazê-los.
- Não sei se sabe, mas meu pai adora fazer doces, ele só cozinha de vez em quando é só quando a minha mãe pede, é engraçado, ele faria tudo por ela, se ela o pedisse a lua, ele daria um jeito de conseguir para ela. - rio feliz pensando em meus país. Me assusta pensar que um dia posso ter algo como isso, mas me assusta mais por pensar que talvez eu nunca possa ter.
- E você sabe cozinhar?
- Se você não reparou ainda, há muitos funcionários aqui, o tempo todo, treinados para manter a minha barriga cheia.
- Isso é um não?
- Não exatamente. Eu sei uma receita, mas não levo jeito. É a que meu pai sempre faz para minha mãe. Meu pai me contou que a minha vó fazia para meu avô, ou o contrário. Eu sinceramente não lembro.
Nem notei quando chegamos. Ao entrar ele ficou pasmo com a mesa com as velas, a luz baixa para apreciar Angeles à noite, eu acho que me saí bem.
- Eu nunca preparei um encontro de verdade, me saí bem?
- Eu não sei, não tive muitos encontros, esse só até agora já é o melhor com certeza.
Ele puxa a cadeira para mim e eu me sento. Ele se senta do outro lado da mesa.
- Então, pedi para ninguém interferir, então vamos ter que nos virar. - pego os garfinhos de fondue. - Aqui está, fondue de queijo. Eu quis algo mais simples, diferente. Prove, assim... - peguei um pedaço de carne e mergulhei na panela de queijo.
- Deve ser muito bom. - ele mergulha o pedaço de carne no molho de queixo e coloca na boca. - Huuuuum! - foi a sua reação ao sabor da comida.
- Gostou?
- Muito! É tão simples, mas fantástico. - ele enfia mais um na boca.
- Então, continue sobre você. - Peço.
- Como eu tenho 4 irmãos, é difícil para a minha mãe pagar as contas então comecei desde cedo a trabalhar.
- Trabalhava com que?
- Eu trabalhava no mesmo lugar que trabalho, ou trabalhava, meu chefe me deu um tipo de ferias permanentes, ele disse que se eu voltar pra casa, posso voltar a trabalhar lá. Ele é como um pai pra mim. - Ele sorri torto.
- E sua mãe?
- Ela trabalhava um pouco em cada lugar, até ela se estabelecer em uma escolinha perto de casa. Ela trabalha como professora lá a mais ou menos dois anos. Eu amo a cidade onde eu moro, mas Angeles é linda.
- Com certeza, eu amo Angeles, na verdade, eu amo Íllea. - ele riu.
- Então você ama seu trabalho.
- É, amo mesmo. E em modéstia parte, sou muito boa no que faço.
- Administrar o país parece ser um trabalho difícil, mas você faz parecer fácil. Tem dom pra isso, fazer as coisas parecerem simples e perfeitas, faz tudo e todos parecerem felizes.
Corei. É tão estranho pensar que só me observando da televisão ele conseguiu enchergar um pedaço de mim. Tenho que me lembrar de que ele é um estranho e que não sabe o que está falando sobre mim.
- É sério, eu observei você a minha vida toda, cresci quase junto com a senhorita. - ele disse.
- Eu acho cedo para me abrir a alguém, tenho a impressão que posso confiar em você, talvez pelo estilo galanteador. - falei e ele riu.
- Eu vou esperar, a final, eu não tenho um compromisso aqui. - ele diz sorrindo de orelha a orelha.
- Então, está pronto para o próximo prato?A foto do capítulo seria como eu imaginei o Phillip.
Espero que tenham gostado!
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Depois de A Coroa
Fiksi PenggemarFanfick de A Seleção... "Senhoras e senhores! Este ano, 15 anos depois da seleção da rainha Eadlyn, a princesa Kerttu resolveu fazer a sua própria Seleção, como a da mãe, de garotos. 35 garotos serão sorteados para vir ao palácio disputar pelo cora...