Capitulo 11

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Meus pés doem, minha cabeça lateja, só quero a minha cama.
Estou tão cansada que poderia dormir aqui mesmo, no corredor do meu quarto.
- Kerttu? - Me viro e vejo Alex. - Tudo bem?
- Só estou cansada. - digo. - O que você precisa?
- Nada, só vi você nas escadas, parece destruída.
- Dançar com 20 e poucos garotos acaba fazendo isso com a gente. - digo já me deitando na minha cama.
Alex tira os meus sapatos e já estou de olhos fechados.
Sinto algo quente na testa, como se tivesse sido tocada por uma seda.
Abro os olhos e vejo os lindos olhos azuis e brilhantes de Alex.
- Boa noite Kerttu.
- Boa noite Alex.
Adormeço com um carinho na minha cabeça, algo que não tinha desde pequena. Queria dormir assim todos os dias.

Acordo perfeitamente bem.
Cora não está, não sei que horas são, e nem me importo, hoje é domingo e não planejei nada.
Me solto na cama e rolo para a beirada. Coloco meus chinelos e sento na frente da mesa.

"Tia Camille,
Poderiam fazer o favor de tirar seus traseiros reais da França e vir me visitar por favor?
Estou morrendo de saudades e preciso da sua ajuda.
Nunca conheci alguém tão apaixonada como você, só os meus país, mas não falaria disso com a minha mãe. Preciso que me ajude, eu nem sei o que estou fazendo. Alguns garotos são legais, mas sinto como se cada um deles tivesse uma parte perfeita para mim(Tirando os que eu não suporto).
Bom, escreva logo. Diga para o tio Ahren que estou com saudades e para a Mia e Alicia, diga que as amo e sinto saudades também.
            Com amor, Princesa Kerttu."

Tia Camille é o sinônimo de perfeição, ela parece ter uma bolha ao seu redor e todos que entram nela ficam felizes instantaneamente só por estar perto dela. E eu, sou o contrário disso. 

Afasto o pensamento da cabeça e coloco uma roupa, como não vou ter nada de especial hoje, coloco uma blusa e uma saia preta, saltos altos, e deixo o cabelo solto com a coroa.
Caminho indo para o escritório e encontro Alex no corredor indo pra lá também.
- Alex! - digo.
- Alteza. - ele faz uma pequena reverência.
- O que meu pai precisa?
- Preciso dar-lhes uma notícia, mais para a sua mãe do que para ele. - seu tom é preocupado, o que me faz ficar preocupada também. - Mas está tudo bem.
- Não parece estar tão bem assim.
Caminhamos de pressa.
- Majestade? - Alex diz entrando na sala. - Ligue a televisão. - mamãe obedece.
Vejo um rosto familiar na TV, mas não lembro exatamente quem é.
- E então? Os boatos são realmente verdadeiros? - o repórter pergunta.
- Eu não posso responder isso. - o homem na TV dá um sorriso que mesmo do outro lado da tela consigo ver que é falso.
- ah não. - mamãe diz.
- Quem é ele mãe? - pergunto.
- É um problema. - ela diz com os olhos ainda fixos na TV.
Voltei a olhar para a TV.
- A família real não pode esconder que a princesa Kerttu é a cara do senhor. - o repórter diz.
Com um gesto rápido pego na mão de Alex, não sei porque, mas só sua presença já me deixa mais calma e segura, como se nada no mundo pudesse me atingir.
- Desculpe, mas eu estou só caminhando na minha cidade, eu só quero ir para casa, me deem licença. Esse é um assunto que a família real tem que cuidar. - o cara diz.
Mamãe muda de canal várias vezes, em todos os canais vejo o mesmo rosto.
- Mãe? - digo.
- Kerttu, continue seu trabalho bem feito. Temos um problema.
- Se tem um problema, me deixe ajudar. - peço.
- Vamos pelo menos contar a ela o que está acontecendo Eadlyn. - meu pai diz em um tom doce que deixou minha mãe mais calma.
- Certo. - ela diz e engole em seco. - Há alguns anos, um amigo da família apareceu para me ajudar, mas ele não estava aqui para me ajudar, e sim para se aproveitar. Ele causou muita polêmica, como se estivéssemos tendo um caso. O que não estava acontecendo. Seu nome é Marid Íllea. Ele está tentando aproveitar a situação em que estamos, tentando transformar a monarquia, para entrar para a monarquia antes que ela acabe.
- O que ele está fazendo? - pergunto.
- Ele deu um jeito de fazer parecer que você é filha dele. De alguma maneira. Você nasceu loira, parecida com ele na verdade, mas na verdade você é a cara do seu avô. - ela sorri ao passar a mao no rosto e lembrar do seu pai, que está a quilômetros de distância.
- E o que vamos fazer? - Pergunto.
- Ignorar os boatos, eu nunca em nenhuma circunstância trairia seu pai. - ela diz e olha para o meu pai, que coloca a mão no seu ombro a apoiando.
- Certo. - digo.
- Não fale nada sobre isso. Se algum repórter perguntar, desminta. Você é Kerttu Koshinen, esse é o seu sobrenome.
- Eu sei disso mãe. - digo e tento manter a postura forte.
- Enquanto isso, continue com o foco, a sua seleção. Ele não vai conseguir fazer nada, por enquanto.
- Tudo bem. - me levanto. - Eu vou tentar ajudar de todas as maneiras possíveis.
- Obrigado querida. - papai diz. 
Saio do quarto incerta de onde vou.
- Alex, você não precisa vir comigo. - ele saiu do escritório comigo.
- Eu sei, mas não acho que você esteja bem. - ele segura minha mão, nossos olhares se encontram e ele à solta rápido. - Lembre-se que estou aqui, você precisa, eu estou aqui.
- Eu sei. Fico feliz. - sorrio.
- Vamos, quer um café? - ele começa a andar novamente.
- Bem preto por favor.
*
Vamos para a cozinha e tomamos café com biscoitos com gostas de chocolate.
Alex tentou me distrair e com sucesso.
- Alguém viu ela? - Ouço uma voz familiar. - Ah! Kert! Te procurei por todo lugar! - Iris vem até nós e eu e Alex nos matamos de rir dela.
- Desculpa, mas precisava dar um tempo. - digo.
- Podia ser comigo junto. Passa o prato. - Alex empurrou o prato com os biscoitos. - Me atualizem. Do que estavam falando?
- Culinária.
- Trabalho.
Falamos juntos.
- Trabalho.
- Culinária.
De novo.
- Se não quiserem falar tudo bem. - Iris diz. - Vamos falar de outra coisa.
- Me excluam das conversas de meninas. - Alex diz.
- Que pena, estava querendo falar sobre os novos sapatos, você já viu? - Falei.
- Não, aí devem ser maravilhosos! - Iris diz e começamos a rir.
- Tá! Tá! Chega! - Alex diz já rindo também.
*
- Jeremy! - O vejo no corredor. - Onde está indo?
- Estou perdido. Eu queria achar o banheiro, agora já sei onde tem um mais longe do salão dos homens. E não consigo voltar.- ele deu uma risada constrangida.
- O salão é para lá. - aponto. - Mas, você pode vir comigo e ajudar a escolher salgados e doces para a sua festa. - digo e seu rosto se ilumina por completo.
- É sério? - ele diz sem parar de sorrir e eu acinto com a cabeça.
Ele fez um som de comemoração e me levantou em um abraço. Me assustei um pouco, mas sua atitude foi tão inocente que nem me incomodei.
- Desculpe. - ele falou depois de me soltar.
- Tudo bem. - falei sorrindo. Eu realmente não me importei.
- É que desde que eu me lembro meus pais brigam, mas brigam tanto que nunca se deram o luxo de fazer uma festa para mim, ou só desejar feliz aniversário, ou pelo menos se lembrar. - ele engoliu em seco.
- Eu não vou esquecer. - ele sorriu.
- Obrigado.
- Vamos logo. - o puxo pela mão.

Vamos para o salão onde tem festas do tipo íntimas. Tem o salão maior para "bailes" e esse para festas com menos pessoas.
Há pessoas indo de um lado para outro com pranchetas e arrumando tudo de última hora.
- Vem. - chamo.
Sentamos em uma mesa e provamos todos os tipo de salgados e bolos possíveis e existentes no mundo.
- Eu não aguento nem mais olhar para um bolo. - Jeremy diz e eu ri.
- Nem eu. Vou mandar para a forca quem me aparecer com mais um bolo. - digo e ele chega a se inclinar para trás rindo.
- Quem faz uma ameaça de morte por causa de um bolo? - ele continua rindo.
- Uma princesa transbordando de bolo!
- Acho que vamos ter que correr umas cinco vezes ao redor do palácio para perder os quilos que ganhamos aqui. - Ele diz e solto uma gargalhada que nem Iris escuta a muito tempo.
Coloco a mão na boca pela vergonha.
- Me desculpe, se a minha mãe me visse... - digo ainda com a mão na boca. - É constrangedor.
- É incrível ver você rindo assim.
- Por que? Por que sou incapaz de rir?
- Porque ver você na televisão, sempre séria e rígida, parece uma armadura.
- Às vezes ela é necessária.
- Concordo, mas foi bom ver você rir, rir de verdade. Me pareceu uma parte de você que é escondida pela armadura. Obrigado por me deixar ver.
- Eu não deixei.
- Mas pelo menos agora sei que você não é de aço. - Ele sorriu simpático e sorri de volta.
Não foi como com os outros garotos. Quando um deles tentou me ver, de verdade, me afastei. Com Jeremy foi tão de repente e espontâneo. Foi tão natural, como se meu consciente soubesse que posso confiar nele.

Arrumamos todos os detalhes e depois sentamos no sofá assistindo a um filme enquanto todos ao nosso redor arrumavam tudo.
Estamos tão cansados que dormimos na metade do filme.
Acordo e Jeremy ainda está dormindo. Estou abraçada nele, me assusto de quão confortável me sinto em seus braços.
Saio com cuidado para não acorda-lo.
- Quando ele acordar, diga que tive que ir. - falo ao mordomo na porta.
Voltando ao meu quarto ouço vozes, entre elas a de Atari.
Não posso me encontrar com ele, droga.
Eu sei que estou no corredor dos selecionados, mas não esperava encontrá-los acordados ainda.
Corro para a primeira porta e entro.
À luz está ligada, a não...
- Alteza?
Me viro devagar e vejo Phillip, de toalha.
- Aí meu Deus! - me viro de novo.
Ele vai para dentro do banheiro.
- Desculpe por entrar assim, estou fugindo de uma pessoa em especial. - digo.
- Tudo bem, na próxima, bata por favor. - ele ri e sei que não está me xingando.
Me viro de novo e ele já está de pijama.
- Desculpe, eu tinha acabado de sair do banho. - ele parece meio envergonhado.
- Tudo bem. - digo. - Não me importo. Quer dizer, ver você de toalha realmente não é uma coisa ruim, quer dizer - coloquei a mão na testa e ele riu. - Me desculpe, não estou acostumada a encontrar garotos de toalha.
- Estou de pijama agora.
- Mas a sua imagem ainda vai ficar aqui por muito tempo. - digo e rimos.
- Quer alguma coisa enquanto está como fugitiva?
- Não, mas posso ficar aqui? Só uns minutos?
- Claro. Eu só vou terminar de escovar os dentes, estava pela metade. - ele riu.
- Certo.
Ele entrou no banheiro e fiquei olhando seu quarto.
Parece que o quarto de Phillip tem algo especial, como um legado.
Olho nas paredes, na mesa tem uns rabiscos como se tivessem saído sem querer do papel.
Claro, o quarto de Kile Woodwork.
Rio comigo mesma. Saudades dele.
Olho as fotos em cima da bancada e tento adivinhar quem é quem dos irmãos dele e por um momento, queria que a sua família também fosse a minha.
Ele sai do banheiro já falando.
- Nessa foto eu tinha 14 anos. - ele diz.
- Era tão fofo. E tem esse seu jeito desde pequeno, vejo só pela foto. - acaricio a foto com o dedo.
- O jeito de príncipe encantado? - ele ri.
- Esse mesmo.
- Estava tendo certeza que se tivesse essa seleção, que eu seria digno do meu primeiro amor. - finalmente olho para ele.
Com Phillip é tudo tão incrível, mágico, queria que cada momento com ele durasse a vida toda.
Sua expressão suave de antes se endurece, como se tivesse preocupado que não possa fazer o que quer.
Me aproximo com cuidado e em um passo nossos lábios se juntaram.
Um calor nunca sentido percorre meu corpo. Algo diferente de beijar Atari ou qualquer outro garoto que já beijei. Me sinto realmente amada, como se ele fosse o meu porto seguro, como se eu quisesse te-lo para mim por toda a minha vida.
No início da minha seleção, achava que algum desses garotos pudesse me fazer feliz, pelo menos um. Phillip me faria mais que feliz, eu não diria que o amo, mas ele me ama. Posso sentir só pelo jeito que me olha, eu tenho algo além de uma simples paixão, mas ainda não o amo como ele me ama. Talvez eu vá amar, mas essa sensação no meu peito me dizendo para me aproximar, para ficar, eu tenho que ignora-la por enquanto.

Eu ouvi um viva dos torcedores do Phillip? Comentem seus shipps e estrelinha!

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