Quem é Tao

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Ola, Tao!
Posso te perguntar como vai a vida?
Por favor não molhe essa carta com lágrimas, comprei o papel decorado com pandas para você, sei que gosta. Consequentemente ele é setenta centavos mais caros que os dos outros garotos, melhor guardar essa folha juntamente com meu dinheiro ou eu puxo seu pé a noite e sussurro um reembolso bem chato no seu ouvido.
Primeiramente; sei que você será um dos últimos a ler minhas mensagens por estar Fazendo tanto drama, okay eu morri, mas todo mundo morre no final. Então por demorar tanto, eu presumo, também demorei pra escrever isso e confesso que até inventei uma música enquanto fazia hora. Obviamente eu não vou colocar aqui, pois além de todos os direitos autorais serem reservados à mim, Byun Baekhyun, a música é muito melhor de ser ouvida do que lida.
Mas vou parar de falar tanto sobre... coisas que não são importantes e focar na carta em si.

Se lembra quando nos conhecemos naquela aula de kung-fu? Lembro de ter dito aos meus pais num sábado;

-Quero fazer kung-fu, vi na TV, parece legal.

Meus pais se olharam e ambos riram, era como se eu houvesse contado a melhor piada do mundo.

-Não riam- eu disse- as vezes acho que nem as paredes levam a sério o que eu digo.

-Vou te levar pra fazer uma aula grátis no centro de recreação- disse minha mãe- lembra quando fui te levar pra fazer ballet?

-Não! Não lembro! Nadinha!- disse- Ainda acho que falar "balé" é mais fácil do que "ballet".

-É a mesma coisa, Baek.

-O som do "T" é estranho.

-Não se pronúncia o "T".

Eu olhei para ela.

-Não é importante, não é BALÉ que vou fazer, mãe.

No dia seguinte caminhamos até o centro de recreação, enquanto eu treinava meus movimentos ninjas que vi na TV no meio da rua, alguns carros buzinavam para eu sair da frente e minha mãe gritava para eu voltar pra calçada, Devia ter 11 anos na época.
O centro era uma construção bem peculiar, não me lembro muito de lá, mas sei que havia um cartaz bem grande da propaganda de balas de morango.
Quando entramos, damos de cara com um salão onde vários garotos pulavam e levantavam a perna, no começo não prestei muita atenção em você, até porque estava em um canto lendo uma revistinha do Aquaman.
Minha mãe me empurrou para frente e, como mágica, desapareceu. O que significava que eu deveria falar com alguém ou sair correndo pela porta.

Me arrastei pela parede nos cantos até tropeçar em você que estava no chão, não foi minha intenção bater o joelho no seu olho e arrancar um pouco de cabelo quando me apoiei em você.

-Desculpe- eu disse bem sem graça depois que soltou um gemido de dor.

-Tudo bem...

Você olhou para mim como quem pensasse: "Esse garoto é bem estranho, espero que não tenha deixado um buraco sem cabelo na minha cabeça". Tudo bem, eu não deixei, Tao.
Vi que você estava vestido com um tipo de roupa larga e sapatilhas com fitas estranhas. Parecia um monge... Só que com cabelo.

-Você faz Kung-fu?- perguntei.

Você balançou a cabeça e voltou a olhar para a revistinha. Admito que estava bem nervoso, me arrependendo de estar ali, mas você sabe como sou e como costumo agir em situações como essa. Da pior maneira possível.
Me sentei ao seu lado.

-Também faço- menti- me chamam de Prodígio-do-bastão. Sou muito bom com um.

Vi você fechar a revistinha e coloca-la de lado, olhou para mim e abraçou os joelhos.

-MESMO?- Perguntou- Eu tento ser bom, mas queria melhorar.

-Calma, pequeno gafanhoto. Um dia vai ser como eu.

12 Cartas  > ExoOnde histórias criam vida. Descubra agora