Capítulo VII

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- O-O que esta fazendo? - A voz grossa fez Zheine estremecer levemente. Por momentos pensou se não seria outra vez o seu cérebro a pregar-lhe partidas, mas a sensação de que estava ali alguém era demasiado forte para ser algo da sua imaginação. Olhou para trás de si, deparando-se com Guilherme a olhá-la calmamente, mas também de forma curiosa, especialmente ao observar as bochechas da rapariga a ficarem cada vez mais e mais vermelhas. Puniu-se mentalmente por não estar com a câmara nas mãos para lhe tirar umas fotos. E por falar em fotografias, será que ela tinha visto alguma das que tinha guardado na mochila? Implorava, na sua cabeça, a todos os deuses que ela não as tivesse olhado.

-E-eu... Ah! E-eu precisava das coisas... Anotações para a aula. - Respondeu, dando um sorriso fraco. Não que a culpa fosse sua. A única coisa que a impedia de ver Guilherme nu era a toalha que envolvia a cintura do mesmo. O rapaz havia mesmo agora saído do banho e ainda tinha pequenas gotas de água a escorrer-lhe pelo tronco. Não era nenhum daqueles troncos de ginásio ou dos filmes, mas era definido o suficiente e com a estrutura certa para as raparigas se perderem a observá-lo. - Ah... A professora. é exigente e tal... Eu precisava mesmo das anotações, não dava para esperar, deves saber como é... Ah... Importas-te de vestir algo??? - Questionou, escondendo o rosto vermelho com a mão, ao mesmo tempo que lhe estendia um par de calças qualquer.

Só ai o rapaz se lembrou da sua falta de roupa, corando também ele e pegando nas calças de ganga que a rapariga lhe estendia, que acabaram por realmente serem as suas e vestiu-as apressado, virado de costas enquanto a mesma ainda tapava os olhos com a mão, por mais que parte do seu cérebro lhe dissesse para parar com aquela atitude inocente e aproveitar a vida para olhar o que era belo, bonito e merecia ser visto.

-Eu... Eu preciso das anotações para a apresentação com a Lou! - Desta vez também Gui estava corado pela situação constrangedora.

-Ah... - Zhe abre o caderno rapidamente, tendo o cuidado para o rapaz não ver e arranca as folhas com desenhos, colocando-as apressada no bolso. - Pronto, problema resolvido. - Disse, abrindo um sorriso fraco e estendendo-lhe o caderno.

-Obrigado...

Um grunhido pequeno, uma mistura de um grito baixo e grosso com um queixume soa, vindo dos chuveiros. Preocupados, Zheine e Guilherme correm para lá, olhando para os chuveiros, de onde um rapaz saia arrepiado, dizendo uma data de palavrões seguidos, insultando a água e logo virando-se para onde os dois estavam.

-Uououou! - Exclamou, voltando a esconder-se dentro de um dos cubículos do chuveiro ao mesmo tempo que Zheine se virava de costas exclamando um alto pedido de desculpas.

-O que se passou? - Gui perguntou, aproximando-se do chuveiro onde o rapaz estava antes e examinando o local.

-Nada demais. A água ficou a ferver do nada, tipo, super quente mesmo. Quase que me queimava ali em baixo.

Gui levou a mão para baixo do chuveiro, deixando a água cair sobre esta. Estava quente, mas a arrefecer.

-Deve... Deve ser um problema na caldeira. Nada de mais... - Gui disse, abandonando os chuveiros, não prestando atenção ao que rapaz disse a seguir. Dirigiu-se à sua mochila, tirando as suas roupas e vestindo-se apressado.

-O que se passa? - Zheine reparou, contra a vontade do mesmo, a sua atitude estranha.

-Nada. - Guilherme disse rapidamente, arrumando tudo e pondo na mochila, saindo do balneário para fora.

-Não me mintas! - a ruiva agarrou-lhe o braço, impedindo-o de avançar mais.

-Não importa.

-Guilherme, conta-me! - A voz da rapariga saiu dura demais em um tom de ordem, firme e cheio de confiança, acabando por fazer o rapaz hesitar, mordendo o lábio. Olhou para trás, fitando Zheine nos olhos.

Arua: The Last SacrificeOnde histórias criam vida. Descubra agora