Capítulo VIII

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Uma voz do outro lado da porta soou, com um tom de indignação, e talvez com um toque de aversão, já que claramente não era uma situação ao qual qualquer um pudesse estar acostumado. Nenhum aluno em sã consciência se atreveria a andar pelo biblioteca depois do toque de recolher, ainda mais se acreditassem em superstições e nas histórias medíocres que inventavam sobre o local. A voz era grossa e tinha uma tom superno, o que indicava que não era um aluno ali, mas à aquela altura, qualquer um que as pudesse ajudar seria bem vindo, até mesmo um funcionário do internato.

- Não conseguimos sair! - avisou Audrey, sem hesitar em nenhum momento. Estava apressada para sair dali, qualquer segundo era indispensável, ainda mais quando a sanidade de todas ali estava sendo posta á prova.

Do outro lado, o homem tentava abrir a porta, e no entanto apenas a maçaneta podia ser movimentada, pois a tranca ainda estava fechada. Um leve soar de metais pode ser ouvido, o que indica que ele possuía o molho de chaves de todas as salas, o que tornou ainda mais evidente de que ele não era um aluno. Não obstante, parecia que nenhuma conseguia destravar a tranca.

- Droga! - esbravejou o homem - Afastem-se da porta! - ordenou.

Nenhuma hesitou em se afastar imediatamente, sem propagar enrolações desnecessárias naquele momento tão amedrontador. O barulho dos livros ainda podia ser ouvido, como se o som que estava os propagando estivesse se aproximando cada vez mais do grupo Ouviram fortes batidas, ele estava tentando arrombar a porta, primeiro com pontapés, que por sinal estavam surtindo um efeito inútil, mas logo depois optou por usar a força do corpo inteiro. Após longas tentativas, ouve-se uma das dobradiças se romper, e em um último golpe ele consegue arrombar, apenas escutando o forte e alto som da madeira se chocando contra o chão. O homem em questão, era um dos vigias do andar, estava com a expressão, não de aversão, mas de imparcialidade, como se não houvesse qualquer tipo de preocupação ou estranheza em sua face. Seus olhos estavam fixos nas garotas, analisando cada detalhe que pudesse perceber, mas logo dirigiu seu olhar para o local á sua volta, muitos livros estavam no chão, uma bagunça colossal, por assim dizer. Talvez até pudesse crer na possibilidade de uma tornado ter ocorrido no local.

- O que aconteceu aqui? - questionou ele, sem demoras e apesar de todo o esforço, não demonstrou nenhum tipo de cansaço.

- Perseguidos... - sussurrou Suzan - Eles não vão nos deixar em paz...

A expressão da loira era aterradora, o tremor em seu corpo, os olhos paralisados, a boca semi-aberta recusando-se a falar palavras mais completas ou com qualquer tipo de nexo.

- Como? - indagou o vigia, no entanto, sem qualquer tipo de expressão.

- Vamos morrer... - respondeu, mantendo os olhos fixados para o nada, como se esperasse que algo aparecesse ali, ou... Como se realmente algo estivesse ali.

- Saiam! - ordenou o vigia. Nem precisou falar duas vezes, todas rapidamente deixaram a biblioteca, esperando o rapaz terminar de averiguar lá dentro. E apesar do que via, ele não parecia surpreso, toda aquela bagunça e seis alunas presas dentro da biblioteca à quase acordarem a escola inteira com seus gritos e berros desesperados. Ele voltou para o lado de fora, onde elas se encontravam ainda dando longos suspiros de alívio, olhou cada uma nos olhos, esperando que alguém começasse a explicar o que havia acontecido.

- O que houve ali dentro? - perguntou. Seu porte era alto e forte, e parecia realmente dispor uma força realmente muito grande para poder ter derrubado a porta.

O grupo de Suzan recusava-se a dizer uma só palavra, estavam com medo de ficarem encrencadas, mas também não sabia explicar o que havia acontecido. Aliás, não tinham a mínima ideia sobre qual palavras deveriam usar para descrever o que haviam visto.

Arua: The Last SacrificeOnde histórias criam vida. Descubra agora