Prólogo

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Estamos atrasados. E o Sr Michel não parece muito preocupado. Deve estar acostumado a voar. Principalmente de helicóptero. Principalmente em tempestades.

- Nossa, como isso balança!
Nunca tinha visto um helicóptero treptar tanto. Treptar? Estamos chaqualando tanto que nem sei por que ainda não caímos.

Digo isso me assegurando firmemente ao meu acento. Não consigo disfarçar o meu medo. Meus dentes cerrados e meus olhos espremidos denunciam o pavor que sinto.

Copiloto - Não se preocupe Sr Kennedy, nosso piloto é um dos melhores do país.

- Claro.
Nada de claro, penso eu. Não me confortou nem um pouco o que diz o rapaz de óculos enormes. Os meus pensamentos são confusos. Só me vem a imagem delas na cabeça.

Sinto um frio no estômago. O frio parece subir a garganta me sufocando. A pressão que sinto no peito é tão grande. O coração parece não caber mais lá dentro. Querendo sair pra fora.

Minhas queridas, será que vou vê-las novamente. Será que vou poder dizer que as amo outra vez? Mil coisas desagradáveis vem a minha mente.
Pare com isso Kennedy!
Não é minha hora. Não aqui. Não assim.

O Sr. Michel não deve ser desse mundo. Como pode ficar tão calmo. Não numa hora dessas. A tempestade está prestes a nós devorar e ele a deixar seu corpo ser jogado de um lado para outro. Como se nada demais houvesse ali.

Ele começa me passar calma.
Depois dessa ultima sacudida.

A mais forte.

Em fim.

calmaria.

Copiloto - Vamos informar a nossa posição e pedir uma carona por terra.

Não me lembro de ter ficado tão feliz na vida. Só no nascimento de Carla. Não acredito. Vou ver minha esposa e minha filha denovo.

- Estamos seguros agora?
Desafino a voz. Não escondo o incomodo. Eu não queria está ali. A viagem era importante. A reunião essencial para o futuro da empresa. E que futuro nos aguarda?

Michel - Fique tranquilo, meu amigo! Logo estaremos em terra firme.

- MEU DEUS!!!

Dessa vez sacudiu muito forte. Vejo luzes vermelhas piscarem no painel da aeronave. Parecemos mudar de direção varia vezes. Tenho sensação de cairmos.

- O que foi isso!?
Meu coração dispara. Me falta o ar. Me seguro como posso. O Sr Michel agora apavorado, aregalados os olhos não se contém em si.
Vendo essa cena fico perdido. Meu porto seguro se foi.

Agora é cada um por si. Quem nos confortará?
Sr Michel?
Não!
O copiloto?
Não!
Eu?
Menos ainda!
O piloto?
O Piloto???
- O PILOTO!!!

Eu grito desesperado. Ele está com cabeça enterrada no painel. Dessa vez sim. Vamos morrer. Começo minhas orações enquanto devoro minhas lembranças.
Minha filha.
Minha mulher.
Minha família querida.

Michel - Vamos morrer! Vamos morrer!
Sim é verdade. Aguardamos a morte iminente e isso não está certo. Não é minha hora. Não agora!

- Faça alguma coisa pelo amor de Deus!!!
Copiloto - Vamos bater!!!
Aí.... Oh Deus...
É uma torre metálica na nossa frente. O copiloto vira a aeronave. Sinto o giro que fizemos. E vejo a torre dar a volta pela janela.

A luz do farol do helicóptero ganha forma nas gotas de chuva.
O metal gelado que reflete na minha garganta a angústia ali presa.

Pânico...

Barulho...

Impacto...

Explosão...

Estamos agora a mercer da morte. A calda já era! Agora não importa. Pedaços e estilhaços por todos os lados.

O barulho do motor enfraquecido, falha perdendo força. Levando junto até a nossa última gota de esperança.
Estamos cain... do.
É o fim...

NA MANHÃ SEGUINTE

- Você deve ser Kall.
Kall - Sim, detetive. Sou perito de campo.
- O que temos aqui meu jovem?

Kall - Acidente aéreo. Helicóptero descontrolado. Até agora 3 vítimas fatais. A aeronave se chocou com a Torre. Parece absurdo, mas acho que foi isso que a derrubou.

Olho em volta. Vejo os estilhaços e restos da carcaça da cabine. A torre é enorme. Era ainda mais alta quando de pé.

- Ainda bem que a torre ficá longe das residências.
- Delegado.
Delegado - Detetive!
- Você me disse que decolaram 4 pessoas?

Delegado - Sim, o desaparecido é provavelmente o copiloto.
Kall - Sem identificação dos corpos Sr. Será que foi acidente provocado pela tempestade?

- Duvido.
Kall - Você tem outra suspeita?
- Temos que apurar melhor os fatos. Alguma coisa não está batendo.
Derrepente ouso uma voz feminina gritar meu nome. Me viro rapidamente para ver de quem se trata.
Mulher - DETETIVE JHON!!!

Memórias Ocultas - #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora