Capítulo 18 - Se o amor fosse uma cor

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Minha torcida secreta para que meu momento e de Rafael não acabasse tão cedo não havia sido tão forte assim, afinal, fomos interrompidos segundos depois por uma garotinha totalmente barulhenta que trajava um lindo vestido amarelo.

- Vocês me disseram que não eram um casal! - Clarice dizia de braços cruzados, batendo um de seus pezinhos impacientes no chão.

Enquanto seu olhar de jabuticaba nos encarava de forma severa, eu e Rafael tentávamos manter a compostura diante do flagrante, havíamos levado um susto com a sua chegada tão barulhenta, mas não tivemos tempo de desvencilharmos um do outro para que ela não pudesse ter visto o quão próximo os lábios de Rafael estavam de meu ombro e como suas mãos estavam atarracadas em minha cintura.

Rafael tossiu de forma fingida, segurando um riso que insistia em formar uma curva suave em seus lábios.

- Não sei se você sabe Clarice, mas seria de bom tom a senhorita bater na porta antes de entrar. - ele dizia de forma séria.

- Por favor tio Rafa, não me venha com essas besteiras sobre falta de educação, a porta nem estava totalmente fechada - ela dizia ainda com os braços cruzados, mas um sorriso travesso se tornava presente em seus lábios miúdos - Agora podem me contar a verdade, quer dizer, não precisam me contar nada, eu já vi com meus próprios olhos mesmo.

- Eu não sei do que você está falando Clarice, você sabe do que ela está falando Júlia Medeiros? - Rafael dizia agora olhando em minha direção de forma divertida.

- Claro que não sei, Clarice é tão esperta, mas as vezes fala coisas tão confusas - eu disse entrando na brincadeira de Rafael, envolvendo meus braços no dele, que me aguardavam ansiosos.

- Eu posso ser uma criança que não sabe muito bem das coisas, mas os únicos confusos aqui são vocês dois - ela disse rindo - Agora vamos logo, o casamento vai começar em cinco minutos! - ela disse de forma apressada e não demorou muito para sair às pressas do quarto deixando-nos a sós novamente.

Eu e Rafael trocamos um sorriso cúmplice, seu olhar castanho escuro encarava os meus de forma curiosa.

- Sobre o que estávamos falando antes de sermos interrompidos pelo furacão Clarice? - ele perguntou ainda sorrindo.

- Sobre irmos devagar... - eu disse desviando os olhos dos dele.

- Você decidiu qual das duas formas devagar que você deseja? - ele perguntou e mesmo eu não olhando em sua direção pude sentir seus olhos me fitarem.

- Podemos conversar sobre isso outra hora? Acredito que tem um casamento maravilhoso para ser celebrado aguardando a nossa presença.

- Você tem razão Júlia Medeiros, não gostaria de perder o casamento de meu irmão por nada nesse mundo, mas depois que toda festa acabar eu gostaria de retomar exatamente de onde parei há alguns minutos atrás, é claro, se você me permitir. - ele disse de forma lenta, desmanchando toda a compostura que eu havia criado.

- Rafael... - eu disse o olhando em reprovação.

- Acho que não mencionei o quão elegante você está Júlia Medeiros, essa sua trança jogada para o lado direito, seu pescoço e ombros de fora, seu vestido azul que ficou tão bem em seu corpo... - ele dizia parecendo me admirar, soltou seu braço do meu, pegou em minha mão e me girou de forma lenta - Você está encantadora!

- Obrigada, é muita gentileza da sua parte - eu sorri, fazendo um gesto de cumprimento segurando a lateral do meu vestido - Porém, você já havia me elogiado antes dos acontecimentos anteriores.

- Ora essas, dois elogios no mesmo dia e feitos pelo mesmo cara? Júlia Medeiros, parece que alguém está realmente afim de você! - ele disse rindo.

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