Primeiro Amor

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Quando criança eu via muitos contos de fadas, onde as princesas sempre estavam em perigo, como a Cinderela sendo escravizada por uma madrasta má, a Rapunzel presa no alto de uma torre, a Branca de Neve sendo envenenada por uma maçã, a Bela Adormecida condenada ao sono profundo ao se furar em uma agulha...

E o que todas tem em comum?

Elas foram salvas por um príncipe encantado, se apaixonam e tiveram um final feliz.

Ao que me lembro também, foi o primeiro amor de cada uma delas...

Como isso é injusto. Queria eu ser liberta dos dragões por um cavalheiro armado de amor.

Eu havia encontrado meu príncipe, meu cavalheiro, meu salvador. Porém, o vento o levou de mim, assim tão fácil como o trouxe.

Meu conto real nem ao menos pôde ter um verdadeiro começo, pois o fim já estava escrito com antecedência. Mesmo assim me senti mais importante do que a "Bela" naquele momento, pois foi de verdade, porém ela teve mais sorte que eu... ela teve um "felizes para sempre" no final da história.

Meu salvador, ele... ele mesmo tratou de me entregar ao perigo e a dor após me salvar. Ele me tirou de um lago de jacarés e me jogou em uma jaula de leões famintos. Aproveitou o quanto pode da princesa indefesa e após receber pelo resgate se desfez de meu amor.

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Desço do avião colocando meus pés em terra firme. Cheguei em minha cidade natal, onde eu nasci, cresci e aprendi muitas coisas. Oh, senti falta de tantos momentos bons vividos por mim aqui... Embora também tenho vontade de esquecer muita coisa também.

Pego minhas malas e me apresso a chamar um táxi, tenho pressa em rever mamãe e Lucy e também descansar. Há um ano eu não venho as visitar, estou me corroendo de saudades.

Olho pela janela admirando a paisagem que eu tanto conheço, um sorriso se forma em meus lábios com cada lembrança que tenho a cada lugar que revejo. São como um tesouro guardado em um baú na minha cabeça, coisas preciosas, velhas memorias.

Eu voltei para casa para passar as férias de verão e também para o casamento de minha prima Beth. Eu adoro casamentos, fico fantasiando como seria o meu um dia, se é que irei me casar. A celebração acontecerá hoje à noite, logo após terá uma pequena comemoração, onde eu me afundarei nos doces feito uma formiga.

Sorrio quando enfim vejo que chegamos em minha casa, que por sinal esta muito bem, me parece que foi pintada recentemente em um tom pêssego. Saio do táxi após pagar a pequena viagem e espero o taxista pegar minhas malas.

- Obrigado senhor - o agradeço e arrasto meus pertences até a entrada de casa. Passo pelo portão que estava aberto - vejo que já estão à minha espera - e dou três toques na porta de madeira marrom esperando ser recebida por abraços e beijos de minha família.

- Leona! - sorri mamãe ao abrir a porta e me ver. - Como você cresceu filha? Nem parece que foi apenas um ano! - me abraçou forte.

- Já faz algum tempo que eu parei de crescer mamãe, é só impressão sua. - Nos separamos. - Tive tantas saudades dona Naomi. - Ela me ajudou com as malas e me disse que em poucos minutos o almoço estaria pronto. Eu pensei em dormir um pouco, porém o cheiro que vinha da cozinha me fez perder o sono e despertou o alarme de meu estômago que logo começou a roncar. - Também tive saudades de sua comida. - Ambas rimos, fui até a cozinha vendo que ela estava fazendo strogonoff, meu prato favorito.

- Leona! - Ouço a voz de minha irmã, Lucy, ela é mais nova que eu, quando morávamos as duas aqui brigávamos na maior parte do tempo, porém sempre que alguma de nós precisávamos de um ombro amigo nós nos ajudávamos, até hoje na verdade ligamos uma para outra para desabafar quando preciso.

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