Strike

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- Connor! Você tá me ouvindo peste?!

- Claro... o que é Hailey?

- Vamos jogar boliche comigo!

- Não posso. Estou trabalhando, sabe.

- Mas, Connor! Você trabalha no maldito boliche e não pode brincar nem um pouco?!

Suspiro, Hailey é minha melhor amiga, e eu já devia estar acostumado com o jeito dela, mas as vezes é demais para mim.

- Olha só, senhorita loira burra, eu não posso brincar no meu horário de trabalho. Entendeu? Chama o Cas e brinca com ele.

- Connor! Eu não sou burra! - Ela coloca as mãos em punho na cintura enquanto me afasto. - Volta aqui!

Hailey me segue por todo o boliche, me azucrinando para brincar com ela. Tento ignorá-la, e quando estou a ponto de explodir, Cas aparece para me salvar.

- Ô lorona! - grita como se fosse alguém do interior.

- Cas! O que está acontecendo?! Vocês tiraram o dia para me atormentar foi?

Minha risada só serve para irritá-la ainda mais. Hailey odeia ser chamada de burra ou lorona, e é exatamente por isso que a chamamos assim. Mas eu tenho a vantagem de não ser o namorado dela. Já o Cas...

- Pára, Hailey! - diz enquanto desvia dos tapas que outrora acertariam seu rosto.

- Vocês dois - ela aponta para nós -, merecem ser espancados! Idiotas! - Sua paciência parece ter se esgotado. Ela bufa e sai sem dizer para onde vai.

- Hailey! Que droga. Connor, vai lá atrás dela, please?

- Cas, olha o seu tamanho. Se você não for capaz de segurar aquela baixinha e arrastá-la de volta, eu que não sou.

Ele revira os olhos e coloca as mãos atrás da cabeça. As vezes eu me sinto muito pequeno e feio perto do Cas. Sua pele morena e tamanho demasiado grande eliminam a minha "beleza exótica de ruivinho", como Hailey chama.

Não me surpreende que ela o tenha escolhido para namorar. O clássico clichê de "a loira e o negro". Não que eu me incomode, eles são meus melhores amigos, quem tem um problema são os pais do Cas. Mesmo que ele não admita, nós sabemos.

- Connor, você acha que a Hailey está assim por causa de ontem?

- Não, cara. Não esquenta com isso. Você sabe que ela não liga pra eles.

- Não sei não, ela está muito estranha. Tipo, minha mãe convidou ela para jantar só pra fazer aquilo?

- Vamos lá Cas - dou uma batidinha no seu braço -, a Hailey é louca por você. Ela está no máximo um pouco triste. Não é todo dia que a sogra dela a chama de patricinha, e diz para ela terminar com você porque "eu não permitirei que meu filho namore uma branquela!"

Ele encara o chão e fala:

- Eu estou pensando em terminar.

- O quê?! Porquê?! Cas, ficou doido?

- Ah, Connor. Eu só a faço sofrer. E meus pais não aprovam.

- Mas os pais dela são super de boa. Eles te adoram também. E você já tem vinte anos, seus pais não mandam mais em você.

- É. Os pais dela são demais... ela é demais...

Deixo Cas perdido nos seus pensamentos enquanto procuro por Stella. Ah, a razão da minha inquietação no último ano inteiro. E hoje, nossa, não é diferente. Aquela legging preta, o moletom vermelho e óculos sexy estão me tirando do sério.

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